Linha do Oeste que o governo quis encerrar aumentou o número de passageiros e reduziu o custos

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comboiosAté ao final do ano a taxa de crescimento entre Caldas da Rainha e Coimbra (cujo troço o governo queria fechar ao serviço de passageiros) deverá atingir um índice de crescimento de 158% face a 2011. Este o resultado de se terem mudado os horários para dar ligação à linha do Norte em Coimbra em vez de manter os comboios para a Figueira da Foz.

Na campanha eleitoral a linha tem sido palco nas últimas semanas de acções do BE, CDU, Livres/Tempo de Avançar e PDR. Os candidatos dos partidos que se têm alternado no poder (PS, PSD e CDS/PP) e que nos últimos 30 anos nada fizeram pela modernização da linha do Oeste, desta vez evitaram andar sobre carris.

Carlos Cipriano

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cc@gazetadascaldas.pt

O estudo que o especialista caldense Nelson Oliveira apresentou em 2012 para evitar o encerramento da linha do Oeste a norte das Caldas da Rainha preconizava quatro medidas para salvar este eixo ferroviário. Só um foi implementado. Mesmo assim, três anos depois, a procura disparou e, só entre Caldas e Coimbra, o aumento deverá ser de 158% até ao fim do ano, se se mantiver o número médio de passageiros que se verificaram nos primeiros oito meses de 2015.

As medidas implementadas eram muito simples e defendidas pela Gazeta das Caldas há mais de 20 anos: os comboios deveriam ir para Coimbra (onde há ligações à linha do Norte) e não para a Figueira da Foz.

Paralelamente, Nelson Oliveira propôs uma melhor gestão do material circulante que fez reduzir os custos da CP em toda a linha do Oeste. Estes eram de 7,3 milhões de euros em 2011 e passaram a 5,7 milhões em 2014.

As outras quatro medidas ficaram por fazer. As ligações rodoviárias entre as estações e as localidades que foram prometidas pelos autarcas ficaram por fazer. Uma não medida que prejudicou essencialmente Alcobaça e Nazaré, bem como Leiria que continua sem boas ligações em autocarro para a estação.

Também não se fez nenhum promoção da linha do Oeste, como preconizava o estudo realizado. E também não foi respeitada outra das medidas que era a continuidade do serviço nas Caldas da Rainha. Pelo contrário, a CP insiste em tratar mal o seus clientes obrigando-os a mudar de comboio nas Caldas, o que se traduz no desincentivo para o modo ferroviário que deve oferecer viagens directas e sem rupturas de carga.

Apesar de tudo isto, e em termos globais, a procura da linha do Oeste aumentou 122% desde 2012, percentagem que sobe aos 158% se se considerar só o troço a norte das Caldas.

Em termos de receita para a CP este aumento foi mais do que proporcional porque antes os comboios iam para Figueira da Foz e agora vão para Coimbra, o que representa mais PK (passageiros x quilómetros) percorridos. E há ainda o efeito induzido pela maior procura na linha do Norte, nas ligações a Aveiro e Porto, pelos passageiros vindos do Oeste.

MODERNIZAÇÃO NÃO ESTÁ ASSEGURADA

Apesar das promessas feitas pelo governo e de responsáveis do PSD darem por garantido que a linha do Oeste vai ser modernizada porque consta do Plano Estratégico de Infraestruturas, nada garante que o investimento avance. Não foi lançado ainda qualquer concurso público e a Infraestruturas de Portugal (antiga Refer) não nomeou nenhum gestor de projecto.

Tudo normal: há mais de 30 anos que se anuncia a modernização da linha do Oeste para a próxima legislatura.

Em Maio de 2011 a então deputada do CDS/PP, Assunção Cristas, viajou de comboio com uma comitiva do seu partido entre Leiria e Caldas da Rainha numa acção de campanha eleitoral. O objectivo era reivindicar a modernização da linha do Oeste e protestar pelo então governo PS nada ter feito por este corredor ferroviário. Em Junho desse ano houve eleições, a deputada passa a ministra e é o seu governo que em Outubro do mesmo ano decide fechar a linha a norte das Caldas da Rainha.

Hoje esse troço aumentou a procura e a receita e reduziu os prejuízos.

Quatro anos depois, nem o PSD nem o CDS fizeram ainda campanha eleitoral em comboio, mas a modernização da linha do Oeste continua (na verdade desde há 30 anos) como uma das promessas mais reiteradas de todos os partidos. Só nos últimos dez dias PDR, BE, Livre/Tempo de Avançar e CDU fizeram já acções de campanha em que os candidatos viajaram de comboio nesta linha.

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