O mercado francófono é o responsável por grande parte do negócio do imobiliário na região Oeste. A maioria procura moradias entre os 200 e os 300 mil euros. Os clientes estão acima dos 55 anos e são da classe média, sendo que a maioria vende a sua casa em França para vir para Portugal
“O mercado francófono é o mais importante na região”, quem o diz é Jorge Alves, agente imobiliário que está no mercado há 19 anos. Para comprovar esta ideia basta constatar o número de pessoas a falar francês ao sábado de manhã na Rua das Montras. “O grande problema actual no mercado é a falta de produto que advém do boom imobiliário, que levou ao inflacionamento dos preços”, diz Jorge Alves, que é sócio-gerente da France.Pt, uma empresa que nasceu em França, mas que se mudou para Portugal e que se dedica quase exclusivamente ao mercado francófono (Bélgica, França e Suíça), onde “cerca de 90% dos clientes procuram moradias, numa faixa de 10 a 15 quilómetros da praia e em zonas com poucas curvas”, explicou. No Oeste a preferência vai para as zonas de Lourinhã, Peniche, Óbidos, São Martinho do Porto e Nazaré. Nas Caldas procuram essencialmente a periferia. Contrariamente à ideia que muitas pessoas têm, não são os milionários franceses quem procura esta região. “Normalmente são pessoas da classe média ou média-alta francesa”, esclarece. Enquanto os franceses têm um plafond médio entre os 200 e os 300 mil euros, enquanto os ingleses vêm, na generalidade, com mais dinheiro (entre os 350 e os 450 mil euros). Mas nada desses valores entram na conta quando se fala da Foz do Arelho e da faixa junto ao mar. Aí as casas rondam os 700 mil euros. Só os lotes estão acima dos 300 mil euros. “No Oeste o grosso dos clientes são reformados ou em situação de pré-reforma, creio que apenas um em cada 30 terá menos de 55 anos”, explica Jorge Alves. A sua agência foi-se adaptando para dar resposta às necessidades. “Aquilo que fazemos é a relocação das pessoas de um país para o outro, pelo que temos de fazer tudo para que sintam mais em casa aqui do que lá”, explica. Nesse sentido, o serviço que presta é diferente. “Trabalhamos sem placas e não estamos presentes em sites e não procuramos compradores cá, só vendedores”, faz notar. O que esta empresa faz é reunir os imóveis para venda e “exportar” a informação sobre eles para França, onde uma das sócias a apresenta a fundos de investimento, bancos e mediadoras parceiras. Depois, os interessados viajam até Portugal e são recebidos no aeroporto. “Passamos, no mínimo, três dias com eles”, esclarece. O primeiro é para mostrar a região, até porque “grande parte deles nunca cá passou um dia”. O segundo dia é destinado a ver casas e o terceiro a tratar das burocracias e a fechar o negócio. Este método, exigente para quem vende, tem ainda a desvantagem de não permitir negociar com tantos clientes, mas também tem vantagens. “Temos uma taxa de fecho de negócio entre os 80 e os 90%”, faz notar. A maior parte dos clientes são de duas zonas: a Norte, da Bretanha e Alsácia, mais devido ao clima e a Sul, na zona de Marselha, Nice e Cannes devido à segurança e aos impostos mais baixos. Depois há ainda clientes de Paris, mas estes mais destinados a segunda habitação ou investimentos. Jorge Alves mostra-se actalmente preocupado com o impacto que a proposta para taxar as pensões estrangeiras poderá ter no sector, assim como a questão dos vistos Gold.