Seguradora da economia social direccionada para a pesca e para as actividades de turismo marítimo anunciou medidas de apoio aos sectores onde actua em resposta à crise pandémica. Pescadores continuam à espera das medidas de apoio do
governo e temem pelo futuro das empresas do sector.
A seguradora Mútua dos Pescadores suspendeu a obrigação de pagamento dos seus seguros por um período de 90 dias, como resposta às dificuldades dos seus segurados face à crise associada à pandemia de Covid-19.
A seguradora da economia social apoia a medida “na sua solidez financeira” e “na sua história na protecção dos riscos de pessoas e bens”.
A decisão, permita aos tomadores de seguros “pagarem apenas após o retomar da sua actividade no fim da crise de saúde pública que o país e o mundo atravessam”, acrescenta aquela entidade.
Numa altura de dificuldades acrescidas para o sector das pescas, a seguradora portuguesa sob a forma de cooperativa, “assume o seu papel enquanto entidade da Economia Social, e os seus valores cooperativos, colocando sempre a sua actividade ao serviço das pessoas e das entidades que consigo trabalham”, refere a Mútua.
A seguradora faz notar que as medidas agora anunciadas não são novas para os armadores da pesca profissional, “que há muito conhecem as políticas de subscrição e pagamento de seguros realizadas pela Mútua, bem como o apoio institucional às diversas preocupações do sector”.
No entanto, a cooperativa de seguros acrescenta que a medida terá igualmente “um impacto determinante” na actividade marítima ligada ao turismo, ao diminuir os encargos de um sector que estaria, nesta altura do ano, a retomar níveis de dinâmica mais elevados com o final do Inverno.
PROFISSIONAIS QUEIXAM-SE QUE AS MEDIDAS TARDAM
Entretanto, nesta fase de crise no sector das pescas, os profissionais do sector continuam a pedir medidas de protecção ao governo.
O presidente da Associação dos Armadores de Pescas Industriais, Pedro Jorge Silva, disse à RTP que “seria bom que o governo passasse à prática os anúncios que fez de apoios ao sector, nomeadamente as linhas de crédito”.
O dirigente realçou que os pescadores e armadores também têm dificuldade em escoar o que pescam, e que já são muitas as embarcações que estão paradas há três meses.
Pedro Jorge Silva disse que as empresas que estão em maior risco são as que fornecem o marisco e o peixe mais caro para hotéis, restaurantes e para o mercado espanhol.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca da região centro, Alexandre Caneira, voltou a apelar à fixação de um preço mínimo para a primeira venda do pescado e para o fim do limite de seis meses para o fundo de apoio à cessação de actividade, garantindo que esse limite é insuficiente. O dirigente sindical alertou ainda que não concorda com a abertura de linhas de crédito, alegando que as empresas não têm capacidade para se endividarem, uma vez que não terão capacidade para conseguir pagar esses créditos.
Alexandre Caneira adiantou que houve desvalorização de espécies que mantinham a frota, como o robalo e a dourada, acrescentando que é sobretudo a pesca do carapau é a que está a manter a actividade do sector.