O silêncio do governo sobre a linha do Oeste

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A anunciada meia modernização da linha do Oeste (entre Meleças e Caldas da Rainha) continua a não passar disso mesmo – um repetido anúncio por parte do governo. Gazeta das Caldas questionou o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas sobre quando será lançado o concurso público para este projecto, mas não obteve resposta.
Entretanto, no terreno, o serviço prestado pela CP na linha do Oeste continua deplorável, apesar de terem sido retomados, desde 4 de Novembro, os horários que tinham sido suspensos em Agosto. Agora há mais comboios, mas ainda na passada terça-feira foram suprimidos dois comboios e um outro, por avaria da automotora, chegou a Lisboa com 1 hora e meia de atraso.

 

A modernização da linha do Oeste entre Meleças e Caldas da Rainha deveria ter entrado em fase de contratação da construção entre o 1º trimestre o 3º trimestre de 2017. A construção deveria ter começado no final de 2017. É isto que consta de um documento oficial do governo – Plano de Investimentos Ferrovia 2020 – anunciado com pompa e circunstância pelo governo em Fevereiro de 2016. Na altura, perante a comunicação social presente na sede da Infraestruturas de Portugal, no Pragal, o ministro Pedro Marques assegurou que este era um plano bem feito, bem estudado e que era para cumprir.
Quase três anos depois está à vista que alguém não fez bem o trabalho de casa, ou então que alguém mentiu deliberadamente. A maioria dos projectos ainda não arrancou sendo um deles o da Linha do Oeste que já soma três anos de atraso.

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O ministro Pedro Marques, porém, não entende que deva quaisquer explicações sobre as razões deste atraso. Desde 15 de Outubro que a Gazeta das Caldas tem enviado sucessivos e-mails ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas sobre a modernização da linha do Oeste, tendo obtido como resposta apenas um ruidoso silêncio.
Enquanto isto, no terreno, isto é, nos carris, a CP vai gerindo as supressões conforme pode. Desde o dia 4 de Novembro que vieram do Douro três automotoras espanholas (alugadas à Renfe) para reforçar o serviço na linha do Oeste. Mas toda a gente sabe que a pior coisa que pode acontecer a um serviço de transportes é a sua falta de fiabilidade. Com as sucessivas mudanças no seu horário, a CP tem perdido passageiros, os quais deixaram de confiar no sistema ferroviário. A linha do Oeste continua, assim, a definhar.
Ainda na passada terça-feira, dois dias depois da entrada dos novos horários, foi suprimido um comboio entre Lisboa e Caldas da Rainha e outro entre Caldas da Rainha e Leiria. No mesmo dia uma automotora avariou e chegou a Lisboa com 85 minutos de atraso.
Acresce que a CP continua a não assegurar transbordo alternativo aos comboios que suprime, pelos que as pessoas cada vez confiam menos no serviço, uma vez que ficam nas estações e apeadeiros à espera de uma composição que não chega.
Por outro lado, a política de comunicação da empresa tem sido quase nula na região Oeste. Uma empresa pode ter reais problemas de falta de material circulante, mas ser pró-activa em termos de comunicação com o público. Mas a CP acha que não deve comunicar nem explicar às populações que serve (ou deveria servir) dos concelhos do Oeste as alterações de horários e os problemas que tem com as automotoras e a sua manutenção. Esta postura majestática poderá sair-lhe cara.

 

As perguntas que o ministro Pedro Marques não responde

 

Que razões explicam que não se tenha cumprido a calendarização do Ferrovia 2020 para a linha do Oeste?

Que espera o governo para autorizar o lançamento do concurso público para a modernização da linha do Oeste? Quando será lançado?

O projecto continua a prever um ano e nove meses de obras ou, tendo em conta o atraso, haverá uma preocupação em encurtá-lo?

O governo desistiu deste projecto no Ferrovia2020 e espera “atirá-lo” para o horizonte 2030?

Quaisquer explicações complementares sobre este assunto que julguem oportunas.

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