Optimismo marca final de 2010 nas Faianças Bordallo Pinheiro

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A loja, onde chegam semanalmente centenas de pessoas, “é o melhor cliente a nível nacional” da empresa

“Vamos acabar 2010 com muito mais encomendas que 2009 e estamos optimistas para 2011”. É assim que Victor Gonçalves, o actual director da Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro faz o balanço da situação no presente momento da centenária fábrica caldense, mais de um ano e meio depois da sua aquisição por parte do Grupo Visabeira.
À frente da fábrica desde o passado mês de Novembro, o gestor diz que as encomendas vêm sobretudo do mercado externo, de países como Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra, e do mercado nacional também estão a aumentar os pedidos. A empresa prepara-se para encerrar o ano de 2010 com mais 20 a 30% das encomendas com que terminou o ano de 2009.
As grandes encomendas estão de volta, recuperaram-se “clientes antigos que estavam descontentes com a anterior administração” e está-se “a recuperar confiança, e isso é um bom sinal”. Para o responsável, “o único senão é a conjuntura” e com o aumento da taxa de IVA admite-se a subida dos preços. “É inevitável, tudo aumenta”, afirma.
Para a recuperação total, na qual o Grupo Visabeira tem esperança, é necessário um aumento de mais de 50% das encomendas, mas parecem terem ficado para trás os tempos conturbados que os trabalhadores viveram há dois anos, quando o encerramento das faianças era iminente e havia salários em atraso. Quando perguntamos a Victor Gonçalves se a nuvem negra já passou, a resposta é clara: “está a passar e em 2011 esperamos que passe completamente”.
A atitude optimista contrasta com as previsões de que 2011 será um ano negro para a economia nacional e para a vida dos portugueses. Mas o director da fábrica explica como a empresa está a conseguir dar a volta: “Com um grande trabalho dos comerciais e uma grande aposta nos nossos novos produtos”. E as novidades passam por “novas linhas, mais apelativas, mais atractivas, sem esquecer as linhas mais artísticas de Rafael Bordalo Pinheiro”. Na inovação da oferta das faianças não serão, por isso mesmo, esquecidas as peças de museu, que tantos apreciadores têm em vários pontos do mundo.
Às linhas novas juntam-se o investimento em publicidade e no marketing, com a presença na Internet, a elaboração de newsletters para clientes, entre outras acções. E internamente, a empresa sofreu várias mudanças nos últimos meses. A produção foi concentrada na unidade da Zona Industrial, promoveu-se formação para os trabalhadores, tanto ao nível dos recursos humanos como na informática, investiu-se no controlo da qualidade e no combate ao desperdício.

Inovação numa marca que “está na moda”

“Esquecer os artigos de arte Bordalo era um erro, mas temos que inovar”, defende Victor Gonçalves. E a aposta em novas linhas já deu provas de sucesso. Para este Natal foi desenhada a linha “Flocos de Neve”, mas não tardou que esta esgotasse. E outra novidade é a colecção de 12 suportes para tealights (velas pequenas), um com motivos alusivos a cada um dos meses do ano, e a concepção de novos bonecos de movimento, com personalidades e desportistas notáveis do último século.
A louça utilitária, de linhas simples, contemporânea, mas sem esquecer as linhas tradicionais, é outra aposta. “Bordalo Pinheiro inovava no tempo dele, nós temos que inovar no século XXI”, explica o responsável, que diz ter a certeza que a louça da Bordallo Pinheiro “vai voltar à mesa dos portugueses”. E o director está empenhado em fazer perceber aos portugueses que “a louça Bordallo Pinheiro é muito mais que o Zé Povinho e a couve”.
Hoje, a louça bordaliana “está na moda” e Victor Gonçalves diz que “o melhor cliente a nível nacional é a loja das Caldas da Rainha”. Desde que no final de 2008 se tornaram públicas as dificuldades que a empresa centenária atravessava, a loja passou a ser procurada não só por pessoas da região, mas também por clientes vindos de diversas partes do país, sobretudo ao fim-de-semana. A procura tem-se mantido constante, num fenómeno que Victor Gonçalves considera “impressionante”. E por isso, também a loja não foi esquecida na reorganização da empresa. Apostou-se na decoração, na qualidade dos artigos que ali se encontram e em breve será ampliada a oferta das peças de museu.
A loja, o museu e o restaurante são, de resto, as actividades que restam nas mais antigas instalações das faianças. Três espaços que são para manter.

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Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

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