Sete meses depois de detectado o problema, a CP continua sem o resolver. A linha do Oeste não tem material circulante para assegurar o serviço e desde que foi deslocada uma automotora espanhola para o Douro a fim de responder ao aumento da procura turística naquele eixo, intensificaram-se os problemas porque a frota está velha e avaria quase diariamente.
Segundo a CP – que não esconde as dificuldades e tem sido transparente na divulgação de informação sobre este problema – desde Janeiro foram feitas 156 supressões totais (comboio não efectuado em todo o seu percurso) e 99 supressões parciais (suprimido numa parte do trajecto).
Sem comboios, a empresa suprime-os e substitui-os por autocarros. O troço mais afectado é entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, mas o problema afecta toda a linha.
No domingo, 23 de Julho, a empresa teve que alugar três autocarros para substituir um regional para Leiria: um para levar os muitos passageiros que iam para a praia para S. Martinho, outro directo para Leiria e outro para servir as paragens intermédias.
Na semana passada uma automotora Allan teve um incêndio no motor e lá teve a CP que fazer transbordo por autocarro.
Contudo, muitas vezes há comboios para os quais a empresa não assegura transbordo rodoviário. Pelo menos numa das vezes porque a CP não conseguiu alugar dado que a Rodoviária não tinha nenhum disponível.
“Sempre que possível, nos casos de supressões, a CP procura oferecer uma solução de alternativa rodoviária. Existem, no entanto, situações em que essa alternativa não é possível ou não constitui a solução mais eficaz, do ponto de vista do transporte dos clientes”, diz fonte oficial da empresa.
AS MESMAS RESPOSTAS
Questionada sobre o não ter encontrado soluções viáveis para resolver este problema, a empresa insiste nas mesmas respostas desde há sete meses: “a CP e a EMEF continuam a desenvolver todos os esforços para aumentar o nível de disponibilidade das unidades que integram o parque de material ao serviço nesta linha. Não obstante, mesmo com reposição de unidades de material circulante ao serviço, a ocorrência de imobilizações mantém-se elevada, dado o baixo grau de fiabilidade deste material circulante e os constrangimentos da EMEF ao nível da disponibilidade de material”.
Isto é: as automotoras estão velhas, foram buscar algumas que já estavam desafectadas mas que também avariam, e têm esperança que a EMEF consiga fazer reparações duradouras em material que já ultrapassou o seu fim de vida útil.
Segundo a CP, a empresa já gastou 20500 euros em alugar autocarros desde Janeiro até 31 de Julho.
Por outro lado, já pagou à Infraestruturas de Portugal (antiga Refer) cerca de 10300 euros por taxa de uso (portagem ferroviária) por comboios não efectuados. É que, basta que os comboios estejam programados para que a portagem tenha de ser paga.
A AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, que é a entidade reguladora do sector, diz que “está atenta à situação” e que já pediu informações à CP “tendo em vista a obtenção de elementos relevantes para posterior actuação, nomeadamente para eventual instauração de procedimento sancionatório, se justificável”.