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Desde o início do mês que um passe das Caldas para Lisboa na Rápida custa 116,50 euros em vez dos 166,40 euros que se pagava anteriormente. No caso do passe combinado com a Carris e Metro esse valor baixou de 189,50 euros para 132,65 euros. Os passes municipais (entre qualquer origem e destino do concelho) têm um custo fixo de 30 euros e os intermunicipais (entre os 12 municípios da Oeste/CIM) só custam 40 euros.
As rápidas entre Caldas e Lisboa transportam diariamente cerca de 2000 pessoas, na sua maioria em relações pendulares casa-trabalho ou casa-escola. Estes valores foram apresentados pela OesteCIM em conferência de imprensa, na passada segunda-feira, no âmbito do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), que prevê 1,33 milhões de euros para esta comunidade intermunicipal de um bolo de 107 milhões que o Estado alocou para este fim.

Uma pessoa que viva nas Caldas e que trabalhe em Peniche e utilizasse a rodoviária nas suas deslocações pagava até ao mês passado 101,30 euros de passe. Com a entrada em vigor do PART essa pessoa passa a pagar 40 euros mensais, poupando assim mais de 60 euros. Esta é uma carreira que, de acordo com a Rodoviária do Oeste, tem registado um aumento de passageiros nos últimos tempos.
A viagem mensal entre Caldas e o Bombarral teve um decréscimo de 32 euros (de 72,40 para 40) e entre as Caldas e Torres Vedras essa diferença aumenta para 84 euros, tendo em conta que o passe custava 124,50 euros e agora passa a custar 40 euros, o valor fixo definido pela OesteCIM para a deslocação entre os 12 municípios do Oeste. No caso da circulação dentro de cada concelho o preço do passe é de 30 euros, independentemente da distância entre as localidades.
Por exemplo, um residente nas Caldas que trabalhe nas Mestras poupa 52,90 euros no valor do passe porque até ao fim de Março custava 82,90 euros e agora só paga 30. Também a carreira entre Caldas e A-dos-Francos, uma das que tem mais procura no concelho, custava por mês 62,50 euros e agora custa 30 euros.
Relativamente aos passes inter-regionais estes têm um desconto de 30%. O acordo entre a OesteCIM e as operadoras rodoviárias que actuam na região (Barraqueiro Transportes, Rodoviária do Oeste e Rodoviária do Tejo, todas do grupo Barraqueiro) foi firmado no dia 29 de Março, de modo a permitir a compra dos passes logo a 1 de Abril.
O PART 2019 tem uma dotação de 1.331.467 euros para a Oeste CIM, mas o seu presidente, Pedro Folgado, referiu que o processo de negociação com o governo ainda não está concluído. “Dentro de quatro a cinco meses vamos avaliar o custo da operação e temos que falar com o Estado para saber se ainda haverá mais algum valor a ser devido além do legislado”, explicou o responsável na conferência de imprensa da passada segunda-feira.
O processo também não está ainda fechado no que diz respeito aos passes inter-regionais, com esta comunidade intermunicipal ainda em negociações com as suas vizinhas da Lezíria do Tejo, Leiria e a Área Metropolitana de Lisboa. A OesteCIM já definiu o desconto de 30% nos passes. No entanto, aguardam a resposta das outras comunidades sobre o valor que reservaram para apoiar as carreiras inter-regionais.

Encargo de 400 mil euros para passes escolares

O PART atribuiu à OesteCIM pouco mais de 1,3 milhões de euros e para salvaguardar os três tipos de tarifas existentes, esta comunidade intermunicipal teve que acrescentar cerca de 150 mil euros. Para além disso, despendeu cerca de 400 mil euros para garantir descontos nos passes de estudantes até ao final do ano lectivo.
A OesteCIM irá apoiar os passes escolares até ao final do ano lectivo, mas querem respostas do governo relativamente ao valor de incidência dos descontos tarifários a aplicar sobre o passe sub23 (destinado aos estudantes do ensino superior) e ao passe 4_18 (para os estudantes até ao ensino secundário).
Os autarcas oestinos não percebem por que razão o Instituto da Mobilidade e os Transportes (IMT) “mudou as regras do jogo” nem o que isso implica em termos de despesa que não estavam a considerar. Estimam que no próximo ano os mesmos passes representem para os municípios um acréscimo superior a 600 mil euros, tendo em conta que os tarifários entram em vigor logo em Janeiro, quando este ano se iniciaram a 1 de Abril.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas e vice-presidente da OesteCIM, mostrou o seu desagrado com a decisão do IMTT e salientou que se não houver comparticipação, será muito difícil aos municípios garantir às famílias beneficiar de um passe específico para estudantes. Em alternativa estes terão que usufruir do passe normal.
A título de exemplo, um estudante que utiliza passe 4_18 para se deslocar entre as Caldas e A-dos-Francos passa a pagar 12 euros ao invés de 25 euros. O mesmo percurso feito por um estudante com passe sub 23 passou a custar 22,50 euros, menos 24 euros que este pagava até ao mês anterior.

Migrações nas zonas de fronteira

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Os novos preços dos passes entraram em vigor a 1 de Abril e o responsável pela empresa Barraqueiro, Martinho Santos Costa, reconheceu que os diferentes critérios na aplicação da verba pelas várias CIM criou-lhes alguma dificuldade na aplicação da bilhética. Por isso está à espera de “comportamentos estranhos”, nomeadamente nas regiões de fronteira, e que poderá haver uma diminuição de passageiros em alguns sítios, apesar da redução de tarifas, resultado de uma migração para outro local onde os preços são mais baixos. O responsável disse que, globalmente, prepararam-se para um aumento da procura, que nesta fase estima que seja ligeira.
Também presente na conferência, o presidente da Câmara Sobral de Monte Agraço e vice-presidente da Oeste/CIM, José Quintino, falou das alterações que prevê ocorrerem no seu concelho, que faz fronteira com a AML. “As pessoas vão migrar para as possibilidades mais baratas”, disse, especificando que nas zonas de fronteira é muito mais barato andar uns quilómetros de carro e ir apanhar o autocarro em Mafra ou Alverca, do que tirar o passe inter-regional.
O administrador da Rodoviária do Tejo, Orlando Ferreira, considera que o PART é “uma revolução não só para a mobilidade, mas também para os operadores”, mostrando-se bastante satisfeito com o acordo com esta comunidade intermunicipal.

OesteCIM e CP com versões diferentes

A OesteCIM diz que está à espera de uma resposta da CP para poderem reunir e começar as negociações com a empresa de transporte ferroviário. “A CP é uma entidade que vamos querer abordar para querer perceber de que modo poderemos interagir e também ter um desconto para os passes dos seus utilizadores”, explicou Pedro Folgado, acrescentando que ainda não tiveram resposta por parte da empresa ao pedido de reunião. Querem perceber quantos passes estão em equação e de que modo podem também apoiar esses utentes, de modo a não criar assimetrias.
A CP tem um mercado inter-regional residual ao nível da Oeste/CIM, mas, ainda assim, a linha do Oeste atravessa oito dos 12 municípios da região. As estações de Torres Vedras, Bombarral, Caldas da Rainha, S. Martinho e Valado têm algum peso na venda de passes.
O presidente da OesteCIM disse que está disponível para falar com a CP, ou seja, para lhe atribuir uma parte do bolo de 1,3 milhões. “Mas sem perceber qual é a vontade da CP, é muito difícil prever o que vamos fazer”, rematou.
Actualmente o valor do passe mensal entre as Caldas da Rainha e Óbidos é de 34,60 euros, se o destino for o Bombarral esse montante aumenta para 50,10 euros e para Torres Vedras é de 96,75 euros. No sentido norte, entre Caldas da Rainha e S. Martinho do Porto, o valor do passe é de 38,80 euros.
Tudo isto passaria a custar 40 euros se a CP aderisse ao PART na região Oeste.
Questionada a transportadora ferroviária, fonte oficial da empresa disse que “a CIM do Oeste, até este momento, não contactou a CP”. A mesma fonte acrescentou que a empresa “está a colaborar com diversas Comunidades Intermunicipais para chegar a acordo sobre as reduções a praticar nos tarifários das respetivas regiões”. Nesse contexto, “a CP fará acordos com todas as CIMs que manifestem esse interesse, sendo que é a estas entidades que compete, no âmbito do programa PART, definir os descontos que pretendem atribuir e em que modos de transporte”.
Por fim a CP entende que “será, naturalmente, competência dessas entidades fazer a comunicação sobre as medidas que venham a adotar neste contexto”. Ou seja, se os oestinos passarem a usufruir de descontos nos comboios, deverá a ser a OesteCIM a fazer a comunicação.

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