Produtores, exportadores, técnicos e entidades ligadas ao sector da Pera Rocha do Oeste juntaram-se, no passado dia 5 de Dezembro, em mais uma cerimónia organizada pela ANP-Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha. Considerada uma fileira de sucesso e com uma história ímpar no panorama da agricultura em Portugal, a Pera Rocha já chega a mais de 20 países. Actualmente são produzidas no Oeste cerca de 200 mil toneladas deste fruto, o que representa um volume de negócios na ordem dos 180 milhões de euros.
Mas para que possam continuar estes bons resultados, os agricultores precisam de água para a produção, de apostar na investigação e de apoio nos seguros contra as intempéries.
Regularmente a ANP homenageia quem se destaca nesta fileira numa cerimónia que junta todos os intervenientes ligados ao sector. Este ano foram mais de 300 os que se juntaram no restaurante A Lareira para receber prémios, mas também para ouvir o presidente da associação de produtores, Domingos dos Santos mandar alguns recados ao ministro da Agricultura, Capoulas dos Santos, que também estava presente.
Domingos dos Santos começou por dizer que esta cerimónia decorre num momento “complexo” para a fileira da pera Rocha em que se deparam com aumentos nos custos de produção, na energia eléctrica e nos combustíveis e que o mercado não tem conseguido compensar. “Os países para onde se vende mais pera Rocha, além de Portugal, estão a passar por convulsões políticas e económicas que influenciam a valorização deste fruto”, explicou.
Ainda assim, fez notar que a fileira tem mostrado ao longo dos anos uma grande resiliência e capacidade de passar as dificuldades. Actualmente são produzidas cerca de 200 mil toneladas, o que representa um volume de negócios na ordem dos 180 milhões de euros, dos quais metade é para exportação. A pera é exportada para mais de 20 países, mas os produtores querem ainda alargar mais esse leque, pelo que o presidente da ANP mostrou a sua preocupação com o facto de ainda não estar a ser tratado o processo de exportação da pera para a China, tal como já acontece com as uvas.
Domingos dos Santos lembrou que os fundos comunitários contribuíram bastante para a eficiência e competitividade do sector e realçou que estes têm sido “muito bem aproveitados”. Dirigindo-se ao membro do governo presente, apelou a uma maior união entre os ministérios da Agricultura e do Ambiente, evitando assim que os operadores económicos tenham que andar de organismo em organismo para obter o que precisam.
Os produtores precisam também de água para regar os pomares, uma necessidade que se agudiza, de acordo com o responsável, com as alterações climáticas e o aumento da hortofruticultura no Oeste. “É importante fomentar a construção de charcas, promover e apoiar sistemas de rega mais eficientes, mas também é importante trazer água de outras bacias hidrográficas”, defendeu Domingos dos Santos, que se mostrou também preocupado com o facto de não haver um aproveitamento racional da água da chuva.
A aposta na investigação é outra das necessidades do sector, sobretudo depois da proibição da utilização de alguns produtos fitofarmacêuticos para a conservação da fruta.
Domingos dos Santos defendeu ainda que os seguros de colheitas têm que ser adaptados à realidade e serem mais abrangentes, e reforçadas as medidas de gestão de crises. O responsável referia-se, por exemplo, ao embargo russo aos produtos hortofrutícolas da Europa.
Outros dos problemas apresentados pelo presidente da ANP foram a escassez de mão-de-obra, especialmente na época das colheitas e o facto dos procedimentos legais para a contratação serem burocráticos, demorados e desfasados da realidade. “Para fazer uma contratação de um país fora da União Europeia, precisamos de sete a oito meses, quando sabemos que os ciclos das peras são de quatro meses”, fez notar.
Recentemente a pera Rocha mudou também de “fato”, passando a envergar a imagem da marca colectiva Rocha do Oeste, assim como a sua forma de comunicar, com novas caixas, uma mascote e acções de promoção em Portugal e no estrangeiro.
Mais mercados abertos e diversificados

De acordo com o ministro da Agricultura, Capoulas dos Santos, o sector da pera Rocha “orgulha o país e tem-no ajudado a sair da crise”. O governante explicou que tem havido um apoio comunitário continuado e robustecido que tem acompanhado o crescimento do sector, que o tem sabido aproveitar.
Capoulas dos Santos falou do empenho do governo na promoção e internacionalização do sector. “É cada vez mais importante que tenhamos mais mercados abertos e diversificados, que é a melhor forma de proteger quem exporta”, disse, acrescentando que nos últimos três anos “abriram” 52 novos mercados para quase 200 produtos diferentes e que estão em negociação mais 55 mercados.
No que diz respeito à pera Rocha, entre os novos mercados estão o México, Costa Rica, Arábia Saudita, Jordânia, Costa do Marfim, Panamá, El Salvador, África do Sul e a Índia. Neste último caso, o governante informou que se trata de um mercado com dimensões semelhante ao chinês.
Capoulas dos Santos explicou ainda que o governo está a trabalhar com a China a abertura do mercado a diversos produtos, só que aquele país apenas trata de um processo de cada vez. Já foi feita a negociação para a exportação do vinho, produtos lácteos, carne de porco e estão a tratar do processo das uvas. “A pera Rocha está imediatamente a seguir na fila”, disse o governante, acrescentando que a China é actualmente um mercado apetecível porque tem uma classe média, com poder de compra, na ordem dos 400 milhões de pessoas (o país tem 1200 milhões de habitantes) e que “estão ávidos de conhecer novos produtos”.
Respondendo ao caderno reivindicativo do presidente da ANP, o ministro informou que foi criado recentemente um grupo de trabalho para estudar a criação de fundos mútuos, com financiamento comunitário. “A solução que estamos agora a procurar é como conciliar o sistema de seguros com os fundos mútuos de forma a rentabilizar os recursos financeiros com maiores apoios e garantias de cobertura para os agricultores”, disse.
Capoulas dos Santos disse ainda que o regadio é uma das principais prioridades deste governo, que pretende dotar o país de 100 mil hectares de regadio até 2023, e lembrou que recentemente esteve em Óbidos a visitar a rede de rega que está a ser concretizada.
O governante recebeu ainda o prémio de homenagem ao Ministério da Agricultura, que assinala 100 anos.
Premiados
Prémio Exportador 2016 – 2017
TriPortugal
Prémio Exportador 2017-2018
TriPortugal
Prémio Técnico do Ano 2017
Renato Luz – APAS
Prémio Técnico do Ano 2018
Davide Cordeiro – Futalvor
Prémio Produtores 2016
C.P.F.; Campotec; Central Frutas do Paínho; Cooperativa Agrícola do Bombarral; Coopval; Cooperativa Agrícola de Porto de Mós – Lusofruta; Cooperfrutas; E. Timóteo; Ecofrutas; Ferreira da Silva; Frubaça; Futalvor; Frutoeste; Frutus; Globalfrut; JDR&Filhos; Mundial Rocha; Narcfrutas; O Melro.OP; Obirocha; Primofruta; Quinta do Pizão
Prémio Produtores 2017
C.P.F.; Campotec; Central Frutas do Paínho; Cooperativa Agrícola do Bombarral; Coopval; Cooperativa Agrícola de Porto de Mós – Lusofruta; Cooperfrutas; E. Timóteo; Ecofrutas; Extrafrutas; Ferreira da Silva; Frubaça; Futalvor; Frutoeste; Frutus; Globalfrut; JDR&Filhos; Mundial Rocha; Narcfrutas; O Melro.OP; Obirocha; Primofruta; Quinta do Pizão
Prémio Reconhecimento
Eduardo Diniz
Francisco Fêo e Torres