Números do turismo revelam consequências duras da pandemia para o setor no ano passado. Todos os indicadores caíram de forma acentuada e cerca de 20% dos estabelecimentos fecharam
A pandemia representou para o turismo do Oeste um recuo de oito anos no que diz respeito a dormidas e hóspedes. Os períodos de inatividade do setor, a que se juntaram a baixa procura, sobretudo a nível externo, resultaram em perdas acima dos 50% nos três principais indicadores de atividade: os proveitos, as dormidas e número de hóspedes. Mas também se regista perda igualmente ao nível dos estabelecimentos, uma vez que um quinto dos espaços encerraram, com maior incidência no alojamento local.
Em 2020, os proveitos do setor da hotelaria ascenderam a 37,7 milhões de euros no Oeste, uma quebra de 55,1% do volume de negócios registado no ano anterior, quando o setor teve receitas recorde próximas dos 84 milhões de euros. A hotelaria convencional registou perdas de 57,8%, o alojamento local 55,1% e o turismo rural foi o menos afetado, com perdas de 31,3%.
Óbidos manteve-se o concelho com a maior fatia, ligeiramente acima dos 9 milhões de euros, mas com uma quebra de 58,9% em relação a 2019. No concelho obidense, as receitas da hotelaria caíram acima dos 65%, no alojamento local a quebra passou os 80%, mas o turismo rural cresceu 13,6%. De resto, o top 5 dos concelhos da região não sofreu alteração na ordem. Torres Vedras é o segundo concelho com mais receita de turismo (8,9 milhões de euros), seguindo-se Peniche (6,1 milhões), Nazaré (5,4 milhões) e Caldas da Rainha (3 milhões). Destes, Caldas da Rainha é o que apresenta maior quebra nas receitas do turismo (59,5%).
As dormidas também diminuíram acima dos 50%, mas ligeiramente menos do que os proveitos. Os 37,7 milhões de euros foram obtidos a partir de 642.967 dormidas, menos 52,8% do que em 2019, o que significa que a drástica quebra de procura obrigou, igualmente, a fileira do turismo a rever os preços em baixa, com o valor médio da dormida a baixar de 61,59 euros para 58,61.
A hotelaria convencional representa 72,3% do total de dormidas, o alojamento local 20,3% e o turismo rural o restante. O turismo rural ganhou quota de mercado, assim como a hotelaria, enquanto o alojamento local perdeu. Se em 2019 havia equilíbrio entre portugueses e estrangeiros, em 2020 foi completamente desfeito. Os portugueses representaram 71,8% das dormidas, com uma quebra de 32,3% em relação a 2019, enquanto os estrangeiros ficaram pelos 28,2%, com uma quebra superior aos 73%, de 681 mil para 181 mil.
Nos concelhos, se Óbidos manteve a liderança nos proveitos, perdeu-a nas dormidas para a Nazaré e foi ainda ultrapassado por Torres Vedras. Seguem-se Peniche e Caldas da Rainha, o primeiro abaixo das 100 mil dormidas.
As 642.967 dormidas no Oeste em 2020 foram realizadas por 331.585 mil hóspedes, com estes a reduzirem 52,3% em relação ao ano anterior. O facto de as dormidas terem caído mais do que o número de hóspedes significa que estes também ficaram menos tempo nas unidades hoteleiras do que em 2019. De resto, a estada média diminuiu na região de 2 para 1,9 dias. Mesmo assim, por setor, a estada média subiu no alojamento local, de 2,1 para 2,2.
A hotelaria tem a maior quota de mercado, que até subiu para 74,2%, o alojamento local perdeu quota e ficou pelos 17,8%, quando em 2019 teve 21,2%, ao passo que o turismo rural subiu de 6,4% para 8%.
No número de hóspedes, Nazaré já liderava em 2019 e mantem-se em primeiro, Torres Vedras ascendeu ao segundo lugar, Peniche está em terceiro e Óbidos surge apenas em quarto. Em 2019 era segundo.
Ao nível da estada média, Torres Vedras subiu de 1,8 para 2 dias, Óbidos subiu de 2 para 2,1 dias. Lourinhã continua como o concelho com maior estada média, ainda que tenha descido de 2,6 para 2,5 dias.
Oferta caiu acima dos 20%
A descida da procura turística na região teve como consequência imediata o encerramento de 21,7% dos estabelecimentos do setor. Em 2019 a oferta hoteleira da região incluía 258 estabelecimentos. Um ano depois esta caiu para 202. O alojamento local continua a ser o que tem mais espaços de pernoita (113 contra 52 hotéis e 37 espaços de turismo rural), mas enquanto a hotelaria convencional e o turismo rural perderam 11,9% da sua oferta, o alojamento local perdeu 28%.
Peniche mantém-se como o concelho com mais espaços alojamento (50), mas o segundo lugar é agora ocupado pelas Caldas da Rainha (25), seguindo-se Óbidos e Nazaré (23) e depois Torres Vedras (20). Destes, Caldas da Rainha foi o que menos oferta perdeu, cerca de 10%, enquanto os restantes ficaram na casa dos 20%.
A taxa líquida de ocupação por cama no Oeste caiu de 35,2% para 22,1%, uma redução de 40%. A Nazaré é o concelho onde este indicador é maior (31,3%), seguido de Óbidos (26,2%). Nas Caldas da Rainha, a taxa de ocupação baixou para 18,1%, menos de metade da ocupação atingida em 2019. ■