Salários em atrasos levam ao arrestamento de bens da Eslam

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A fábrica, no Bouro, não atingiu os níveis de produção esperados

Na sequência de uma previdência cautelar interposta ao Tribunal de Trabalho das Caldas da Rainha, a empresa Eslam (que labora na Serra do Bouro e tem sede no Convento das Gaeiras) viu arrestados equipamentos no valor de 11.800 euros, o montante a que dois seus ex-funcionários dizem ter direito. A empresa diz que vai contestar a decisão judicial.
Os dois trabalhadores alegaram que têm salários de três e cinco meses em atrasos, no montante acima referido, e que, por esse motivo, rescindiram legalmente o contrato com a Eslam. O arrestamento das máquinas, efectuada na passada sexta-feira, na presença da GNR nas instalações fabris da Serra do Bouro, visa salvaguardar que, em caso de insolvência, o valor daqueles activos reverta para pagar aos trabalhadores.
O director-geral da Eslam, David Santos, disse à Gazeta das Caldas que vai  interpor recurso daquela decisão judicial e que a administração da empresa nem sequer foi ouvida pelo tribunal. Quanto ao diferendo com os trabalhadores, disse que “esta situação teve origem num processo disciplinar” de que estes foram alvo e que apresentou uma proposta para resolver os salários em atraso, que estes rejeitaram. Confrontado sobre se o montante da dívida era de 11.800 euros, disse que “não posso confirmar esse valor”.
David Santos nega que a existência de um diferendo com dois trabalhadores signifique que a empresa esteja em pré-insolvência, embora reconheça que esta funciona com as “dificuldades normais” próprias do momento que o país vive.
A Eslam – Estruturas Laminares Engenharia, SA dedica-se ao fabrico de produtos modulares para a construção civil e obras públicas, de acordo com uma tecnologia inovadora brasileira. Começou a laborar em Março de 2011, de acordo com o então noticiado pelo nosso jornal (ver Gazeta das Caldas de 24/03/2011) na sequência de um investimento de 1,5 milhões de euros, que teve comparticipação de fundos comunitários no valor de 1 milhão de euros.Há um ano e três meses as expectativas eram altas. Gonçalo Pereira de Almeida anunciava que pretendia exportar para Espanha, França, Marrocos, Roménia, Senegal, Angola, Cabo Verde, Brasil e Chile e a fábrica, que abriu com 11 trabalhadores, esperava contratar mais 19 até ao fim do ano.
Hoje a Eslam terá apenas duas funcionárias nos escritórios e um na oficina, segundo o testemunho de um dos antigos trabalhadores. David Santos desmente e diz que laboram actualmente com seis colaboradores e que espera vir a contratar mais pessoal no futuro.
O mesmo responsável diz que a empresa (que fica situada junto à antiga estação de caminho-de-ferro do Bouro) facturou mais de 300 mil euros em 2011, mas que não teve “ainda” resultados positivos.
Reconhecendo dificuldades de tesouraria, David Santos diz que isso se deve, em parte, ao facto de ainda só terem recebido pouco mais de metade do 1 milhão de euros de financiamento comunitário que tinha sido aprovado.

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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