Alcobaça passa a ter ensino superior com dois TESP

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Lançamento dos cursos e apresentação do consórcio Alcobaça Hub decorreu na manhã de quinta-feira na EPADRC

Cursos na EPADRC dedicam-se às Tecnologias de Produção Integrada em Hortofrutícolas e Inovação Gastronómica

Alcobaça vai ter ensino superior a partir deste ano letivo, com a criação de um Curso Técnico Superior Profissional (TESP) dedicado às “Tecnologias de Produção Integrada em Hortofrutícolas”, a funcionar, a partir do dia 30 de setembro, na Escola Profissional Agrícola e de Desenvolvimento Rural de Cister (EPADRC). No próximo ano letivo funcionará também o TESP de “Inovação Gastronómica”, na mesma escola.
Além da escola, as aulas vão decorrer no Centro de Estudos Superiores da Universidade de Coimbra em Alcobaça e nos campos experimentais do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.
O presidente da Câmara de Alcobaça, Hermínio Rodrigues, salientou que os TESP foram pensados “em duas áreas fundamentais do nosso concelho: agricultura e gastronomia, em que somos bons. A seguir, com a UC temos que pensar na parte tecnológica, porque também somos muito bons”.
O evento serviu para apresentação do Alcobaça Hub, que é um consórcio que envolve cinco entidades: a Câmara de Alcobaça, a EPADRC, o Politécnico de Santarém, a Universidade de Coimbra e o INIAV (que em breve serão seis, com o COTHN) e decorreu na manhã de quinta-feira, 19 de setembro, na EPADRC.
O Alcobaça Hub é “algo que vou buscar ao passado”, disse Hermínio Rodrigues, notando que era um caminho que Gonçalves Sapinho “tentou sempre trilhar” e que “hoje lhe devo isso, porque sei que era sonho dele podermos vir a ter ensino superior em Alcobaça”.
Elogiando os parceiros, o edil alcobacense notou também o envolvimento das empresas e deixou um desafio à diretora da EPADRC: “o Alcobaça Hub vai necessitar de instalações e não tenho a menor dúvida que o melhor espaço para criar este hub é na EPADRC, por isso deixo-lhe o desafio: tem três meses para apresentar ao município de Alcobaça o estudo prévio de requalificação desta escola e já com as novas instalações para este hub e quem paga é o município de Alcobaça, com todo gosto, para podermos lançar a seguir o projeto”.
Paula Malojo, diretora da EPADRC, aceitou o desafio de apresentar o estudo-prévio no prazo referido. “A EPADRC já merecia”, referiu, elogiando a visão do autarca.
Os novos TESP aproveitam “a nossa oferta formativa já consolidada, numa área de formação de extrema importância para a região e para o país e fazendo convergir sinergias capazes de desenvolver um ensino de excelência que prepare os nossos jovens para os desafios atuais da sustentabilidade, das mudanças climáticas e finitude dos recursos naturais, de preservação da biodiversidade, do avanço tecnológico e da competividade”, afirmou. A responsável destacou ainda o facto de passar a haver ensino superior na cidade onde aconteceu a primeira aula do ensino público em 1269.
“Este consórcio tem visão, é inovador, agrega dois níveis de ensino – secundário e superior” e “começa hoje a trilhar caminho para a construção de um campus de investigação e experimentação agrícola, gastronómica e tecnológica” que “pode ser um projeto inovador e exemplar para a reforma do ensino na área do agro-alimentar”, disse.
Já João Moutão, presidente do Politécnico de Santarém, frisou que este consórcio “é do melhor que se faz a nível mundial” e que “marcará uma nova era no ensino em Alcobaça”, enquanto que Margarida Oliveira, diretora da Escola Superior Agrária do Politécnico de Santarém, salientou a importância desta oferta para permitir que a formação chegue aos territórios. “Os cursos que vão ser deslocalizados são os que fazem sentido”, referiu, caracterizando este projeto como “um excelente exemplo que deverá funcionar como catalisador do ensino agrário no nosso país”.
Por sua vez, Nuno Mendonça, pro-reitor da Universidade de Coimbra, alertou para a necessidade de “dar as melhores condições aos alunos numa altura em que é tão difícil sair da zona onde vivem com os pais para ir viver para outra cidade, face aos custos de habitação”. O Alcobaça Hub vem ajudar a reduzir esse impacto.
Rui Maia, do INIAV, revelou que com o apoio do PRR, estão a ser requalificados os três campos experimentais, com cerca de 20 hectares, assim como os laboratórios, num investimento a rondar os 4,5 milhões de euros até ao final de 2025. “Envolve novas tecnologias de produção, máquinas alfaias agrícolas inovadoras, inteligentes e de precisão, que certamente também poderão contribuir para uma melhor formação dos alunos”. ■