PatrÍcia Oliveira, de 38 anos, Licenciada e Mestre em Serviço Social pelo Instituto Superior Miguel Torga de Coimbra, iniciou a sua experiência profissional em 2004, tendo tirado nesta altura a formação inicial de formadores. Mas foi em 2009 que iniciou o seu percurso enquanto formadora no Gabinae. Ministrou entre 2009 e 2013 centenas de horas de formação nos mais variados cursos, desde a área da infância, à geriatria entre outros.
Acumula desde 2012 a função de coordenadora de formação modular e contínua.
De que forma o curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores acrescentou valor à sua carreira?
PATRÍCIA OLIVEIRA: A formação de formadores foi muito importante, na medida em que, para além de me ter dotado de competências ao nível da oralidade, é uma ferramenta de extrema importância para a forma como comunicamos.
Determinadas “bengalas linguisticas e gestuais” que utilizamos na comunicação são evidenciadas ao longo da formação por via das autoscopias. Através desta estratégia podemos verificar o que há a melhorar na nossa postura facial, física e verbal. Foi de facto uma experiência muito interessante.
Quando percebeu que ministrar formação era algo que fazia sentido para a sua carreira?
PO: Quando comecei a ministrar formação, foi para o Gabinae no curso de Técnico de Ação Educativa numa UFCD dedicada à infância. Posso dizer que a partir desse dia fiquei convicta que era algo que queria continuar a fazer e que me dava muita satisfação. Na verdade, dar formação é muito diferente de dar aulas. O que me entusiasmou e entusiasma atualmente nesta área é exatamente o que se promove em contexto de formação profissional. Há uma interação e uma “cumplicidade” entre o formador e os formandos.
Dar aulas é diferente de dar formação. Explique-nos melhor essa questão.
PO: O contexto de formação é um contexto completamente diferente, a forma como comunicamos e interagimos com o grupo é única. Evidentemente que os métodos e as técnicas utilizadas são igualmente diferentes. No meu caso em particular, faço sempre questão de promover o debate, a partilha de ideias, utilizar métodos interativos que estimulem o pensamento crítico do formando.
Na realidade, considero que o sistema de ensino dito tradicional deveria aproximar-se ao sistema de ensino profissional. Tenho a convicção de que seria um processo bem mais interessante e produtivo.
Sendo a sua formação e a sua experiência nas áreas social e educação, como interliga a formação profissional e a sua intervenção como Assistente Social?
PO: Durante estes anos de experiência enquanto Assistente Social, a função de formadora tem estado sempre presente. Por um lado, porque faço intervenção nas escolas, e tenho ministrado muita formação tanto a docentes como a assistentes operacionais, como a alunos no âmbito da área comportamental.
Por outro lado, sendo Assistente Social num programa que tem como base a intervenção comunitária e estando eu no terreno em contacto direto com famílias, acabo por dar formação em diversas áreas, todas elas evidentemente relacionadas com as minhas áreas de formação.
Considera que a formação profissional privilegia a transmissão de conhecimentos nos dois sentidos?
PO: Sem dúvida que sim. Essa é uma das características que mais aprecio nesta área. A meu ver, o que torna este processo tão rico é exatamente a troca e a partilha de informação existente em contexto de formação. Na verdade, tenho aprendido muito com os meus formandos. Ao longo destes anos, tenho conhecido pessoas maravilhosas, com histórias de vida incríveis, pessoas que “desabrocham” ao longo do percurso formativo, que se tornam profissionais exemplares. E isso para mim é um orgulho, saber que também eu pude contribuir um pouco para esse sucesso.
Que conselhos daria a futuros formadores?
PO: Como em qualquer profissão, acho que é imprescindível fazermos o que gostamos pois sem isso dificilmente seremos bons profissionais.
Além de cumprir os objetivos programáticos e os conteúdos do currículo, é fundamental criarmos uma boa relação com o grupo, porque, por vezes, temos de ser mediadores e “apaziguar” conflitos que surgem.
Uma das premissas que ouvi desde sempre nesta área é que 60% é do formando e só 40% é do formador.
Os grupos normalmente são muito heterogéneos e as diferentes opiniões promovem a discussão, mas é exatamente isso que torna o processo mais rico.
O formando normalmente espera que o formador, além de bom comunicador e conhecedor da informação que vai partilhar, seja empático e assertivo.
Patricia Oliveira
Assistente Social – Programa Contrato Local de Desenvolvimento Social e Comissão de Protecção de Crianças e Jovens