Ecoturismo e sustentabilidade

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O turismo do futuro

Prevê-se que as exportações do turismo tenham cada vez mais influência na economia portuguesa, chegando a 9.3% do PIB em 2021. Tendo em conta que o ecoturismo é apontado pela Organização Mundial do Turismo, como um dos produtos de maior projecção e desenvolvimento da actualidade, é fácil perceber a importância da formação nos temas ligados à sustentabilidade e ao ambiente.
A Organização das Nações Unidas declarou que 2017 seria o ano internacional do turismo sustentável para o desenvolvimento, e foram definidas áreas chave de intervenção, nas quais o turismo poderia desenvolver um papel fundamental, das quais destaco:
Crescimento económico inclusivo e sustentável – desde 2009 que se verifica um aumento significativo do número de turistas internacionais, que levou a um crescimento das exportações de serviços, e gerou em 2015, aproximadamente, 10% do PIB mundial;
Uso eficiente dos recursos, proteção ambiental e luta contra as alterações climáticas – compromisso em reduzir as suas emissões de CO2 em 5% e promoção de angariações de fundos para a proteção do património, da vida selvagem e do ambiente, transformando-se deste modo numa ferramenta para proteger e recuperar a biodiversidade.
Se o turismo pode desempenhar um papel tão importante nesta questão, é fundamental apostar na formação dos futuros profissionais, tendo em conta estas preocupações e promovendo uma educação ética sustentada nestes ideais. Este novo sentido de ética, procura não só que o turista usufrua da sua experiência, mas também que o bem-estar das comunidades locais seja assegurado, e que haja uma preservação das características ambientais.
Para se conseguir atingir um equilíbrio entre a actividade humana, o desenvolvimento (sustentável) e a protecção do ambiente, é essencial que haja compromissos em relação aos recursos naturais disponíveis, no que diz respeito ao consumo e aos comportamentos. Deste modo, torna-se imprescindível, nas decisões das autoridades públicas, na criação das políticas, nas operações e em todos os processos de produção, nos procedimentos e nas escolhas individuais, ponderar efetivamente nas questões ambientais.
O viajante que procura este tipo de experiências, tem normalmente uma postura e atitude activas em relação à conservação da natureza e utiliza na escolha do seu destino, critérios ambientais e sociais. Esta demanda levou à necessidade da certificação dos locais que se destacam pelas suas boas práticas, e tem servido como um ferramenta de política ambiental, que de facto ajuda o consumidor a escolher o produto que vai adquirir.
Em Portugal, país que aposta fortemente no turismo, eleito pela segunda vez consecutiva, como o melhor destino turístico do mundo, torna-se essencial valorizar a educação e formação dos futuros trabalhadores do sector. Esta formação deve dotá-los das capacidades necessárias para conseguirem desempenhar as suas funções, de acordo com os objectivos das instituições que representam e segundo valores ambientais e de sustentabilidade. Enquanto alunos deverão ser sensibilizados para a importância que o ambiente desempenha no seu desenvolvimento e para o impacto que a presença e a intervenção humana causam nos ecossistemas onde estão inseridos os sistemas turísticos. Só assim estarão capacitados para entrar num mercado de trabalho cada vez mais atento a estes aspectos, e também eles serem veículos de transmissão destes valores.
Um dos projectos com maior adesão nesta área tem sido o Eco Escolas, organizado pela Associação Bandeira Azul da Europa, no qual se inscreveram 1500 escolas de norte a sul do país. A Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste participa desde o ano lectivo de 2014/15 e conta já com a atribuição de 4 bandeiras verdes, símbolo de boas práticas a nível ambiental. Temos apostado numa correcta separação dos resíduos, na diminuição dos consumos e na eficiência energética. Nos últimos 3 anos desenvolvemos uma parceria com o Centro de Recursos Comunitário da Santa Casa da Misericórdia que nos permitiu iniciar uma pequena horta biológica e recolher electrodomésticos em fim de vida, que posteriormente são enviados para a reciclagem.
Embora a adesão por parte dos alunos tenha vindo a aumentar ao longo dos anos, no que diz respeito a sustentabilidade, o nosso papel enquanto formadores terá que ser constante e a longo prazo.

Luís Lalanda Ribeiro
Professor de Educação Física e Coordenador do programa Eco-Escolas
Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste