A temática da liderança tem sido objeto de diversos estudos ao longo dos anos, muito pelo facto de, a dada altura, se ter percebido que a forma como lideramos tem influência direta no desempenho, envolvimento e motivação das equipas. Especialistas no estudo da temática da liderança encararam-na, durante muito tempo, como um traço de personalidade, exclusivamente dependente das características pessoais e inatas do sujeito. Deste modo, liderar seria uma competência/habilidade que ou se tinha ou não se tinha.
Hoje entendemos pelo termo uma competência que depende grandemente da forma como o indivíduo se relaciona com a sociedade e da aprendizagem que faz do meio que o rodeia, sendo por isso possível trabalhar, desenvolver e aperfeiçoar capacidades de liderança. No entanto, quando abordamos esta questão em contexto de formação, a dificuldade de nos vermos enquanto líderes e de encaramos a liderança como algo inatingível para o comum dos mortais, dá azo a discussões enriquecedoras. Muitos alunos argumentam que esta competência dificilmente pode ser trabalhada e, paralelamente, associam-na apenas à chefia ou a figuras históricas, tais como Gandhi, Nelson Mandela, William Wallace, que a elevam a um patamar onde poucos ousam chegar.
O trabalho desenvolvido na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, nomeadamente no módulo “Liderança, Gestão e Motivação de Equipas”, vai além de lecionar os conteúdos temáticos, passando por desmitificar a ideia de que apenas são líderes aqueles que chefiam de um modo formal, ou que inspiraram multidões e mudaram o mundo. Todos nós, em algum momento das nossas vidas, podemos deparar-nos com circunstâncias em que as atitudes e os comportamentos vão exercer influência na vida dos outros, fazendo com que sejamos fonte de inspiração/motivação, muitas vezes sem termos a noção de que tal aconteceu. Importa por isso, no nosso dia-a-dia, enquanto pessoas e profissionais, fazer a diferença, aperfeiçoando capacidades de comunicação, utilizando estratégias que permitam compreender e “escutar de forma ativa” as pessoas com quem nos cruzamos. Esta atitude permanente de empatia para com o outro dá-nos o extraordinário poder de perceber melhor as pessoas e as suas ações, podendo agir em conformidade e fazendo-as sentir-se compreendidas, relevantes, importantes. É isto que tentamos transmitir aos alunos, na esperança de que assim possam tornar-se melhores pessoas, mais competentes e eficazes quando chegar a hora de liderar.
Remetendo para o mercado de trabalho, este está, em grande parte, organizado de uma forma que implica cooperação e a realização de uma sucessão de ações concertadas, tendo em vista a persecução de um determinado objetivo. Assim, não é nenhuma surpresa que uma das competências transversais mais valorizadas pelos recrutadores seja a capacidade de trabalhar em equipa. Neste contexto, será também natural que exista a necessidade de compreender essas equipas, gerir expectativas, encontrar pontos de convergência e uma linguagem comum, que facilite o funcionamento das mesmas como um todo. Em suma, mais do que precisar de pessoas para gerir equipas, as empresas precisam de líderes capazes de utilizar as emoções nos sentidos de inspirar e de motivar, fazendo que a equipa se sinta envolvida e comprometida com os objetivos a atingir.
Os estilos de liderança mais “tradicionais” — autoritário, democrático e liberal — tornaram-se obsoletos, sendo que uma teoria como a de “Liderança Situacional”, de Paul Hersey e Kenneth Blanchard, está muito mais ajustada à realidade actual. Neste estilo de liderança o comportamento do líder tem em consideração o nível de maturidade da equipa, adotando-se comportamentos ideais perante cada situação. Esta capacidade de ajustar o comportamento à equipa requer líderes empáticos, flexíveis, emocionalmente inteligentes, capazes de liderar e de motivar todo o tipo de pessoas perante as mais diversas e difíceis situações.
Para concluir, formar pessoas na área comportamental é um desafio constante, que na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste procuramos desenvolver de forma ativa, para o qual concorre a forte convicção de que formar pessoas atentas às diferenças individuais, adotando atitudes de compreensão e de empatia para com o outro, representa um passo importante no longo caminho de uma sociedade mais equilibrada. Formar melhores líderes repercute-se na formação de melhores colegas de trabalho e de melhores profissionais, mas também na formação de melhores cidadãos.
Ana Margarida Alexandre
Formadora de Liderança, Gestão e Motivação de Equipas

Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste

Gazeta das Caldas