Mais um fim de ano que se aproxima e mais uma preparação de um ano novo que se inicia. Entre balanços de como correu o corrente ano e projeções para o ano seguinte, é sabido que há algo que não se poderá ignorar: novo aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) para €635,00 a 01 de janeiro de 2020. Com este sobem igualmente outros custos que as Entidades Empregadoras suportam e que se relacionam com o salário base, como sejam o Trabalho Suplementar ou Subsídios diversos, a Segurança Social ou o Seguro de Acidentes de Trabalho, entre outros.
Para além dessas obrigações, no nosso ponto de vista, há que pensar também na gestão dos restantes Recursos Humanos que não pode ser ignorada. Ora, se por um lado temos um trabalhador que acabado de entrar na empresa e com uma experiência residual (ou sem experiência) irá auferir um valor base mensal de €635,00, o que fazer com os outros trabalhadores com experiência e com mais antiguidade que agora têm um vencimento tão próximo deste limiar? A resposta fácil seria: aumentar também estes funcionários com uma experiência superior – mas a que custo?
A obrigação do aumento do SMN em muitos casos pode representar um valor incomportável: quer para as pequenas empresas cuja produtividade pode não suportar este custo adicional, quer para as grandes empresas que multiplicando este valor por todos os trabalhadores (mais de €600,00 anuais), podem focar a solução na eficiência de processos e na redução de custos com o pessoal.
Com isto, não podemos deixar de parte a reflexão: é possível “sobreviver” em Portugal com um salário tão baixo? Invariavelmente os nossos clientes falam-nos sobre a vontade que têm em aumentar a equipa, mas com a condicionante dos que aumentam consequentemente em contribuições e impostos implicam um custo muito significativo para a empresa com um retorno muito baixo para o valor líquido que o trabalhador efetivamente irá receber.
Face a esta análise, não podemos deixar de concluir que o aumento progressivo do salário mínimo, que é necessário, devia ser simultaneamente acompanhado de medidas que contribuíssem para a saúde das empresas, dando-lhes folga para distribuir pelas equipas o resultado do seu trabalho ao invés do repartir quase exclusivamente com o Estado.
Aproveitamos ainda esta publicação para em nome de toda a equipa da Humangext, desejar Boas Festas a todos os leitores que nos acompanham há vários anos neste espaço.
Felícia Marques
HR Consultant | Humangext