A Importância da Alimentação Consciente: Reflexões após o Dia Mundial da Alimentação

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Filipa Silva
Eng. Agrónoma – Consultora e Formadora

Este mês, dedico este espaço ao tema da alimentação, especialmente em celebração do Dia Mundial da Alimentação, comemorado a 16 de outubro, e do Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, que ocorreu em 29 de setembro. Mas por que é fundamental discutirmos esses assuntos?
O Dia Mundial da Alimentação alerta para a necessidade urgente de que todos tenhamos, não só acesso a alimentos frescos e variados, mas também a informação necessária para escolher uma dieta saudável. Além disso, serve para reforçar a urgência de melhorarmos os atuais sistemas agroalimentares.
Na nossa querida cidade podemos usufruir da Praça da Fruta, o único mercado ao ar livre que funciona diariamente em Portugal, onde todos os caldenses podem adquirir produtos frescos e locais. No entanto, já lá vão os tempos em que os vendedores se dedicavam a vender o que produziam. Atualmente, o consumidor procura as bancas cheias, com muita diversidade num sítio só, acabando por frequentar em massa as bancas dos revendedores, que apenas se dedicam a vender e comprar (e ainda, a oferecer coentros), deixando para trás as bancas de quem sim se dedica a produzir, e que vai algum(uns) dia(s) da semana vender os seus produtos (e mais alguns). Venho desta forma apelar aos caldenses que continuem a frequentar e fazer as suas compras na Praça da Fruta (e a quem ainda não o faz, que o comece a fazer) e que tentem conhecer quem realmente produz os alimentos que vende.
É urgente transformarmos e requalificarmos os atuais sistemas agroalimentares, e isso começa por identificar e apoiar os produtores locais de pequena escala, e se possível com boas práticas agrícolas, como é exemplo a Agricultura Biológica. A agricultura tem um impacto brutal nos ecossistemas, sendo ainda das atividades com maiores emissões de gases de efeito estufa e que mais contribui para as alterações climáticas. Cada um de nós pode contribuir individualmente para sistemas alimentares mais conscientes e justos, baseados em cadeias curtas, respeitando as pessoas envolvidas. O Município tem também o papel de contribuir para esta causa, por exemplo, introduzindo critérios de proximidade e implementando o Regime de Promoção de Consumo Sustentável de Produção Local nas Cantinas e Refeitórios Públicos (Lei nº 34/2019). Os agricultores locais poderiam ter nas escolas e nos municípios parceiros que garantissem o escoamento da sua produção a uma escala considerável e a preços justos.
É também urgente sermos mais conscientes sobre o desperdício alimentar que produzimos. Na Europa, em média desperdiça-se 1/3 dos alimentos que são produzidos (dados da FAO). Os dados estatísticos do INE indicam que cada português desperdiça por ano 184 quilos de alimentos, perfazendo um total superior a 1.800.000 toneladas, levando Portugal a ser o quarto país da União Europeia que mais desperdiça. Cerca de 67% do desperdício acontece nas nossas casas, sendo portanto, muito importante que compreendamos a necessidade do esforço individual e coletivo de tentarmos melhorar este desastre.
Devemos todos fazer parte da solução e não do problema, que é tão absurdo do ponto de vista económico, social e ambiental. Se gostaria de contribuir para combater o desperdício alimentar, procure informação junto da REFOOD sobre como envolver-se e contribuir para este projeto fantástico concretizado 100% por trabalho voluntário. ■

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