A Tristeza da Rainha no Hospital Termal

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Último tratamento, no Hospital Termal. À saída deparo com uma senhora de braços abertos que só reconheci pela coroa na cabeça… Não pode ser!? Não acredito!?
-Rainha Dona Leonor??
-Sim não te assustes, de vez em quando, venho por aqui para ver se as águas são mesmo milagrosas.
-São mesmo, minha Rainha. Vim com uma otite serosa, na iminência de ter de ser operada, e as águas curaram a maleita…
– Muito me apraz, essas tuas melhoras. Como vieste aqui parar?
– Saiba, minha Rainha…
– Podes chamar-me Leonor, já que a conversa é privada.
– Bem…Leonor, fui mandada pela minha médica, Dr.ª Ana Paula Branco, que me falou dos benefícios destas águas.
– Sagaz, essa tua médica. Fala-me do atendimento dos funcionários.
– Posso garantir que são de um profissionalismo rigoroso, duma humanidade tocante, desde as rececionistas aos profissionais de saúde (enfermeiros e balneoterapeutas). Há uma preocupação permanente e individual, que nos dá confiança.
-Tiveste alguma consulta com algum especialista que te indicasse os tratamentos adequados às tuas queixas?
– Sim, minha Rainha…desculpe… Leonor, fui atendida por um especialista (Diretor Clínico da Unidade e vice-Presidente da Sociedade de Hidrologia Médica), o Dr. Santos Silva, para além do rigor cientifico, e também muito afável(ou não fosse ele da Covilhã…)
-Achas que os Caldenses sabem da reabertura dos tratamentos termais?
-Não. Acho que deveria haver uma maior divulgação, pois é um privilégio poder usufruir destas termas.
– Parece triste… minha Rainha?!
– Sim, tens razão, entristece-me o facto deste local não estar devidamente referenciado. Como sabes fundei o Hospital Termal em 1484, é o mais antigo do mundo. Penso que merecia maior atenção e respeito.
– Achas que a ausência de pacientes se deve ao facto de haver receio de contacto e consequente contaminação do vírus?
– Não. Minha Rainha, não há que ter receio. Os pacientes estão separados , têm entre eles lugares vazios e há um cuidado muito rigoroso com os aparelhos em uso. Só o paciente tem contacto com os seus próprios equipamentos, que arruma, depois de usados, para futura esterilização.
– Fico mais descansada.
– Prometo divulgar, esta nossa conversa.
– Posso dar-lhe um abraço?
-Não!
– Com a covid-19, nunca se sabe…
– Dá cá mais cinco.
E no toque de palmas de mãos, ela desapareceu como que por magia.

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