O cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de Leiria, nas próximas legislativas, aponta a abertura da Base Aérea de Monte Real ao tráfego civil e a linha do Oeste como algumas das preocupações
O presidente da Assembleia Municipal de Pombal foi o escolhido pelo PSD para encabeçar a lista de candidatos social-democratas por Leiria. Em entrevista conjunta à Gazeta das Caldas e Região de Leiria, Paulo Mota Pinto apresenta as prioridades para a legislatura.
Como cabeça-de-lista pelo PSD no distrito de Leiria, o que destaca como mais positivo e o que mais o preocupa na região?
O aspeto mais positivo é, sem dúvida, a dinâmica empresarial, em particular do centro do distrito. É aquilo que me chama mais à atenção até por comparação a outras realidades que também conheço, como a de Coimbra. Outro aspeto, que acho característico daqui, é que é um distrito grande e variado, que tem realidades diferentes. Um terceiro aspeto, talvez não tão positivo, é que notam-se algumas carências em particular nos serviços públicos. Olho para a realidade económica portuguesa como carecendo de mais protagonismo e dinâmica da sociedade civil, e aqui o distrito de Leiria é onde as pessoas e as empresas, independentemente do Estado, criam riqueza, sabem progredir, desenvolver-se, e Portugal precisa que esse exemplo seja disseminado. Esse aspeto é um dos pontos, além das minhas raízes aqui, que me incentivaram a aceitar este desafio.
Nota um abandono do poder central em relação ao distrito?
Entre as preocupações, chamaria a atenção para a área da saúde. O problema não é específico de Leiria, mas nota-se com particular acuidade a falta de médicos de família, de número de médicos suficiente e tem havido queixas do funcionamento de alguns hospitais. Depois, penso que um distrito tão grande como Leiria, e com esta dinâmica, deve também ter ensino superior universitário.
Em relação à ferrovia, Leiria vive quase entre dois opostos, que é a promessa da alta velocidade a passar cá e a requalificação que se arrasta da linha do Oeste. Como olha para isto?
Destacaria três pontos. Um que não é específico de Leiria, e até nem tem tanto a ver com o tráfego de passageiros, mas com a atividade económica, as ligações internacionais. Urge saber se nós vamos adotar a bitola Europeia, isso é muito importante para a exportação e Leiria é um distrito exportador. Em relação à Linha do Oeste, penso que a requalificação deve ser levada a Norte das Caldas da Rainha e atravessar todo o distrito. Deve ser uma aposta da ferrovia no distrito. Depois em relação à alta velocidade, é um problema nacional, não é só específico de Leiria. O PSD não tem posto de parte esse investimento, agora o problema é o mesmo: a situação das finanças públicas. Há pouco investimento público, o Governo reduziu os investimentos públicos a níveis historicamente baixos e assim não se consegue investir na alta velocidade.
Se for eleito, que temas é que vai fazer questão de agarrar?
No domínio das infraestruturas e transportes, a abertura da Base Aérea de Monte Real ao tráfego aéreo civil e a requalificação da linha do Oeste a norte das Caldas da Rainha. Nos serviços públicos, a melhoria do funcionamento e das condições dos hospitais, da capital do distrito e de outras cidades relevantes. E também destacaria a melhoria do IC8 e a conversão do Politécnico de Leiria em universidade, em ligação com as empresas. Por último, penso que há um problema geral de criação de melhoria de condições de funcionamento de pequenas e médias empresas, que é um problema que tem a ver com políticas gerais, mas que se nota aqui em particular.
O futuro hospital do Oeste é um motivo de acesa polémica entre as autarquias do Oeste. Que localização defende?
A responsabilidade não deve ser deixada só às autarquias, deve ser uma decisão do Governo, depois de as ouvir. Entendo que se deve adotar um critério objetivo, que tenha a ver com procura, número de doentes e não vou dizer-lhe uma localização GPS. Penso que a visão administrativa não é o mais importante, mas sim o critério da procura, da geração de procura, provavelmente deveria ser ainda no distrito de Leiria.
Regionalização. Sim ou não?
Sim, dependendo do modelo. Uma regionalização com multiplicação de órgãos políticos desnecessários, sem controlo das finanças regionais, não. Uma regionalização com um nível intermédio de administração relativamente reduzido e com regras estritas que até permitem contornar os desequilíbrios financeiros nacionais, sim. Não foram as regiões, nem as autarquias, que criaram o brutal endividamento público que existe. ■
Francisco Rebelo dos Santos
e Joana Magalhães
Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS