Com a campanha a terminar, os partidos apostam nas tradicionais arruadas pelos centros mais movimentados, mas também chamadas de atenção e visitas temáticas. A poucos dias das eleições, a rua é o palco da maioria das candidaturas

A CDU voltou a manifestar a sua oposição à concessão dos Pavilhões do Parque a privados para a construção de um hotel de cinco estrelas. Henrique Fialho, o caldense que é número 5 na lista comunista pelo círculo eleitoral de Leiria, lembrou que a zona do Hospital Termal e Parque D. Carlos I é “nuclear” para a cidade, pois foi onde ela nasceu, frisando que a CDU quer garantir que as Caldas não perde essa identidade.
Numa conferência de imprensa, que teve lugar a 21 de janeiro, o comunista recordou que o Hospital Termal foi originalmente construído para prestar cuidados às pessoas mais desfavorecidas e defendeu a sua permanência no Serviço Nacional de Saúde, garantindo assim a prestação de cuidados para todos.
No seu programa eleitoral a CDU defende, entre outras medidas, a atribuição de 1% do Orçamento de Estado para a cultura, sublinhando a importância da defesa do património histórico e cultural, como por exemplo os Pavilhões do Parque. Henrique Fialho alerta para a “possibilidade de alienação deste património colocando-o ao serviço de interesses particulares, especulativos, que não são benéficos para a cidade”, referindo-se ao hotel previsto para o local e que irá “descaraterizar” aqueles edifícios emblemáticos.
“Estamos aqui para assinalar a importância que o Estado deve dar ao nosso património, requalificando-o, oferecendo-lhe outros tipo de utilização, disponibilizando-o e colocando ao serviço das populações”, defendeu.
O candidato por Leiria acredita que a concessão ainda possa ser revertida e que os Pavilhões possam ter uma outra utilidade coincidente com a da sua origem, a de servir de apoio ao hospital termal. “Podem ser colocados ao serviço do SNS, da prestação de cuidados de saúde aumentando outras valências que não existem na região, ou no âmbito das Caldas Cidade Criativa. Soluções para beneficiar os cidadãos e a cidade e não uma entidade privada”, realçou Henrique Fialho, que teme que a população ainda não esteja sensibilizada para a transformação que aquele espaço irá sofrer, nomeadamente o Céu de Vidro, que passará a ser a entrada do hotel.
Já esta semana, as problemáticas associadas à preservação da Lagoa de Óbidos estiveram na agenda dos candidatos da CDU, que também contataram com os trabalhadores do call center, da Promol e da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha.
CDS em arruada pela cidade
Cerca de três dezenas de militantes e simpatizantes do CDS-PP andaram em arruada pelo centro da cidade na tarde de segunda-feira. O grupo, que contou com a presença do cabeça de lista pelo distrito, António Galvão Lucas, e do número 4 da lista, Paulo Pessoa de Carvalho, aproveitou o dia nas Caldas para visitar a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste e reunir-se com a direção da AIRO.
À Gazeta das Caldas António Galvão Lucas destacou que as Caldas é um dos concelhos “mais importantes” do distrito, com peso em termos do turismo e indústria, da cerâmica e de outros setores.
Na reunião com a associação industrial, os centristas quiseram ouvir o que têm a dizer os representantes das empresas e setores estratégicos do concelho, mas também apresentar as propostas do CDS nestas áreas.
“É fundamental um choque fiscal”, destacou o cabeça de lista por Leiria, destacando que as empresas portuguesas estão asfixiadas e propõem uma diminuição de IRC para 17%, com vista a baixar para 15% no final da legislatura. O fim da derrama, a limitação dos impostos sobre o combustível até 30% sobre o preço de venda e reestruturação da política energética são outras das medidas propostas.
Outra das bandeiras do CDS é que o ensino politécnico possa ser equiparado às universidades, podendo só ter mais acesso a financiamentos mas também à outorga de doutoramentos. “Pretendemos que se se possa dar um maior estatuto ao politécnico enquanto ensino superior, sabendo que aqui no distrito tem sido feito um trabalho muito forte a esse nível’’, salientou António Galvão Lucas.
O cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Leiria acredita que no próximo dia 30 possa haver uma boa surpresa para o CDS-PP. “Pela recetividade às nossas respostas, pela simpatia com que temos sido recebidos, pela dinâmica da campanha e da estrutura que está super motivada, acredito que é possível eleger um deputado em Leiria”, concluiu o cabeça de lista.
O CDS-PP tinha estado também já na Foz do Arelho para abordar as questões do assoreamento da Lagoa e também o potencial dos desportos náuticos, nomeadamente o kitesurf.
E no Mercado de Santana
Domingo foi dia de campanha no Mercado de Santana, no concelho das Caldas, para o PS. No dia seguinte, a comitiva socialista, juntamente com o cabeça de lista pelo distrito, António Sales, esteve no Bombarral e reuniu com o presidente da Câmara.Tempo ainda para conhecer o trabalho realizado pela Santa Casa da Misericórdia e para uma arruada pela vila. No dia seguinte de visita foi destinada ao tecido empresarial bombarralense.
Também o PSD esteve no Mercado de Santana, em Alvorninha, no domingo, onde tiveram oportunidade de se encontrar com os candidatos sociais democratas por Santarém e promoveram uma ação de proximidade com vendedores e comunidade local. No dia antes, durante a manhã, os sociais democratas fizeram uma arruada pelas ruas das Caldas, onde contaram com a presença de vários antigos autarcas.
Também o Chega fez uma arruada durante a manhã de sábado, pelas ruas caldenses, com a participação do cabeça de lista por Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro. No dia antes a comitiva do Chega esteve no Bombarral, onde contatou com representantes do comércio local e população, e Peniche onde abordou essencialmente as questões da pesca e da agricultura.
O Bloco de Esquerda visitou e reuniu com a direção do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro na passada quarta-feira. De acordo com o partido, do encontro com a diretora do agrupamento, foi percetível que as maiores dificuldades resultam da dimensão excessiva do agrupamento e da sua grande dispersão pelo território, em que a distância maior entre escolas chega aos 30 quilómetros da escola sede. Dessa distância resultam dificuldades de articulação pedagógica e no desenvolvimento de alguns projetos, refere o bloco em nota de imprensa, dando também registo da abordagem ao problema da carreira docente e do progressivo envelhecimento dos professores e, consequentemente, da dificuldade em conseguir professores em determinadas áreas disciplinares.
O Livre esteve a 23 de janeiro em Óbidos e também em Peniche com a ação de campanha “espalhar notícias do bota acima”. ■
Círculo de Leiria elege uma dezena de deputados
PSD venceu todas as eleições legislativas no círculo eleitoral de Leiria, mas PS tem encurtado distâncias
Depois do voto antecipado, que teve lugar no passado fim de semana, os eleitores são chamados às urnas no próximo domingo. No círculo eleitoral de Leiria está em causa a eleição de dez deputados. No boletim de voto estão inscritas 18 candidaturas, mas a lista do PPM.PURP não entra nas contas, dado que o Tribunal Constitucional recusou a aprovação da coligação.
Em 2019, o PSD (33,52%) conseguiu eleger cinco deputados, mas teve uma das vitórias mais apertadas de sempre no distrito, dado que o PS (31,07%), que garantiu quatro deputados, ficou 5.479 votos de distância. O melhor resultado dos socialistas foi estabelecido em 1976, quando ficaram apenas a 126 votos do PPD/PSD, tendo ambas as forças eleito quatro membros para o Parlamento.
De resto, os social-democratas venceram todas as eleições legislativas no distrito, sendo que o triunfo mais expressivo ocorreu em 1987, quando Aníbal Cavaco Silva obteve a primeira maioria absoluta da história. Nesse ano, o PSD alcançou um valor recorde de 146.831 votos (60,75%) e elegeu nove deputados, deixando apenas dois lugares para o PS.
Expetativa para domingo
Há dois anos, o BE (9.36%) manteve o deputado que tinha eleito em 2015, “roubando”, desse modo, o deputado que, por tradição no distrito, pertencia ao CDS-PP, partido que, sempre que concorreu sozinho, só não elegeu deputados por Leiria em duas ocasiões: nas legislativas de 1987 e 1991.
A expetativa para domingo é grande no que concerne às contas no distrito, sobretudo para perceber se o PS consegue, efetivamente, disputar a vitória no círculo eleitoral e se o BE, que tem vindo a cair de votação nos 16 concelhos, é capaz de manter o deputado.
O Chega, que em 2019 foi a sétima força política no distrito (1.49%), acredita que pode eleger deputados, mas para o conseguir terá de duplicar os votos que obteve nas últimas autárquicas nos 16 concelhos de Leiria (9.130 votos).
Com contas mais adversas para eleger um parlamentar está a CDU, que nunca garantiu presença na Assembleia da República quando passou a concorrer com “Os Verdes”. É preciso recuar até 1985, quando o PCP liderava a APU, para encontrar o último deputado comunista eleito por Leiria. Quando concorreu sozinho, o PCP elegeu um deputado em 1976, mas falhou a eleição por Leiria nas primeiras eleições legislativas livres, em 1975.
Desde a Constituinte e até 1987, Leiria elegeu onze deputados, mas desde 1991 passou a ter direito a dez parlamentares, o que também diminuiu as possibilidades de os pequenos partidos conseguirem chegar à eleição. ■