Três anos depois de ter estado em risco de encerrar, as Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro são “um exemplo daquilo que uma parceria entre o sector privado e o Estado pode fazer para que se continue a assegurar não só o emprego mas a viabilidade de produtos que têm mercado” quem e além-fronteiras. Quem o diz é Feliciano Barreiras Duarte, o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
De visita à centenária fábrica caldense, no passado dia 12 de Junho, o social-democrata lembrou os tempos difíceis vividos em finais de 2008 e princípios de 2009, quando a compra por parte da Visabeira, na qual o governo socialista chefiado por José Sócrates teve um papel fundamental, salvou os mais de 170 posto de trabalho e garantiu a viabilidade da empresa. Os resultados actuais mostram que “valeu a pena todo um conjunto de reivindicações que, à época, os trabalhadores e os responsáveis autárquicos fizeram para sensibilizar o governo de então a encontrar uma solução”.
Desde então, a Bordallo Pinheiro aumentou a sua produção e conquistou novos mercados, como Israel, Austrália e Nova Zelândia. Foram ainda recuperados clientes antigos que, na altura, tinham deixado de fazer encomendas.
Por isso, Feliciano Barreiras Duarte diz que este é “um exemplo de uma PME que aposta na exportação”, caminho a seguir pelas empresas que queiram resistir aos tempos de crise. O governante desafiou os responsáveis a reforçarem a aposta nos mercados externos, sobretudo nos Países de Língua Portuguesa. “São zonas que estão cada vez mais a entrar num ciclo de desenvolvimento económico e social em que este tipo de produtos são apreciados”, disse.
Feliciano Barreiras Duarte defende que é pela inovação, pelo empreendedorismo e pela diversificação dos mercados que se traça um futuro de sucesso para as empresas nacionais, que devem evitar a todo o custo a dependência dos mercados europeus, “um dos problemas do nosso modelo económico”, disse. “Portugal não pode continuar a depender em cerca de 65% das suas produções para a Europa, quando a Europa tem problemas”.
Novas pastas permitem louça mais resistente
O administrador da fábrica, Victor Gonçalves, referiu os resultados obtidos com uma nova pasta de faiança, resultado de um ano de trabalho levado a cabo pelo engenheiro de qualidade da fábrica, António Bandeira, e está a ser usada tanto na louça utilitária como nas peças de históricas. “Neste momento as reclamações de clientes representam na Bordallo Pinheiro cerca de 0,14%. Houve uma melhoria de cerca de 400%”, sendo que antes de 2009 o índice de queixas era “superior a 40%”, explicou o responsável.
Hoje, “é muito difícil lascar uma peça da Bordallo Pinheiro” e “os clientes norte-americanos, os ingleses e os franceses repararam na solidez das nossas peças e as encomendas têm aumentado destes países”. Há ainda outros mercados onde, ao contrário que acontecia nos últimos anos, a resistência da louça made in Caldas da Rainha começou a ganhar terreno à louça chinesa.
Na produção também houve mudanças. “Estamos a melhorar sobretudo em termos de conformação, peças que antigamente eram feitas por enchimento, agora são feitas à prensa ou ao roller”, o que permite aumentar o número de peças produzidas diariamente, que podem chegar às sete mil.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt