Nas Caldas, os candidatos da oposição foram unânimes nas críticas ao actual executivo, o que obrigou o actual presidente a gastar muito tempo na sua defesa |Joel Ribeiro
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Todos os candidatos às câmaras de Óbidos e Caldas marcaram presença nos dois debates promovidos pela Gazeta das Caldas, respectivamente a 14 e 18 de Setembro. Foram escrutinados os principais problemas e desafios para ambos concelhos nos próximos anos, encontrando-se aspectos comuns, como a linha do Oeste, a Lagoa de Óbidos e a necessidade de um hospital para o Oeste. Já questões como a intermunicipalidade dividiram posições entre a esquerda e a direita.
A vida autárquica local interessou à população que encheu os dois auditórios. Contudo, em Óbidos as reacções foram mais vivas e fizeram-se sentir com mais intensidade que nas Caldas, onde a discussão foi mais morna.
Os debates chegaram a todo o mundo através da emissão da 91 FM e do Facebook da Gazeta das Caldas e podem ser ouvidos novamente durante a próxima semana. O de Óbidos será reemitido no dia 27 de Setembro pelas 21H00 e o das Caldas no dia seguinte, à mesma hora.
Em ambos os debates as intervenções dos candidatos foram cronometradas electronicamente |Joel Ribeiro
Eram 21h00 e já o auditório da Casa da Música estava praticamente cheio de interessados em saber o que os candidatos à liderança do município obidense tinham a dizer para os convencer a colocar a cruz no boletim de voto. Mas, pela noite dentro foi-se percebendo que muitos tinham já decidido o seu sentido de voto e estavam ali para apoiar e fazer “claque” pela sua lista.
Entre os candidatos foi notório o maior à vontade no discurso do actual presidente da Câmara, Humberto Marques, e do sindicalista Rui Raposo, enquanto que o professor Vítor Rodrigues, o funcionário público João Paulo Cardoso e o empresário Carlos Pinto Machado evidenciaram mais nervosismo e falta de experiência nestes confrontos públicos.
O primeiro momento em que essa hesitação foi mais notória foi na resposta à pergunta lançada pelo director da Gazeta das Caldas, José Luiz de Almeida Silva, sobre a opinião dos candidatos acerca da criação de instâncias supramunicipais, a saída destes concelhos da região Centro e a criação de uma nova CCDR envolvendo o Oeste, a Lezíria e Vale do Tejo. Vítor Rodrigues optou por não manifestar claramente a sua posição, referindo não se tratar da altura própria para o fazer. Já o centrista Carlos Pinto Machado provocou o primeiro burburinho do público quando defendeu a fusão de Óbidos com os concelhos das Caldas da Rainha e do Bombarral, com sede no primeiro.
Outro dos temas quentes da noite foi a ocupação de parte da Rua Direita pelas bancas do comércio local, que durante os grandes eventos aproveita o fluxo de visitantes para assim obterem mais receita. Um comportamento que provoca limitação na circulação de pessoas e viaturas.
Esta discussão marcou vários momentos da noite e envolveu todos os candidatos, sendo mais acesa entre Humberto Marques (PSD) e Vítor Rodrigues (PS). Se por um lado o actual presidente da Câmara acusou o vereador Vítor Rodrigues de não votar favoravelmente o regulamento que disciplina o espaço público, o socialista responsabilizou a maioria social-democrata de não o aprovar e retirá-lo da ordem de trabalhos.
João Paulo Cardoso considerou a vila um centro comercial a céu aberto e criticou o “estaleiro” em que está transformada a Cerca do Castelo, com as casas em madeira que foram utilizadas nos eventos.
Esta temática também não é indiferente a Carlos Pinto Machado, que defende um comércio diferente em Óbidos que o habitual, que apelidou de “loja de chinês” e de “feira do norte de África” e que atrai o que chamou de “turista de garrafão”, numa alusão ao parco consumo que ali é feito.
Os ânimos exaltaram-se quando o candidato centrista chamou jocosamente “Humbertinho” a Humberto Marques, enquanto este fazia a sua intervenção. O candidato social-democrata não gostou da provocação e disse-lhe que este brincava aos candidatos, até porque nas últimas eleições tinha-lhe pedido coligação, o que lhe foi negado.
A nível ambiental, destaca-se a ideia defendida por João Paulo Cardoso (BE) para a criação de um parque de campismo ecológico na zona do aeródromo do Arelho, juntamente com a reflorestação do local para compensar a desmatação feita para a construção dos empreendimentos no Bom Sucesso.
Foram três horas de debate com um público atento, responsivo, que aplaudiu, murmurou em apoio e discordância e riu com as piadas e as gafes dos candidatos.
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CANDIDATOS melhor PREPARADOS NAS CALDAS
Já nas Caldas o cenário foi um pouco diferente, com uma plateia menos entusiasmada, mas igualmente atenta. Por outro lado, os candidatos caldenses manifestaram na generalidade uma maior preparação e conhecimento dos temas em discussão.
Também neste segundo debate a questão do concelho supramunicipal causou divergência, com Rui Gonçalves (CDS) a defender uma fusão ao nível das autarquias, que reconhece que nunca irá acontecer e negando a regionalização que foi defendida pela CDU e BE. Já os restantes candidatos mostraram-se receptivos à criação da nova CCDR.
Quanto à possibilidade da reversão da agregação das freguesias, houve unanimidade. José Carlos Faria (CDU) disse que os comunistas sempre se opuseram à fusão das freguesias, o centrista Rui Gonçalves disse que isso não iria alterar nada, tendo sido denunciado pelos candidatos da oposição os interesses partidários que estavam por detrás da agregação das freguesias nas Caldas. Lembraram que algumas delas foram feitas a régua e esquadro, sem continuidade territorial e de forma a garantir a manutenção da liderança do PSD naquelas em que este partido poderia não conseguir maiorias.
Todos os candidatos que se opõem ao PSD criticaram a falta de actuação da Câmara em áreas como a limpeza e falta de manutenção de alguns espaços públicos, assim como de nada se fazer para solucionar o problema dos edifícios degradados.
Os ataques foram de tal modo constantes que Tinta Ferreira (PSD) teve que se focar mais na sua defesa do que em apresentar as ideias da sua recandidatura. Já o adversário socialista aproveitou as oportunidades para, munido do programa de campanha de 2013, denunciar que as principais promessas eleitorais de Tinta Ferreira ainda não foram cumpridas. Só que o presidente da Câmara argumentou que as suas propostas nas últimas eleições eram a 10 anos, o que levou Luís Patacho a contrapor que os mandatos são de quatro.
O candidato social-democrata socorreu-se dos dados mais recentes do desemprego para enaltecer a boa situação das Caldas. Números que não convenceram Luís Patacho, que disse que estes reflectem as medidas macroeconómicas do governo. Já Lino Romão questionou quantos empregos foram criados por acção da Câmara e quantos trabalhadores em situação precária a autarquia tem, o que obrigou Tinta Ferreira a socorrer-se do telemóvel para obter os dados.
A crispação entre Tinta Ferreira e Luís Patacho acentuou-se na recta final do debate quando o socialista acusou o seu adversário de falta de proactividade na procura de investimento para o concelho. Irritado, Tinta Ferreira perguntou quem era Luís Patacho para saber se ele é ou não proactivo e acrescentou que se não o fosse, não teria havido um investidor para os Pavilhões do Parque.
41 ANOS DEPOIS
Gazeta das Caldas realizou este conjunto de debates 41 anos depois de ter realizado um debate autárquico inaugural nas Caldas da Rainha, com os candidatos ao município naquelas que foram as primeiras eleições autárquicas da Democracia em finais de 1976.
Um dos intervenientes nesse debate, e que viria a ser o primeiro presidente da Câmara, Lalanda Ribeiro, foi convidado a falar sobre a sua experiência e a lançar a primeira pergunta para debate. Aquele que também é presidente da Assembleia Municipal quis saber quais as propostas dos candidatos para problemas que já existiam no seu tempo e que continuam sem solução, como é o caso da Linha do Oeste e da Lagoa de Óbidos. O outro interveniente vivo que participou no primeiro debate, Arlindo Rosendo, também foi convidado, mas não pôde comparecer.
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