O CDS-PP das Caldas da Rainha concorda com a manutenção do Hospital Termal no actual local, desde que garantidas as condições físicas e de funcionalidade do edifício, mas defende que o relançamento do termalismo terá também que passar pela aposta na saúde, bem-estar e lazer, com a construção de um Hotel Termal e SPA.
“Temos que pensar em SPAs, medicinas alternativas, talassoterapia, massagens, saunas, ginásios, fisioterapia e tudo aquilo que quisermos”, explicou o arquitecto Rui Gonçalves, número quatro da lista do CDS à Câmara das Caldas, durante a apresentação das propostas daquele partido para o termalismo, numa sessão no Céu de Vidro.
Para Manuel Isaac, candidato a presidente da Câmara, é essencial que sejam os caldenses a tomar conta do Hospital Termal e, desde a primeira vez que falou com o actual Ministro da Saúde defendeu essa solução. “Todos os governos que conheci nunca quiseram saber do Hospital Termal”, entende.
O deputado considera que foi depois de ter defendido esta ideia que o Ministério da Saúde entendeu iniciar as conversações com a Câmara para a passagem do património e concessão das águas à autarquia.
No início da apresentação, o presidente do CDS-PP das Caldas da Rainha, Luís Braz Gil, explicou que o programa deste partido para as próximas eleições autárquicas se baseia em três propostas nucleares: termalismo, Lagoa de Óbidos e Agricultura. A 1 de Setembro o CDS vai apresentar as propostas sobre a Lagoa de Óbidos e no dia 8 irão falar sobre Agricultura e Juventude.
Rui Gonçalves salientou que a água é um elemento fundamental no concelho, da Lagoa de Óbidos ao Hospital Termal, sem esquecer a barragem de Alvorninha. “São os elementos que marcam a identidade deste território e a nossa vocação”, disse.
Para o CDS é muito urgente que se resolva os problemas da contaminação da água termal com as intervenções necessárias. “O primeiro ponto a ultrapassar é a reabertura do Hospital Termal”, referiu Rui Gonçalves. Depois disso, os democratas-cristãos querem que a Câmara assuma o património termal e a concessão da água “para depois então percebermos o que é que vamos fazer do Hospital”.
Na opinião dos elementos do CDS, “se o Hospital Termal tiver condições, quer em termos da estrutura do edifício quer em termos de funcionalidade, deve continuar a ser Hospital”.
Para o CDS é também importante garantir que este seja rentável. “Não podemos permitir que se crie aqui um elefante branco e depois a Câmara é que tenha de pagar as despesas do Hospital”, defende o arquitecto.
“Hospital Termal – grande alavanca que as Caldas precisa”
Na sua opinião, a própria autarquia poderá gerir directamente o Hospital Termal, desde que nomeie para a sua administração alguém que tenha “um perfil que se adeqúe e com conhecimentos do termalismo nos tempos modernos” e que ao mesmo tempo “seja caldense”. Outra hipótese, avançada por Manuel Isaac, é a da concessão da exploração a um privado onde têm que estar definidas as condições do legado da Rainha e de outros compromissos assumidos ao longo do tempo. “Este é o princípio de uma grande alavanca que as Caldas precisa”, disse.
Por outro lado, para Rui Gonçalves, mesmo que o Hospital volte a funcionar com seis ou sete mil utentes “é preciso ir mais além e adaptarmo-nos aos tempos modernos”, apostando na saúde, bem-estar e lazer.
Em relação aos Pavilhões do Parque, o arquitecto entende que há que fazer também um estudo que avalie a sua estrutura. “Antes de defender o que quer que seja para aquele edifício, temos que saber o que é que aguenta a estrutura”, referiu o arquitecto. Recentemente colaborou numa tese de mestrado sobre esta realidade, para o qual realizou um estudo da hipotética adaptação dos edifícios para um Hotel Termal com SPA e outras valências, a qual revelou boas perspectivas de rentabilidade num investimento deste género.
“Nos três pisos superiores dos pavilhões do Parque pode ser instalado um hotel com 120 quartos e o rés-de-chão seria para as áreas comuns e um SPA”, explicou Rui Gonçalves. Na antiga Casa da Cultura, funcionariam as áreas de restauração, abertas ao público, de forma a ser mais rentável. “Temos que pensar nisto como um negócio, não vale a pena estarmos com estigmas. Assim como o Hospital Termal tem de ser um negócio. Se não for, não vale a pena”, defendeu.
Para o Parque e a Mata considera que há muitas ideias que podem ser desenvolvidas, nomeadamente ao nível dos eventos com o regresso da Feira Nacional da Fruta e das regatas, entre outros. Na sua tese de mestrado, Rui Gonçalves fez um estudo para a Lagoa de Óbidos onde defende a criação de uma ligação daquele ecossistema até à zona termal, com uma ciclovia e circuito pedonal ao longo do rio da Cal. “Assim podemos fazer a ligação do turismo de saúde e bem-estar ao turismo de natureza, náutico e gastronómico”, disse.
Para o CDS, Caldas tem que ter um conceito de Cidade Termal, que vá além de um hospital e de um hotel. “Tem de ser uma cidade em que alguém chegue e percebe que há um ambiente propício à prática do termalismo, com um espaço urbano, cuidado e apelativo”. Na sua opinião, a cidade actual é incompatível com o conceito de Cidade Termal. “Quem gosta desta cidade assim faça o favor de votar noutras pessoas”, concluiu.
Pedro Antunes
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