O que esteve na origem da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia? Quais os seus valores e ideais? Que papel teve na criação da União Soviética em 1922? De que forma o Exército Vermelho contribuiu para a derrota nazi? Em que pé está hoje o Socialismo? Estas são algumas das questões para as quais havia respostas nos painéis espalhados pela galeria de exposições temporárias do Museu do Ciclismo.
Aos painéis explicativos juntam-se fotografias, cartazes de propaganda e ilustrações, as mais importantes obras escritas por autores socialistas (Engels, Marx e Lenine) e alguns símbolos do Exército Vermelho, como um boné.
“Centenário da Revolução de Outubro – Socialismo, exigência da actualidade e do futuro” é uma iniciativa do PCP, que ao longo do ano tem dinamizado alguns eventos a propósito da comemoração dos 100 anos desta revolução. Pelo país, em museus, bibliotecas, Câmaras municipais, escolas e outros espaços públicos, estão montadas várias exposições semelhantes a esta. Só na festa do Avante! é que foi apresentada uma edição ampliada e mais completa.
A Revolução de Outubro deu-se a 7 de Novembro de 1917 (25 de Outubro no calendário russo), dia em que o Partido Bolchevique, constituído maioritariamente pelo proletariado russo, conquistou o poder ao sistema político czarista. “A partir daí assistiu-se a um gigantesco empreendimento que transformou a velha e atrasada Rússia num país altamente desenvolvido”, contextualizou Manuel Rodrigues, membro do Comité Central do PCP e director do jornal Avante!. “Foi numa Rússia devastada pela I Guerra, marcada pela exploração, fome e analfabetismo [mais de 75% da população não sabia ler nem escrever] que o proletariado abriu caminho a uma sociedade sem opressão do homem pelo homem”, acrescentou o dirigente, realçando que esta revolução foi a primeira grande vitória do Socialismo sobre o Capitalismo.
Também no seguimento desta revolução, surgiram movimentos operários por todo o mundo e foram constituídos numerosos partidos comunistas (como é exemplo o caso português, tendo o PCP sido fundado em 1921). A proibição do trabalho infantil, uma jornada máxima de oito horas de trabalho, férias pagas, igualdade de direitos entre homens e mulheres, o direito e proteção na maternidade, a alfabetização da sociedade, e a assistência médica e educação gratuitas estiveram entre as maiores conquistas da União Soviética.
“Esta exposição é uma lição de História, por isso mesmo deve ser visitada por todos os públicos, independentemente da sua cor política”, referiu Manuel Rodrigues, para quem a liberdade e a democracia são os dois principais valores da Revolução de Outubro. “Nunca uma democracia atingiu tal profundidade pois pela primeira vez na História o governo era constituído por classes que representavam mais de 90% da população – os operários e camponeses”, acrescentou o dirigente, frisando que o grande objectivo da União Soviética era construir uma sociedade ao serviço do ser humano em geral e não apenas de pequenos grupos.
Apesar da derrota do regime soviético em 1991, Manuel Rodrigues acredita que a história do Socialismo não chegou ao fim. E aponta dados que o justificam: apenas oito grandes capitalistas acumulam a mesma riqueza que 3,6 milhões de pessoas no mundo, o desemprego atinge 200 milhões de pessoas e 56% dos empregos criados entre 1997 e 2013 são precários, 67,4 milhões de crianças não frequenta a escola, 830 milhões de pessoas são trabalhadores pobres, 795 milhões sofrem de fome crónica e 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil. “Quem vive reprimido, mais cedo ou mais tarde organiza-se e revolta-se. Será pelas mãos do povo que a história continuará”, disse.
A mostra ficará patente no Museu do Ciclismo até ao dia 29 de Outubro. No próximo sábado, dia 21, pelas 16h00, haverá um debate à volta deste tema no local da exposição.