As propostas de intervenção que a autarquia tem para o Parque D. Carlos I, sustentadas no relatório do Instituto Superior de Agronomia (ISA), merecem a concordância da oposição. Sete deputados municipais participaram, na manhã de 4 de Janeiro, numa visita técnica, conduzida pela engenheira florestal e a arquitecta paisagista da Câmara caldense, Paula Almeida e Filipa Oliveira, após um pedido do CDS-PP. Os centristas justificam esta visita com a necessidade da oposição estar informada e envolver-se nas opções estratégicas da gestão daquele espaço, que é um dos ex-líbris da cidade.
Mais controversa será a visita prevista para hoje, 13 de Janeiro, à Mata, onde a oposição espera ver esclarecidas preocupações como o do eventual abate de árvores para a ampliação de uma rua.
Com ponto de encontro marcado para o Céu de Vidro, a visita estendeu-se depois, durante toda a manhã, pelo Parque D. Carlos I, com as duas técnicas da autarquia a dar a conhecer aos deputados municipais presentes as intervenções previstas, suportadas pelo estudo do Instituto Superior de Agronomia. Participaram nesta visita, além de um representante de cada partido com assento na Assembleia Municipal (com excepção do MVC), representantes das uniões de freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório e de Tornada e Salir do Porto, assim como o vice-presidente da Câmara.
O CDS-PP justificou esta visita com a necessidade da oposição estar informada e envolver-se nas opções estratégicas da gestão do Parque, cumprindo, por um lado, o seu papel de fiscalização do executivo municipal e, por outro, participando na busca das melhores soluções.
Os deputados foram informados das diligências já tomadas no que respeita à inventariação das espécies botânicas, nomeadamente do seu estado fitossanitário e à inventariação patrimonial. Foram também esclarecidos sobre os projectos que estão em curso sobre a recolocação de mobiliário e os planos existentes quanto ao abate e replantação de árvores.
Durante a visita o representante do CDS, João Diniz, deixou a proposta à junta de freguesia de convidar os ceramistas do concelho a conceberem e produzirem pequenas peças para identificação e explicação dos diferentes espaços do Parque e das árvores mais notáveis. O deputado centrista sugeriu ainda que a Junta possa convidar entidades e a própria população a “apadrinharem” árvores, “reforçando os laços afectivos entre a cidade e o seu Parque” e ajudando, assim, nos custos da replantação de espécies exóticas.
A visita permitiu ao deputado centrista ficar “mais descansado” pois percebeu que “não está a ser feita uma gestão casuística, mas tendo por base um plano técnico”.
João Diniz disse ainda à Gazeta das Caldas que, além do Parque e da Mata, o CDS está preocupado com as árvores da Rua Fernando Paiva e Sousa (ao longo do cemitério velho) que, “em princípio, também serão todas cortadas”.
Pedro Marques, deputado da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha pelo PSD, considerou a visita ao Parque bastante interessante e elucidativa em relação ao que está a ser feito naquele espaço ao nível da conservação e planificação. “Ficou-se a perceber o que se está a fazer e o que se quer fazer, que as árvores vão ser abatidas porque estão mortas e constituem perigo para as pessoas que ali circulam e para as outras árvores”, comentou. O deputado social-democrata acrescentou que todos os deputados concordaram que o trabalho que está a ser realizado, com o acompanhamento do Instituto Superior de Agronomia, “é o correcto”.
Em relação ao muro da Mata, Pedro Marques disse que ainda nada foi decidido ao nível do partido, até porque não existe ainda informação técnica sobre esse assunto. Mas sua opinião pessoal é a de que há um grande número de pessoas que passam naquela rua todos os dias (é o único acesso ao Campo Municipal da Quinta da Boneca, onde decorrem os treinos e jogos de futebol das camadas jovens do Caldas SC) e a segurança dessas pessoas tem de ser salvaguardada.
“Ninguém gosta de abater árvores só por abater, mas temos que ver que é uma rua que entre as 17h30 e as 21h00 passam, se calhar, 500 carros com crianças e os seus familiares”, pelo que defende a necessidade de uma intervenção.
Quem por lá passa, acrescenta, apercebe-se que o muro “não é das coisas mais seguras”. De resto, este já abateu e foi reparado numa parte, junto ao campo de futebol.
Pedro Marques defende, por isso, que é preciso encontrar uma solução que permita garantir a segurança dos utentes daquela rua, prejudicando o menos possível a flora do local.
Visita esclarecedora
O deputado municipal do PS, José Carlos Abegão, considerou que a vista foi esclarecedora. “Fiquei bastante satisfeito, as engenheiras responsáveis pareceram muito competentes, conhecedoras em pormenor do Parque, dos problemas que existem e da forma de os solucionar”, disse à Gazeta das Caldas.
O deputado socialista não poupou elogios ao trabalho da União de Freguesias de Nª Sra. do Pópulo Coto e São Gregório e ao presidente Vítor Marques, que “tem tido um papel importante na recuperação do Parque e incansável em devolvê-lo às pessoas”.
José Carlos Abegão disse que aquele ex-libris da cidade foi votado ao abandono após o 25 de Abril, pelo Ministério da Saúde e pelo Centro Hospitalar e que, com o trabalho levado a cabo entretanto pela união de freguesias, “não parece o mesmo dos últimos 20 anos”.
Mais grave que a questão do Parque, será a da Mata, cujo abandono a que também foi sujeita levou à queda de muitas árvores pela força das intempéries. Por outro lado, o crescimento das árvores também tem pressionado e deformado o muro. Um problema que não será fácil de resolver, até porque “do outro lado também existem as minas de água”.
José Carlos Abegão não concorda que a reparação do muro obrigue ao abate de árvores porque “elas foram abandonadas e já caem por elas” e porque é necessário preservar as zonas verdes. Defende, por isso, que a autarquia deverá tentar arranjar o muro sem alargar a estrada.
No entanto, considera que a visita prevista para hoje, 13 de Janeiro, vai permitir analisar melhor a situação.
O MVC não se fez representar por impossibilidade dos dois deputados. Edgar Ximenes tem pena de não poder ter acompanhado a visita e destaca que esta é uma questão “sensível”, que deve ser seguida com o máximo de atenção.
O deputado realça o mérito do CDS-PP ao pedir a visita e as respectivas explicações e acrescenta que a que está prevista para a Mata ainda será mais importante.
Para Edgar Ximenes é consensual que o muro tem que ser intervencionado, mas põe em dúvida se há necessidade de ampliar a via e, “muito menos, à custa da mata”.
O deputado da CDU, Vitor Fernandes, gostou da visita. “Ficamos a saber o que a Câmara pensa e o que está a ser feito em relação às espécies existentes no parque”, disse, acrescentando que algumas das suas dúvidas e preocupações foram desvanecidas. “Estão apenas a abater as árvores que estão a morrer e serão substituídas por novas, tentando manter no fundamental a vegetação ali existente”, disse à Gazeta das Caldas.
Vítor Fernandes destacou ainda o bom trabalho que está a ser feito pela União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório relativamente à manutenção daquele espaço.
No entanto, continuam outras como a realização de largadas de touros, que a CDU repudia que se façam no Parque.
Vitor Fernandes realça ainda que falta fazer a visita à Mata, onde espera ter informações sobre a possibilidade de cortes de árvores, adiantando desde logo que está contra essa intervenção. “Esta primeira visita foi bom para conhecermos o que está previsto fazer e eles [Câmara] sabem que estamos atentos e vigilantes”, concluiu.