Foi uma noite de contrastes na sede de campanha do PSD nas Caldas da Rainha. O desalento provocado pelo panorama rosa que se pintava pelo país e pelas derrotas nas freguesias da Foz do Arelho, Santa Catarina e Tornada e Salir do Porto, deu lugar à euforia no final da noite, com o reforço da votação nas uniões de freguesia urbanas e a eleição do quinto vereador para o executivo à Câmara. Mas a festa acabou por ser feita entre portas, sem caravana a anunciar a vitória à cidade.
Foi com tranquilidade que se começaram a receber os primeiros resultados na sede de campanha do PSD das Caldas da Rainha, na Praça 5 de Outubro. Numa sala, à porta fechada, estavam reunidas em quartel-general as principais figuras da concelhia. Na sala principal, onde um grande quadro negro aguardava a inscrição dos resultados, cerca de uma dezena de pessoas esperava ao início da noite os resultados no concelho e assistia pela televisão às más notícias que chegavam de todo o país.
Eram cerca de 20h20 quando um primeiro aplauso no interior do quartel-general anunciava a primeira vitória da noite, nos Vidais, comunicada pouco depois por Luís Ribeiro, que foi porta-voz em relação aos resultados.
As vitórias a nível local iam-se sucedendo, mas pelas 20h45 a reeleição de Alice Gesteiro no Nadadouro era acompanhada pelo prenúncio da derrota na Foz do Arelho. Esta foi confirmada meia hora mais tarde, após uma recontagem dos votos, e causou o primeiro grande sinal de desalento em relação ao concelho.
Com a sede a encher-se gradualmente de militantes, os resultados que se seguiam não melhoravam em relação às freguesias. A candidatura de Santa Catarina não conseguia bater o CDS-PP. E depois era a perda da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto para o PS. Era o ponto baixo da noite, mas relativizado pelas vitórias laranja à Câmara e à Assembleia Municipal mesmo nessas freguesias.
SUSPENSE QUANTO AO 5º VEREADOR
Porém, a partir daí foi sempre a subir para os sociais-democratas. Às 21h55, o resultado na União de Freguesias de Nª. Sra. Pópulo Coto e S. Gregório, com um reforço da votação superior a mil votos, deixou as cerca de 50 pessoas presentes na sede em apoteose. Pela primeira vez falava-se em viva voz da possibilidade de eleger um quinto vereador para o executivo camarário.
A confirmação veio já depois das 23h00 com o resultado das votações em Santo Onofre. Só no fim de registados todos os resultados no quadro negro é que os eleitos emergiram da sala fechada, com Pedro Raposo à frente para receber os aplausos e os cumprimentos pela eleição para vereador.
O discurso de vitória surgiu pelo presidente reeleito à Câmara, Tinta Ferreira, que considerou esta “uma das maiores vitórias do PSD nas Caldas e em contraciclo, quando toda a gente está a virar as costas ao PSD”. De resto, acerca do resultado do PSD a nível nacional, Tinta Ferreira lembrou que o conselho nacional do partido iria reunir para analisar os resultados e que era “natural” que se seguisse um processo eleitoral.
O presidente reeleito lembrou que durante a campanha pediu à população uma maioria reforçada e considerou que estas “perceberam a mensagem e deram-nos essa força”. Apesar do reforço de poder, Tinta Ferreira promete “ouvir o que os caldenses nos dizem” e lembrou que a maioria “não nos dá o direito de impor a nossa vontade sem ouvir os outros”. Disse que ainda há muita obra para fazer e os principais pontos focados foram o combate à desertificação nas freguesias, a limpeza e a sustentabilidade social, para que “ninguém fique para trás”.
Tinta Ferreira assinalou o rejuvenescimento nas freguesias, com quatro novos presidentes, as vitórias largas em Salir de Matos e Vidais, e a conquista da maioria em Nª. Sra. Pópulo, Coto e S. Gregório.
Quanto às três derrotas nas freguesias, optou por elogiar a campanha que as respectivas equipas fizeram e lamentou que a escolha da população tivesse sido outra. Contudo, acrescentou que a autarquia tem “o dever de tratar todas as freguesias por igual, independentemente de quem está à frente”.
Em relação ao caso específico da Foz do Arelho, com a reeleição de Fernando Sousa, Tinta Ferreira disse que, havendo uma investigação a decorrer no Ministério Público em relação às contas daquela freguesia, a autarquia poderá ter que assumir as competências que são delegadas na Junta, caso o processo impeça ou dificulte a assinatura de novos contratos de delegação de competências.
A noite terminou com festejos contidos ao interior da sede, uma vez que o desfile previsto em caravana pela cidade não chegou a sair. A razão apontada foi o adiantado da hora, já que o desfile perto da 1h00 da madrugada iria incomodar os caldenses.