Terminado o ciclo das eleições legislativas e presidenciais, os partidos começam já a equacionar as autárquicas que vão ter lugar dentro de dois anos.
A saída de Rui Correia da vida política – motivada pelo seu instinto de que não seria novamente escolhido para candidato à Câmara depois do desastre eleitoral de 2014 – significa que o PS caldense começou já o complicado processo de encontrar um nome para enfrentar o PSD, que há três décadas preside aos destinos do concelho.
A menos que vingue a tentativa da oposição, que tem tido iniciativas comuns e alguns reuniões para gizar uma candidatura conjunta contra o PSD (que está na Câmara desde 1977, com uma interrupção de três anos em que o poder local foi ocupado pelo CDS quando candidatou o independente Paiva e Sousa).
Essa possibilidade é hoje mais possível em consequência da queda do 20º governo constitucional da coligação PSD/CDS, por votação conjunta das forças à esquerda. No entanto, a nível local o maior risco para esta tentativa de coligação é que o CDS local a abandone dada a grande divergência ideológica com os restantes partidos (apesar de todos estarem globalmente em sintonia nas críticas à maioria laranja).
Mas do lado do PSD avizinham-se também tempos conturbados, com Fernando Costa a querer disputar com Tinta Ferreira o lugar de candidato a presidente da Câmara. O ex-presidente não tem dado tréguas à actual gestão camarária, que tem mantido debaixo de fogo com inúmeras críticas nas redes sociais. E não passou despercebido que se sente afastado do centro de decisão social-democrata local quando, nas Tasquinhas do Verão passado, manifestou o seu desagrado por não ter subido ao palco e apontou o dedo aos autarcas em exercício afirmando que se estavam lá era porque ele os tinha ajudado.
De resto, Fernando Costa tem vindo já a formalizar alguns convites, sobretudo nas freguesias, para criar um equipa que, muito provavelmente, quererá que seja sob a égide do PSD e não como candidatura independente.
Tinta Ferreira, porém, não está disposto a sair ao fim de uma legislatura, pelo que a guerra no seio do PSD deverá estalar mais cedo ou mais tarde.