O Grupo de Acção Costeira do Oeste (GAC Oeste), pode vir a contar com mais verbas, além dos cerca de três milhões de euros iniciais, assim existam projectos que justifiquem o apoio. A possibilidade foi avançada pela ministra do Ambiente, Mar, Agricultura e Ordenamento do Território no passado dia 30 de Novembro, na Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar de Peniche (ESTM).
A governante visitou a escola do Instituto Politécnico de Leiria para tomar contacto com os projectos de I&D do Grupo de Investigação em Recursos Marinhos e do Grupo de Investigação em Turismo que ali estão a ser desenvolvidos e que contam com financiamento do GAC Oeste. Exemplos do “empenho em olhar para as zonas do mar e transformá-las de potencial a realidade” que caracteriza o grupo, cujos programas Assunção Cristas considera serem “absolutamente impressionantes na variedade”.
A ministra defendeu que o grupo de acção e a escola “podem ser forças vivas de dinamização de uma economia azul”. Uma economia que aproveite a riqueza de possibilidades e oportunidades do mar e das tradições ligadas ao mar e que as traduza “num enriquecimento das condições de vida e de trabalho” das comunidades das zonas costeiras.
Assunção Cristas garantiu que a nível nacional ainda há verbas disponíveis no PROMAR – Programa Operacional de Pescas. E pediu aos responsáveis pelo GAC Oeste que avisassem o Ministério, caso as verbas do GAC Oeste se revelarem escassas. “Há fundos, precisamos é de ter projectos com capacidade de contratualização e de execução para que possamos aplicar os fundos que se destinam ao mar”, disse.
O anúncio deixou os responsáveis pelo GAC Oeste visivelmente satisfeitos. Rogério Cação, presidente da Adepe (a entidade gestora do projecto que envolve 15 parceiros), disse à Gazeta das Caldas que há “muitos projectos, muitas manifestações de interesse e obviamente que as disponibilidades financeiras são manifestamente insuficientes”. O alargamento das verbas vai permitir dar cobertura a mais projectos, além dos 32 já apoiados.
“Sabendo nós que há promotores interessados, que há projectos que ficam subfinanciados porque não temos dinheiro e que eventualmente podemos ir um bocadinho mais longe no financiamento, uma notícia destas dada em público, numa altura destas, é extremamente interessante”, considerou o responsável. Para Rogério Cação, é indiscutível que o GAC Oeste tem feito “um trabalho muito sustentado” que traz benefícios inegáveis às 17 freguesias litorâneas abrangidas, distribuídas pelos concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos e Peniche.
Uma opinião partilhada pelo presidente da Câmara de Peniche, António José Correia, que salientou “a demonstração de vitalidade” do GAC Oeste, que conta com uma equilibrada participação de entidades públicas e privadas. Para o autarca, este projecto é a prova de que “o Oeste é merecedor de um olhar atento por parte do Ministério, que permita sermos um oeste mais activo, independentemente de nos quererem tirar a nossa região de turismo”, lamentou.
Quem também marcou presença na sessão foi o presidente da Câmara da Nazaré, Jorge Barroso, que realçou a necessidade de “passar o discurso do mar, das oportunidades, do cluster do mar, à prática”, uma mudança que se deseja rápida.
Quanto à possibilidade de aumentar as verbas, o autarca nazareno salientou à Gazeta das Caldas, já no final da visita, que “o discurso todo tinha uma dimensão, a prática começa a não corresponder exactamente à expectativa que foi criada e por isso é importante que este reforço aconteça”.
Escola “junta valências da terra à ambição do ensino”
A importância da parceria entre a ESTM e o GAC Oeste não foi esquecida por Assunção Cristas. Para a governante, esta é uma escola que “junta as valências da terra à ambição do ensino” e começam já a ver-se frutos desta parceria.
Os dois grupos que ali funcionam com o apoio do GAC Oeste estão a trabalhar em diversos projectos, entre os quais a reorientação da pesca e diversificação das espécies capturadas (projeto Pilado add value) e a introdução de práticas e artes de pesca inovadoras e ambientalmente sustentáveis (projeto Percebe). Está ainda a ser elaborado um plano de marketing dos profissionais da fileira (MTM – Maritime Tourism Marketing), projectam-se novas marcas e empresas dedicadas à venda de novos produtos ou produtos alternativos do mar (Fish Tour) e promove-se a recuperação do património material e simbólico da pesca do Oeste (Reconversão do Património e das Gentes do Mar).
Um trabalho que para o presidente do IP Leiria, Nuno Mangas, reforça a imagem de “escola de excelência” com um corpo docente “perfeitamente integrado no objectivo de dinamizar os recursos marinhos e o turismo”.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt