Ninguém sabe do inquérito ao abastecimento de gasóleo camarário

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O inquérito que a Câmara das Caldas deliberou instaurar ao caso do abastecimento de gasóleo a geradores para a produção de espectáculos deveria ter ficado concluído em meados de Fevereiro, mas ninguém sabe o que lhe aconteceu e o próprio inquiridor está, aparentemente, desaparecido.
A Câmara das Caldas não respondeu à Gazeta das Caldas sobre quanto já pagou à L.F.L. – Engenharia Unipessoal, Lda, de Luís Filipe da Graça Lacerda, com quem contratualizou a execução de um inquérito independente para apurar o que aconteceu em torno dos fornecimentos de gasóleo à empresa Mais Produções e, eventualmente, outras.
O próprio inquiridor também não respondeu a nenhuma tentativa de contacto do nosso jornal.

Neste processo, a única coisa que parece ter avançado foi o inquérito do Ministério Público, na sequência de uma queixa do vereador Hugo Oliveira, que já teve como consequência uma breve visita de inspectores da PJ às instalações da Gazeta das Caldas (embora sem terem entrado na redacção por não terem consigo mandato judicial).
Este não é o primeiro inquérito ao gasóleo que a Câmara das Caldas manda realizar e que fica a patinar. Há 20 anos um escândalo relacionado com o abastecimento de combustível às viatura camarárias por parte da então Garagem Caldas, que defraudou o município em alguns milhares de contos, também acabou em nada.

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O escândalo rebentou em Dezembro, num momento em que os vereadores Hugo Oliveira e Tinta Ferreira disputavam no seio do PSD a candidatura à Câmara das Caldas. Um mail anónimo enviado a algumas redacções de jornais regionais dava conta de factos – posteriormente confirmados – que envolvia a empresa Mais Produções – Unipessoal Lda, o PSD local e a Câmara Municipal numa teia de relações que passavam pela prestação de serviços ao município e aquele partido a troco de abastecimento de gasóleo camarário.
Alberto Pinheiro, da empresa Mais Produções, divulgou então que tinha realizado durante a última campanha eleitoral trabalhos para o PSD das Caldas da Rainha que não lhe tinham sido pagos e exigia o pagamento ao presidente da Câmara, Fernando Costa, que reagiu mal por o empresário estar a misturar as contas do seu partido com as do município.
Num inquérito preliminar que então se realizou,  numa conferência de imprensa e no debate da Assembleia Municipal, ficou então a saber-se que era prática corrente a Mais Produções abastecer os geradores usados nos espectáculos com gasóleo da Câmara da Caldas. E que tal procedimento era feito não só às ordens de Hugo Oliveira, como também da vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira.
No entanto, foi Hugo Oliveira quem na altura ficou mais prejudicado neste processo, numa altura em que este, com o apoio da JSD local, lutava para ser o candidato social-democrata à Câmara das Caldas.
Fernando Costa, porém, nunca o deixou cair e manteve-o sempre ao seu lado, reiterando-lhe a sua confiança. O edil diria mesmo numa conferência de imprensa que esta era “a história mais dolorosa” porque já passara na sua vida autárquica. E prometeu desde logo que o PSD pagaria as suas dívidas à Mais Produções e que haveria um inquérito independente para saber o que acontecera aos fornecimentos de gasóleo camarário. Aos jornalistas prometeu que tudo faria para que ficassem esclarecidos.
Em reunião de Câmara foi então deliberado por unanimidade adjudicar (por uma quantia que o município não quis divulgar à Gazeta das Caldas) à L.F.L. – Engenharia Unipessoal, Lda, de Luís Filipe da Graça Lacerda, a realização de um inquérito que deveria estar pronto no prazo de 60 dias.
Paralelamente, Hugo Oliveira apresentou uma queixa ao Ministério Público contra desconhecidos para apurar quem tentara difamá-lo ao ter divulgado este caso.
Do inquérito camarário, porém, nada se sabe. Gazeta das Caldas apurou que, seis meses depois, nem o empresário Alberto Pinheiro nem os vereadores foram ainda ouvidos. E que a própria autarquia – tal como o nosso jornal – tem tido dificuldades em contactar o inquiridor Luís Filipe da Graça Lacerda pois este não responde.
Entretanto dois inspectores da PJ pediram para aceder aos computadores da Gazeta das Caldas, o que não veio a acontecer porque não tinham mandato judicial. C.C.

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