“Não me conformo em ter a única marginal do mundo sem nenhum hotel”

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Manuel Sequeira está à frente dos destinos do concelho da Nazaré desde março, sucedendo a Walter Chicharro

A falta de unidades hoteleiras, a par de lugares de estacionamento, são problemas da Nazaré, que se tem projetado mundialmente ao nível turístico

A exercer funções de presidente de Câmara desde finais de março, Manuel Sequeira destaca a política de desenvolvimento da imagem da Nazaré para o exterior, a par da luta pela diminuição da dívida.
Arranjar mais estacionamento e conciliar o turismo com a diversão noturna são desafios para este executivo

Que balanço faz dos três anos de mandato?
Deixe-me corrigir. Eu tomei posse a 25 de março do presente ano, após a eleição para a Assembleia da República do então presidente Walter Chicharro.
O que eu posso assegurar é que a política de desenvolvimento da imagem da Nazaré no exterior, a luta persistente pela diminuição da dívida e o consequente fim do desequilíbrio estrutural financeiro a que estamos sujeitos, mantêm-se nos nossos horizontes. Não os podemos perder de vista, nem nos vamos desviar desse rumo.
Ainda assim, neste curto espaço temporal devo realçar a união que temos vindo a criar no sentido de alcançarmos os objetivos atrás citados. Neste abraço de união incluo toda a gente, independentemente do seu credo político, isto porque o que está em causa é a Nazaré e essa não tem cor partidária.
Da minha parte realço ainda a solidariedade de todos os colaboradores do Município que tudo têm feito para participar na solução e nunca no problema.
Como sabe, decidi na minha tomada de posse, dividir os cargos políticos por toda a vereação. Tratou-se de distribuir de forma equitativa pelos restantes colegas as presidências das entidades do grupo municipal. Somos quatro, um ficou com a vice-presidência da Câmara, outro com a presidência dos Serviços Municipalizados e outro com a presidência da Empresa Municipal. Este espírito de equipa só reforça o grupo.
De resto, o programa eleitoral que nos projetou para um terceiro mandato tem sido seguido à risca. Queremos manter esse desiderato porque os nazarenos merecem a retribuição da confiança que nos têm dado. É para eles que nós trabalhamos.

Que desafios e projetos tem no seu concelho com impacto regional?
Um dos maiores desafios que temos vindo a constatar prende-se com a dificuldade em conciliar turismo com diversão noturna. Trata-se de duas problemáticas de sintonia impossível. Sendo a Nazaré um polo turístico não podemos abdicar de poder proporcionar ao nosso visitante diversão noturna, sob pena destes virem a procurar outros destinos que não o nosso.
A solução pode passar por criar zonas de diversão que não conflituam com a habitação e mormente o alojamento local.
Temos em mão vários projetos que iremos empreender no sentido de continuar a projetar a Nazaré como terra hospitaleira que tão bem sabe receber.

Quais os problemas crónicos do seu concelho e como os está a tentar resolver?
O problema crónico do nosso concelho prende-se com a manifesta falta de estacionamento para quem nos visita. Como sabemos a imagem da Nazaré está projetada por todo o mundo. Teve inclusive honras de projeção durante um mês nos leds da Times Square, em Nova Iorque. Essa conquista, esse orgulho ninguém nos pode tirar. Registe-se ainda que acabamos de receber a informação de que o Forte de São Miguel Arcanjo foi o segundo espaço cultural mais visitado do país, logo a seguir ao Mosteiro dos Jerónimos. Porém, as quantidades massivas de turistas acarretam problemas que estruturalmente não podemos dar resposta. A morfologia da vila impede grandes veleidades nessa matéria. A solução terá por passar por investimentos que sozinhos não podemos empreender. Estou a falar de silos automóveis com vários andares em altura ou até mesmo em profundidade. Há projetos. O que não há mesmo é poder para investir.
Estamos no momento da revisão do PDM e essa problemática tem de ser tida em conta. Há áreas mais a sul da vila que podem servir para ajudar a resolver esse anátema que tanto nos aflige.
O pavimento de algumas artérias é outro desafio. A Nazaré geograficamente merecia outra atenção em termos de pavimentação. Havendo naturalmente um declive na direção do mar, o tipo de pavimento a instalar devia ter isso em conta. Vamos fazendo alterações, mas a sua conclusão leva o seu tempo. Por outro, temos ícones que havendo de alindar. A estrada de acesso ao Forte de São Miguel Arcanjo e a ladeira que une o Sítio à Nazaré são duas vias que têm de ser intervencionadas. Sem nunca esquecer a necessidade de atuar em muitas artérias das outras duas freguesias Famalicão e Valados dos Frades.
Aliado a este problema surge a falta de unidades hoteleiras. O alojamento local tem vindo a crescer com grande dignidade, dando à Nazaré uma resposta impossível de ser dada por outra via. Acontece que aliada a esta solução têm de crescer instalações hoteleiras. Eu não me conformo em ter a única marginal do mundo sem nenhum hotel. Existe um que foi crescendo fruto da evolução física que tem sofrido.

Vai recandidatar-se?
O meu pensamento é viver o momento. Temos em mãos tanta obra a concluir no presente que nos impede de pensar no futuro. Essa análise será feita a seu tempo e disso darei conta a todos. ■

Maria de Fátima Duarte
Vereadora PSD

1 – Que balanço faz destes três anos do executivo?
Infelizmente para a população da Nazaré (concelho) o balanço não é positivo. Todas as obras que fariam a diferença para as pessoas que cá vivem mas também para as que nos visitam estão por fazer e as que foram feitas deixam muito a desejar.
O executivo refere-se à Nazaré como “uma terra de Elite” o que só faz sentido se se estiver a referir a todo o concelho, no entanto, o Mercado Municipal da Nazaré continua por requalificar e a apresentar graves sinais de decadência, o problema de falta de estacionamento continua por resolver, as ruas e estradas do concelho estão degradadas. Há falta de habitação a custos controlados, no entanto as casas de habitação social que existem continuam a ser as que foram construídas no “passado”, são claramente insuficientes e estão muito carentes de manutenção, os acessos ao Forte de são Miguel também estão piores que nunca, não foi criado um plano de trânsito e mobilidade que melhore a qualidade de vida de quem cá vive e de quem nos visita. Conquistou-se um novo centro de saúde que não dá resposta às necessidades dos munícipes, incluindo as de competência municipal. Conquistou-se o ensino secundário público mas não se criou condições para dar respostas aos alunos, com a escola a necessitar urgentemente de obras de ampliação e manutenção que, mesmo tendo sido anunciadas várias vezes, afinal já não se vão realizar.
Quase 12 anos depois a dívida continua altíssima e os impostos no máximo. O concelho da Nazaré tem um potencial imenso que não está a ser aproveitado no sentido de o colocar rumo a um verdadeiro desenvolvimento sustentado e sustentável, o que é lamentável.

2 – Quais as principais conquistas da oposição PSD neste mandato?
Num mandato com maioria absoluta e por vezes coroado com alguma arrogância, a oposição não tem tarefa fácil. Muitas das propostas apresentadas em sede de reunião do direito de oposição não são inseridas no Orçamento, não obstante, esta condição exige, da nossa parte, uma maior atenção a todas as necessidades que não estão a ser satisfeitas, e um maior empenho na luta por um concelho com um crescente desenvolvimento. Em sede de reunião de Câmara apresentamos as preocupações que os munícipes nos fazem chegar propondo a sua resolução. Insistimos incessantemente pela realização das obras necessárias para uma melhor qualidade de vida dos nossos munícipes, alunos, turistas, e outras de mais pequena dimensão mas não menos importantes para atingir um todo de excelência, que é o que a Nazaré merece e não tem. Mas sempre com a preocupação de não sermos força de bloqueio nas decisões que achamos que irão contribuir para isso mesmo.■

 

João Delgado
Vereador CDU

1 – Que balanço faz destes três anos do executivo?
O balanço é francamente positivo para a CDU. Se dúvidas ainda pudessem subsistir quanto à capacidade de trabalho, independência, honestidade e criatividade, tanto na proposta, como na denuncia dos diferentes problemas do concelho, por parte da CDU, as mesmas ficaram claramente dissipadas.
A CDU tem vindo a ser o principal ator na oposição às políticas desastrosas desenvolvidas pelo PS nos últimos 11 anos. A contribuição da CDU tem vindo a credibilizar e a dignificar o funcionamento deste órgão autárquico, dado que se deve essencialmente à nossa força política a forma como se aprofundam todas as matérias colocadas à discussão e deliberação, caso contrário, as reuniões de câmara teriam uma curtíssima duração, numa deriva, reiterada e intencional, de degradação das práticas democráticas, onde importava “turistificar”, “carnavalizar”, “futebolizar” e “surfizar” a política local.

2 – Quais as principais conquistas da oposição CDU neste mandato?
Desde logo há uma conquista de fundo que queremos salientar: a CDU empenhou-se em colocar de forma profunda a análise política e ideológica como aspeto central das reuniões de câmara, travando os intentos do PS em transformar um órgão eminentemente político num órgão especialmente técnico e burocrático, prestando um péssimo serviço à democracia.
Desde logo, foi por proposta da CDU que as reuniões de câmara passaram a ser transmitidas online, levando a democracia a casa de grande parte das pessoas que normalmente não assistem presencialmente às reuniões do órgão. Fizemos aprovar medidas de grande alcance social, económico e cultural, para além de muitas outras propostas que ficaram por aprovar, por opção da maioria do PS, como, e só para dar um exemplo, a propostas de aumentar os apoios à natalidade na ordem dos 100 euros por ano até ao final deste mandato.
Foi por proposta da CDU que foi criada a 1ª bolsa municipal de apoio à Criação Artística e Literária, que foi criado o Conselho Municipal para os Assuntos do Mar e da Pesca, que foi aprovada a construção de uma Rotunda em Fanhais; que se implementaram redutores de velocidade por diversas vias com registos de sinistralidade no conselho,etc.
A CDU foi determinante para travar a implementação de um parque de produção de energia eólica e fotovoltaica em Fanhais, por ser contrário aos interesses das populações, e foi essencial para travar um atentado ao património natural e simbólico local – a intervenção prevista no Bico da Memória. ■