Uma comitiva do Partido Ecologista “Os Verdes” fez, na passada quarta-feira (19 de Setembro) o percurso entre Lisboa e Figueira da Foz na Linha do Oeste. A iniciativa insere-se numa acção de âmbito nacional, denominada “Comboios a rolar, Portugal a avançar”, que visa combater o encerramento de linhas e a redução dos serviços, bem como afirmar este meio de transporte como a forma de mobilidade mais adequada.

As t-shirts que ostentam, brancas com as linhas dos carris e o slogan “Comboios a rolar, Portugal a andar” são de 2011, mas continuam actuais. Os Verdes já tinham feito a acção a nível nacional nesse ano e agora, sete anos depois, voltam para fazer um novo diagnóstico da ferrovia. E não é positivo.
De acordo com a dirigente nacional dos Verdes, Manuela Cunha, com excepção da Linha do Leste, houve uma degradação dos serviços devido à carência de material circulante.
A viagem pela Linha do Oeste decorreu no passado dia 19 de Setembro. E as dificuldades começaram logo na compra dos bilhetes para partirem do Rossio e fazerem o trajecto até à Figueira da Foz. Tentaram comprar um bilhete de grupo com antecedência, mas tal não foi possível porque a CP não consegue assegurar de véspera que existam comboios para o dia seguinte. Foram, então, no próprio dia às bilheteiras da estação do Rossio e, quando pediram o bilhete, houve quem lhes perguntasse porque é que íam de comboio. “É incrível que na casa CP se pergunte a passageiros porque é que vão de comboio”, reage Manuela Cunha, acrescentando que o comboio é o meio de transporte mais amigo do ambiente, que mais ordena o território e desenvolve o país. A dirigente nacional ainda ironiza que, com a dissuasão que é feita aos passageiros para utilizar este meio de transporte, é “compreensível porque é entre o Rossio e Meleças quase que não havia ninguém a bordo senão nós”.
O grupo apanhou um primeiro comboio entre o Rossio e Meleças (suburbano) às 9h26 e depois seguiu viagem pela Linha do Oeste, onde chegaram duas horas e meia depois às Caldas da Rainha. Poucos minutos depois alguns dos dirigentes de os Verdes continuavam a viagem rumo à Figueira da Foz, enquanto um pequeno grupo ficava nas Caldas para uma conferência de imprensa na estação.
“Hoje houve comboio e cumpriu os horários, mas parece ter sido uma excepção”, refere Manuela Cunha, que ficou nas Caldas durante algumas horas até regressar, de novo de comboio, a Lisboa.
Mais trabalhadores na EMEF
A acção nacional, que arrancou a 28 de Agosto e terminou a 21 de Setembro, começou com uma visita às oficinas da EMEF (empresa responsável pela reparação do material da CP), no Entroncamento. Os Verdes querem que o próximo Orçamento de Estado contemple a entrada de mais trabalhadores para aquela empresa, fazendo notar que os 120 que estão previstos entrar são insuficientes para compensar as saídas que têm ocorrido desde 2015. Uma prática que teria efeitos positivos na linha do Oeste pois grande parte dos comboios avariados não são reparados por falta de pessoal.
“É preciso outro concurso com a maior urgência para poderem entrar mais trabalhadores”, defendeu Manuela Cunha, reconhecendo que já foi “aberta a bolsa do Orçamento de Estado para se comprarem novos comboios mas, tudo isso, muito atrasado e puxado a ferros”.
Os Verdes defendem a concretização da electrificação da Linha do Oeste, bem como a reparação do material circulante que está parado porque verificaram que há passageiros na linha e, “se mais horários houvesse, e garantia de fiabilidade do serviço, ainda mais passageiros haveria”, rematou a dirigente nacional.
Manuela Cunha referiu ainda que o arranque parlamentar será dominado pela questão da ferrovia e destaca como positivo que a relatora da petição pela modernização da Linha, lançada pela Comissão de Defesa da Linha do Oeste seja a deputada dos Verdes, Heloísa Apolónia.