Partidos expectantes em relação à auditoria às contas da Foz do Arelho

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Assembleia de Freguesia da Foz do Arelho (
Assembleia de Freguesia da Foz do Arelho (Foto de arquivo)

A maioria das forças políticas caldenses prefere aguardar pelo resultado da auditoria às contas e procedimentos contabilísticos da Junta da Foz do Arelho antes de se pronunciarem sobre a situação ali vivida. Mas há comentários políticos para todos os gostos, sobretudo entre os que querem envolver o PSD e os próprios laranjas que procuram traçar uma linha divisória entre a gestão anterior e a actual.
Já o MVC mantém a confiança em Fernando Sousa até ao final da auditoria, mas afiança que, após as suas conclusões, se for caso disso, “o caso deverá prosseguir administrativa e judicialmente, doa a quem doer”.

 

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PS QUER AUDITORIA RÁPIDA

Sara Velez, presidente da concelhia socialista diz que o seu partido tem vindo a acompanhar o assunto com atenção e manifestou a sua preocupação com as notícias que têm vindo a ser conhecidas sobre a situação financeira da Junta da Freguesia da Foz do Arelho.
Respeitando a decisão tomada pela Assembleia de Freguesia de mandar auditar as contas, a dirigente diz que o PS/Caldas aguarda agora pelos seus resultados, esperando que os mesmos possam esclarecer de “forma célere e cabal todas as dúvidas e suspeitas que têm vindo a ser levantadas nas últimas semanas e respeitantes aos últimos mandatos”.
Sara Velez não se quis pronunciar sobre a possibilidade de retirada de confiança política a Fernando Sousa, reservando mais comentários para depois de conhecer os resultados da auditoria, cuja “relevância do assunto impõe que esteja concluída o mais rapidamente possível”.

BE DIZ QUE O MVC VEM DO PSD

O dirigente bloquista Lino Romão diz que a situação da Foz do Arelho reforça a convicção do BE sobre a prática política do MVC que não veio trazer nada de novo em relação ao que foram as práticas anteriores.
“Não é por acaso que o presidente da Junta da Foz pertencia a uma espécie de segunda linha do PSD que nunca teve grande expressão naquele partido”, do qual saiu juntamente com outras pessoas para se juntarem no MVC.
“Por isso não é surpreendente que repliquem práticas que não são as melhores”, disse.
Sobre se o MVC deveria retirar a confiança política a Fernando Sousa, o dirigente bloquista diz que não se pronuncia sobre o que outras forças políticas deverão ou não fazer. “O que sei é que não me reconheço naquelas práticas, mas não me surpreendem porque o MVC tem sido a muleta de apoio ao PSD nas Caldas”.

SITUAÇÃO NÃO É DE AGORA, DIZ CDS

“Daquilo que se sabe do que lá se passa e que carece de confirmação com o fim da auditoria – que tarda bastante – é que há indícios fortes de ilegalidades”. Rui Gonçalves, do CDS/PP, diz que “o pior é que se começa a perceber que esta situação já não é de agora e que aquela forma de funcionamento já vem de mandatos anteriores”.
O dirigente centrista diz que, se o presidente da Junta fosse do seu partido já lhe teriam retirado a confiança política. “Primeiro seria convidado a demitir-se e se o não fizesse retirávamos-lhe a confiança política”, disse.

PCP SEM RESPOSTA NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Para o dirigente do PCP, Vítor Fernandes, é preciso apurar de quem é a responsabilidade e se esta é do anterior ou do actual executivo da Junta de Freguesia. “É preciso apurar se houve negligência e depois cada um sofrer as consequências”, disse, referindo que o caso ainda está “pouco claro”.
O também deputado municipal considera que não se podem fazer juízos de valor sem se ter conhecimento de todos os factos e conta que já levantou o assunto na Assembleia Municipal para saber como é que a Câmara está a acompanhar a situação, sem que tivesse obtido resposta.
Caso esta situação acontecesse com um presidente de Junta do PCP, Vítor Fernandes diz que iria “ouvir as pessoas em causa porque acreditamos nelas”, destacando que no caso da Junta da Foz há que esperar que a justiça actue.

PSD COM DÚVIDAS SOBRE AUTARCA-FUNCIONÁRIA

O presidente da concelhia caldense do PSD, Hugo Oliveira, diz só se irá pronunciar sobre o assunto depois do resultado da auditoria. Ainda assim faz questão de “deixar claro” que a actual junta não foi eleita pelo PSD e que o ex-autarca da Foz do Arelho, Fernando Horta, sempre deu provas de competência e seriedade.
Já em relação ao actual elenco daquela junta, o também vereador colocou reticências quanto à situação dúbia da funcionária Maria dos Anjos, que neste mandato integrou as listas do MVC e foi eleita para aquela junta de freguesia.
Questionado sobre se, numa situação semelhante com um autarca do PSD, lhe retirariam a confiança política, a resposta foi negativa. “É preciso esperar pelo resultado do parecer da Direcção Geral das Autarquias Locais e da auditoria para depois haver uma decisão”, justificou.
UM BURACO DE 30 MIL EUROS

A auditoria às contas da Foz do Arelho foi pedida pela Assembleia de Freguesia depois de ter sido tornado público que havia um buraco de 30 mil euros nas contas da autarquia. O presidente da Junta, Fernando Sousa, eleito pelo MVC admitiu que parte das despesas não tinham suportes documentais em conformidade, mas apresentou papéis que explicariam cerca dos 10 mil euros em falta. Outra tranche de 10 mil euros seriam de cheques levantados por uma funcionária da Junta (Maria dos Anjos), cujo destino afirmou desconhecer. E os restantes 10 mil euros, o autarca não soube explicar, mas afirmou que assume a “responsabilidade política” desta situação até que a auditoria clarifique tudo.
Reconheceu também que tinha “falta de experiência” na gestão contabilística.
Durante o seu mandato, Fernando Sousa viu demitirem-se dois tesoureiros (Luís Vilaverde e Jorge Constantino), descontentes com a forma como o presidente da Junta e a secretária, Maria dos Anjos, geriam as contas da autarquia.

MVC aguarda por factos comprovados  

Instada pela Gazeta das Caldas a comentar a situação da Foz do Arelho, Teresa Serrenho, líder do MVC, far-nos-ia chegar horas mais tarde um documento no qual refere que “a confiança política reside no conjunto dos eleitos pelo MVC e, naturalmente, pode ser confirmada ou retirada, mas nunca com base em “julgamentos” feitos pela comunicação social ou por adversários políticos, mas apenas com base em factos comprovados.”
O documento diz que o MVC já defendia uma auditoria às contas da Foz desde que conquistou aquela freguesia em 2013 e que se deve esperar agora pelos resultados da que está a decorrer. “Só depois disso, e se for o caso, se deverá prosseguir administrativa e judicialmente, doa a quem doer”, refere.
O MVC diz ainda que os seus autarcas não estão subordinados a qualquer forma de controlo que não seja a dos próprios eleitores, até porque a própria legislação prevê que os grupos de cidadãos que promovem candidaturas independentes se dissolvam automaticamente após as eleições.

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