Uma belga candidata à União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto

1
862
- publicidade -

De naturalidade belga e portuguesa, Liesbeth Vermoesen, de 53 anos, reside em Salir do Porto há 24 anos e é candidata à União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto pelo Movimento Independente Viver o Concelho.
Esta munícipe diz que nunca pensou vir a candidatar-se a um cargo político, mas olhando para o seu percurso reconhece que era um passo natural e acredita que poderá fazer a ponte entre os muitos estrangeiros que residem nesta freguesia e o resto da população.
No concelho das Caldas da Rainha, Liesbeth Vermoesen é a única candidata estrangeira, em lugar elegível, a uma autarquia.
A paixão pela baía de S. Martinho do Porto e os problemas de saúde do então marido, levaram Liesbeth Vermoesen a deixar a Bélgica em 1989 e a fixar-se na região Oeste portuguesa. Tinha então 29 anos e uma filha de dois anos, quando foi viver para o Chão da Parada. Mas logo que a residência da família ficou pronta, mudaram-se para Salir do Porto, onde ainda hoje vive e onde possui um turismo de habitação.
Formada em Turismo, Liesbeth Vermoesen começou então a colaborar com a Região de Turismo do Oeste, tendo criado uma rota pedestre de Salir do Porto para o Montejunto e feito a sua manutenção durante mais de uma década. Também fez traduções para folhetos promocionais e trabalhou em feiras de turismo na Bélgica, Holanda e Alemanha, para promover a região.
Esta empresária continua a trabalhar para operadores turísticos na Bélgica para fazer programas de caminhadas e de cultura, onde procuram a ligação que Portugal teve com a Flandres dos séculos XV e XVI. Este ano organizou, pela primeira vez, férias de recuperação para doentes oncológicos belgas, em colaboração com a associação Olha-te.
Agora está a começar a fazer programas de saúde e bem-estar.
Em Salir do Porto a sua cidadania vincada levou-a a realizar várias acções, como a limpeza da escola primária para a sua reabertura após as obras e a dinamização de um grupo no âmbito do movimento Limpar Portugal. Liesbeth Vermoesen é também sócia da ACCCRO, da Nostrum, da Associação de Flamengos em Portugal e voluntária no Olha-te.
Recentemente soube que o Movimento Independente Viver o Concelho andava a recolher assinaturas para efectuar a candidatura e, ao conhecer as propostas apresentadas, identificou-se com elas. “Gostei da ideia de quererem a participação das pessoas e pedirem a minha opinião sobre quais os problemas da minha freguesia e sugestões para os resolver”, disse.
Liesbeth Vermoesen diz mesmo que ficou impressionada com a atitude do movimento, pois em todos estes anos que reside na região, tem participado em tantos eventos e, até conhece alguns políticos, mas “nunca ninguém me tinha feito estas perguntas”.
Nunca pensou vir a candidatar-se, mas olhando para o seu percurso era um passo natural, reconhece agora.
Contudo, não foi uma decisão fácil: a sua primeira reacção ao convite de Teresa Serrenho foi “nem pensar”, mas depois reflectiu e decidiu aceitar porque tem ideias sobre o turismo que acha que podem ajudar a economia local.
Saturada com a situação política a que chegou o país, Liesbeth Vermoesen considera que os cidadãos têm que deixar de criticar e também dar o seu contributo construtivo para mudar as coisas.
No seu caso particular, considera que a experiência belga é uma mais-valia e espera poder ser uma ponte entre os estrangeiros e a cultura portuguesa. “O grupo de estrangeiros a residir na região entretanto é tão grande que não pode ser esquecido, e isso ainda acontece actualmente”, diz a candidata, que já anda no terreno a conversar com as pessoas e a receber muitas críticas, mas também boas ideias.
Aos eleitores faz as mesmas perguntas que lhe fizeram: quais os principais problemas da terra, o que é preciso fazer e que soluções defendem. “E é engraçado que em Inglaterra também houve um problema semelhante ao do nosso Hospital Termal, que foi resolvido, explicaram-me cidadãos ingleses”, disse, acrescentando que devem aproveitar-se as boas soluções.
Liesbeth Vermoesen refere que não é possível resolver todos os problemas e têm que se definir prioridades, mas é “papel da política falar de maneira a que todas as pessoas entendam e mostrar as contas, para que percebam o que pode ser feito e o que é luxo e acessório”.
A imigrante belga foi também convidada pelo PS e BE para integrar as suas listas nestas autárquicas, mas declinou os convites porque se identificou com a visão do Movimento.
Além de Liesbeth Vermoesen, o movimento Independente Viver o Concelho conta com a participação do inglês Jeffrey Gardner como mandatário sénior, que pretende ser um ponto de contacto com a comunidade anglófona nas Caldas.

UMA INGLESA NAS LISTAS DO PSD

O PSD integra na sua lista de candidatos à Assembleia de Freguesia da Foz do Arelho, em 9º lugar, a inglesa Alison Jane Blanchard. Esta cidadã já tinha integrado esta lista nas últimas autárquicas.
A lei permite que se candidatem às próximas autárquicas cidadãos estrangeiros oriundos dos Estados Membros da União Europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia e Croácia), Brasil e Cabo Verde, desde que devidamente recenseados.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

- publicidade -

1 COMENTÁRIO

  1. Movimento independente de Viver o Concelho com a perspectiva de viver o mundo. A aproximaçao entre povos, na sua riqueza e diversidade,faz-se mais por actos de pasrtilha e de solidariedade do que por grandes tratados, tantas vezes ocos de sentires e sentido.