Deputados aprovaram a estratégia que pretende colocar as Caldas no mapa do desporto e da atividade física. Na Assembleia Municipal de 18 de fevereiro, foram ainda aprovadas revisões ao PDM para permitir investimentos no concelho, mas também houve críticas ao atraso na conclusão da sua revisão
Os deputados municipais aprovaram, por unanimidade, o Plano Estratégico do Desporto e Atividade Física com objetivos para os próximos cinco anos que sustentará a candidatura das Caldas a Cidade Europeia do Desporto em 2028.
De acordo com o diagnóstico efetuado, no concelho existem 21652 pessoas ativas, que se traduz numa percentagem de 42,5%, muito superior à média nacional, que é de 27%, mas inferior à média da Europa, que se situa nos 60%. É também esta a percentagem que a Câmara das Caldas pretende alcançar com a concretização do plano estratégico apresentado na Assembleia Municipal de 18 de fevereiro e com um horizonte temporal até 2030.
De acordo com o documento, no concelho existem 141 instalações desportivas, 43 associações de prática desportiva, 43 modalidades (22 com atletas federados) e três federações. “Nas associações há mais de 6500 praticantes, dos quais 2596 são federados”, referiu o presidente da Câmara, Vítor Marques, dando nota do “movimento associativo muito forte”. Mesmo assim, o objetivo passa por atingir os 3000 atletas federados até 2030 (aumento total de 18% e de 3% por ano).
Vítor Marques referiu ainda que, anualmente, realizam-se 30 grandes eventos desportivos no concelho, alguns deles internacionais e que querem apostar no ciclismo, “pelo impacto que têm os nossos atletas e pelo facto de ter vindo a aumentar o número de praticantes”. Para tal estão a criar uma pista de BTT junto ao campo do Campo e programas no primeiro ciclo ligados ao ciclismo.
“Temos o objetivo de, em 2028, podermos ser Cidade Europeia do Desporto. Para lá chegar há um caminho longo desde a aposta nos equipamentos e apoio na formação”, salientou Vítor Marques, acrescentando que pretendem também fazer uma “aposta significativa” no desporto adaptado.
As despesas do município com o desporto são na ordem dos 2,37 milhões de euros, o dobro da média nacional em 2021.
Entre as intervenções programadas estão a melhoria das condições de acesso à Lagoa, para a prática de desportos náuticos, a reabilitação do skate parque, a criação de um mini complexo desportivo de areia, um “nature park” na Mata Rainha D. Leonor, mas também a criação de eventos ou instalações desportivas diferenciadoras nas freguesias.
O deputado socialista Jaime Neto manifestou o seu “regozijo” na apresentação do plano estratégico e concordância com todo o investimento a fazer na qualificação das Caldas ao nível da saúde, bem-estar, desporto, criatividade e inovação. Lembrou que o PS, já no mandato anterior, apresentou propostas para promoção de maior atividade física acima dos 55 anos, nomeadamente com o projeto “55 +”. Já o deputado do VM, Luís Paulo Batista, referiu-se ao documento como “bastante completo e que aponta estrategicamente metas, objetivos, com uma priorização de atuação”.
Alterações ao PDM
Na reunião foi também aprovada a alteração ao PDM que vai permitir a criação de infraestruturas de apoio a eventos, mercados, atividades desportivas e produção de energias renováveis na zona dos Texugos. Depois de aventada a hipótese, por parte do PS, do assunto baixar à comissão para ser melhor analisado, o presidente da Câmara lembrou que se trata de um processo com cerca de dois anos, que já esteve em consulta pública, e que precisava apenas de ser ratificado. “Estamos a falar de um hectare de terreno para a instalação de painéis fotovoltaicos, que está inclusive protocolado com a AIRO para fazer um investimento naquele local e que permitirá uma beneficiação direta para empresários e comerciantes, mas também famílias carenciadas”, explicou o autarca.
O deputado do PSD, Paulo Espírito Santo, alertou para o número de propostas de alteração ao PDM que já tiveram de apreciar enquanto que está uma revisão em curso do documento, que tarda em ser concluída.
Na mesma reunião foi ainda aprovada outra alteração ao PDM, para a área industrial do Pinhal da Câmara e Lugar do Bouro, para permitir a construção de uma fábrica de chocolate e um outro investimento, de quatro milhões de euros.
Foi ainda aprovado o Regulamento de Organização dos Serviços Municipais das Caldas da Rainha que, entre as alterações, prevê que o Planeamento e o Urbanismo tenham divisões autónomas. O Gabinete de Fundos será equiparado a divisão e o Gabinete de Veterinária passará a Unidade. Será criada uma secção dos Recursos Humanos e uma secção no Gabinete de Atendimento.
As preocupações dos munícipes
O arquiteto e antigo vereador da Câmara das Caldas, Jorge Mangorrinha recordou que há muito que tem defendido, para as Caldas, uma “solução para a estratégia urbana com base no termalismo”, que considera ser um elemento distintivo à escala regional, nacional e mundial. “Há documentos e houve rostos, mas não o suporte político unânime para esse objetivo”, referiu.
Conhecedor de mais de uma centena de estâncias termais em todo o mundo, Jorge Mangorinha alerta que “negro será o futuro das Caldas, se não houver gente conhecedora a tratar do problema e capaz de pôr em prática o que deve ser feito a uma escala ambiciosa”. Entende que “uma Cidade Termal é um ecossistema, cujo centro é a economia associada à sua atividade termal, mas que incorpora todas as ações em setores, direta ou indiretamente, associados, como a hotelaria, a restauração e o comércio, por exemplo”. O também munícipe considera que caso o Hospital do Oeste não venha para as Caldas, ou fique localizado na fronteira Caldas-Óbidos, que as atuais instalações hospitalares poderão ser aproveitadas para cuidados continuados e para especialidades médicas relacionadas com o termalismo (reumatologia, ortopedia, pediatria e medicina física e de reabilitação). E “porque não um balneário de raiz nessas instalações, dando-lhes um aproveitamento inteligente e mais perto das captações de água”, questionou.
O munícipe Fernando Jerónimo voltou à Assembleia para fazer um ponto da situação das diligências que têm feito para tentar resolver o problema de poluição proveniente de uma lagoa de decantação de dejetos de suínos, situada a cerca de 100 metros da aldeia da Rabaceira. Por seu lado, Sofia Cardoso, presidente da concelhia caldense do CDS-PP, abordou as questões da segurança e da percepção de insegurança nas Caldas, dando alguns exemplos, e questionando o executivo se a videovigilância é uma prioridade.
O período destinado ao público foi também utilizado por Matilde Fortunato, aluna do 12º ano da Escola Raul Proença, para expor algumas preocupações relativas ao concelho. A jovem começou por questionar o executivo se existem iniciativas que incentivem a prática desportiva para as pessoas com deficiência e deixou uma proposta de criação de parcerias locais com o objetivo de oferecer programas de estágio e mentorias para estudantes, preparando-os para o mercado de trabalho e contribuindo no desenvolvimento local.
A preocupação com as falhas nas marcações das estradas e sinalética deficiente levou-a a questionar se existe algum plano ou prazo em vigor para a resolução destes problemas.