O modelo de governança “pluralista” do novo executivo da Câmara conta com a participação e envolvimento ativo da sociedade civil, num plano de proximidade do poder local

O diálogo e a procura de consensos, que está no ADN do movimento independente será também a solução governativa para a Câmara das Caldas, assim o entende o novo presidente, Vítor Marques. No seu discurso de tomada de posse, na tarde de 11 de outubro e perante uma sala repleta de gente, assumiu o compromisso de garantir o “pluralismo democrático” através do envolvimento das forças não representadas nos órgãos autárquicos, numa “relação de proximidade e do acolhimento de propostas e de soluções apresentadas por essas forças”.
O agora eleito presidente já falou com todas as forças políticas lançando-lhes o desafio para trabalhar em conjunto e garante não estar preocupado por não ter maioria absoluta no executivo, “Se nos conseguirmos conciliar e juntar no mesmo sentido, julgo que as coisas serão fáceis de executar”, acredita. Inclusivamente, gostaria que o Orçamento fosse conversado e discutido com estas forças, “uma vez que não estão representadas”, disse, referindo-se ao PCP, BE, CDS-PP, que perderam a representatividade nas últimas eleições, e o Chega, que se candidatou pela primeira vez.

O VM não vai fazer coligações para a Câmara, mas está em conversações com o PS para memorando de entendimento

Vítor Marques não irá estabelecer coligações para a Câmara, mas está em conversações com o PS para estabelecerem um memorando de entendimento para que possa haver convergência em alguns assuntos. Nenhum dos elementos da oposição (PSD e PS) terá pelouros, apenas os três elementos eleitos do movimento Vamos Mudar. A apoiá-los estará uma equipa de quatro pessoas – secretários e um adjunto -, composta pelos elementos da lista (não eleitos) Sara Oliveira, António Vidigal e Fábio Santos, e o mandatário da candidatura, José Cardoso. Irão desenvolver as “atividades como se fossem vereadores, porque reconhecemos neles qualidade de trabalho para esses temas”, disse Vítor Marques, destacando que não se tratam de cargos políticos, mas do aproveitamento de competências em áreas em que são especialistas, fortalecendo assim o grupo de trabalho.

A cerimónia da tomada de posse, com os presidentes eleito (à esquerda) e cessante (à direita)

O autarca destaca também a qualidade dos funcionários da Câmara e, embora reconheça que possa parece “um pouco lírico”, quer congregar todos para, em conjunto, fazer “um bom trabalho em prol do nosso concelho”.
A sua prioridade será “arrumar a casa”, mas Vítor Marques garante que não irá pôr em causa nada do que o anterior executivo tinha em marcha, inclusivamente “processos que possam não ter sido assumidos na sua plenitude com cabimentos e orçamentos, se houve um entendimento da câmara anterior com associações ou com os cidadãos, vamos querer respeitá-los”, disse aos jornalistas.
Ao deixar de exercer funções executivas na autarquia, ao fim de 25 anos (oito dos quais como presidente), Tinta Ferreira fez um balanço “francamente positivo” da sua ação. O autarca elencou as principais obras feitas e em vias de conclusão que entrega ao novo executivo, dizendo que agora irá dar o seu contributo como vereador na oposição, defendendo o que “consideramos melhor servir os interesses dos caldenses”. O autarca realçou ainda que entrega uma autarquia com uma carga municipal baixa e com um saldo de tesouraria na Câmara de 7,5 milhões de euros, e nos SMAS, de 4,5 milhões de euros, o que perfaz um saldo consolidado de 12 milhões de euros. Tinta Ferreira pretende agora retomar a sua atividade profissional, mas será “atento ao trabalho desenvolvido” e defenderá os seus princípios de gestão e organização municipal, garantiu. Também Filomena Rodrigues, em nome do PSD, registou o “muito e produtivo trabalho” do executivo social-democrata. Crítica da “postura ética” de outras listas, a também deputada municipal deixou a garantia de que este partido sempre a manterá com essas forças políticas.
Fernando Sousa, representante do Movimento Independente da Foz do Arelho, deixou um agradecimento ao presidente cessante, “que fez tudo para que as Caldas fosse uma cidade melhor” e, dirigindo-se a Vítor Marques, disse que irá ser-lhe “fiel, da mesma forma que o foi a Tinta Ferreira”.
O socialista Jaime Neto reconheceu que o PS perdeu muitos votos e mandatos autárquicos e regozijou-se com a mudança de vida autárquica nas Caldas. Lembrou que em executivos anteriores as propostas da oposição foram quase sempre recusadas, mas acredita que esta postura proativa constitui sementes para este novo mandato. ■

 

2021-2025

Constituição da Câmara Municipal

  • Vitor Marques (VM)
  • Joaquim Beato (VM)
  • Maria da Conceição Henriques (VM)
  • Tinta Ferreira (PSD)
  • Hugo Oliveira (PSD)
  • Maria João Domingos (PSD)
  • Luís Patacho (PS)

Constituição da Assembleia Municipal

  • António Curado (VM)
  • José Lalanda Ribeiro (PSD)
  • Maria Jesus Fernandes (VM)
  • Alberto Pereira (PSD)
  • Joaquim Sobreiro Duarte (VM)
  • Jaime Neto (PS)
  • Filomena Rodrigues (PSD)
  • Paulo Espírito Santo (PSD)
  • Luís Rolim Oliveira (VM)
  • Rodrigo Amaro (PSD)
  • Luís Paulo Baptista (VM)
  • Pedro Seixas (PS)
  • Maria Susana Costa (PSD)
  • Inês Fouto (VM)
  • André Santos (PSD)
  • João Gomes (VM)
  • Pedro Marques (PSD)
  • Inês Alves (VM)
  • Vânia Almeida (PS)
  • José Luís Almeida (VM)
  • Mara Marques (VM)
  • Paulo Sousa (A-dos-Francos)
  • José Henriques (Alvorninha)
  • Carlos Freitas (Carvalhal Benfeito)
  • Fernando Sousa (Foz Arelho)
  • Armando Monteiro (Landal)
  • Alice Gesteiro (Nadadouro)
  • Flávio Jacinto (Salir de Matos)
  • Fernando Fialho (Santa Catarina)
  • Rui Henriques (Vidais)
  • Pedro Brás (N. Sra Pópulo, Coto e S. Gregório)
  • Nuno Santos (Santo Onofre e Serra do Bouro)
  • João Lourenço (Tornada e Salir do Porto)

PSD mantém a liderança da Assembleia Municipal

A eleição para a mesa da Assembleia foi feita por voto secreto

O movimento Vamos Mudar obteve um maior número de votos dos eleitores à Assembleia Municipal, elegendo 10 deputados, mas com a vitória do PSD na maioria das juntas de freguesia (também representadas naquele órgão), este partido garantiu que a lista proposta – encabeçada por Lalanda Ribeiro e com Pedro Marques e Alice Gesteiro, como secretários da mesa – saísse vencedora na votação. Obteve 16 votos favoráveis, contra 14 na lista que juntava elementos do VM e PS, a que se somou um voto em branco. Para estas contas também foram determinantes a ausência de dois elementos do VM, que não ainda não tomaram posse. Um dado curioso, é que mesmo assim, um deputado eleito pelas listas do PSD terá votado em branco ou na lista concorrente.
Na sua intervenção aquando da tomada de posse dos novos órgãos autárquicos, António Curado, que encabeçou a lista do VM à Assembleia Municipal, manifestou o desejo de assumir a presidência deste órgão, dando voz aos eleitores e concretizando o “programa pelo qual lutámos”.
Na cerimónia, o também médico falou sobre o tema da saúde, para voltar a defender um novo hospital nas Caldas, para toda a região, assim como a modernização da linha ferroviária do Oeste e o relançamento do Termalismo. “Queremos pôr fim ao silêncio e à dormência que, nos últimos anos, atrofiaram e comprometeram o crescimento e o desenvolvimento do concelho de Caldas da Rainha e desta região”, disse, comprometendo-se a prestar contas do trabalho feito dentro de quatro anos.■