
“A Gazeta das Caldas foi o primeiro jornal que vi na bancada do Pão de Ló de Alfeizerão, quando cheguei, em 1949”, lembra Maria Ema Vieira Monteiro, actualmente com 84 anos. Tinha então 23 anos e chegava de Comenda, distrito de Portalegre, para ajudar os primos, Adília e o irmão, o padre João de Matos Vieira, no estabelecimento comercial.
A adaptação à terra e suas gentes foi fácil e, pouco tempo depois da sua chegada e fruto da doença da prima, Maria Ema foi convidada a tomar conta do Pão de Ló, casa que viria a ampliar e a consolidar como referência de casa de chá e na doçaria da região.
O primo era assinante da Gazeta das Caldas e Maria Ema ficou com a assinatura depois do seu falecimento. “Sempre tive o jornal em casa”, recorda, acrescentando que esta era (e continua a ser) a sua leitura semanal. No entanto, mais tarde viria a cancelar a sua assinatura devido aos atrasos na entrega, que originavam a que apenas lesse as notícias da região à segunda ou terça-feira.
“Mas continuei sempre a comprar”, assegura a octagenária, que durante muitos anos adquiriu o semanário à sexta-feira no quiosque que havia na Rua das Montras e, no dia seguinte, já o tinha à disposição dos clientes do estabelecimento comercial. Recentemente, passou a comprar em Alfeizerão, num dos locais onde actualmente é distribuído.
“A Gazeta faz parte da minha vida, tal qual como o pão de ló, pois é o único jornal que leio semanalmente”, diz, acrescentando que, por uma questão de proximidade, também é assinante do Alcoa, um quinzenário de Alcobaça. Maria Ema diz que todo o jornal “tem muito interesse”, e confessa que apenas não lê a Gazeta Desportiva.
Dá uma atenção especial aos trabalhos jornalísticos que tratam da temática da saúde e às entrevistas com médicos da região. Tem inclusive bastantes artigos arquivados relacionados com os médicos Rosado Lourenço, Sousa Machado, Vieira Pereira e Fernando Ferreira, de quem é amiga.
Apartidária, Maria Ema conta que a politica é uma das áreas que menos a atrai, mas garante que também lê esta secção. O facto de falar sobre Óbidos, Peniche e Alcobaça também lhe agrada porque os temas abordados “têm sempre muito interesse”, a par dos do colaborador Teófilo Antunes que escreve regularmente sobre Alfeizerão. “Há sempre o relacionamento das pessoas que conheço e que aparecem no jornal e também porque sempre simpatizei com o seu director, o Dr. José Luiz”, salientou.
“A Gazeta é como se fosse uma pessoa de família que aparece em casa”, sintetizou a octagenária, que passou a grande parte da sua vida em Alfeizerão e sente as Caldas como a sua terra.