Joana Domingos trabalha numa oficina de reparação automóvel com o marido, no Imaginário. Também faz o trabalho administrativo da empresa, mas o que mais gosta é de estar entre macacos, pneus, parafusos, tintas e pára-choques. Tem a seu cargo tarefas relacionadas com a desmontagem dos carros e é perita nos retoques finais antes da entrega dos veículos aos clientes.
Joana Domingos tem 33 anos e é de Turquel (Alcobaça). Chega por volta das 9h30 à oficina, que é sua e do seu marido, e verifica se há algum carro para desmontar. Se for o caso, passa à acção: desmonta as peças que é preciso reparar, vai à cidade buscar outras aos fornecedores e faz o trabalho administrativo. Ao longo do dia vai levar os carros aos clientes, permitindo assim que o seu marido se concentre nos trabalhos de mecânica, aliviando-o das tarefas anexas.
Até ao 12º ano Joana Domingos estudou no Externato da Benedita. Desde os 15 anos que trabalha, primeiro num supermercado, depois numa fábrica de calçado. O estágio, após o ensino secundário, foi feito numa escola de condução. Mas ainda não foi nesta altura que descobriu o gosto pelos automóveis. Este surgiu quando começou a namorar Rodrigo Querido, 32 anos, agora seu marido, que é mecânico há 16 anos. Percebeu que tinha gosto em montar e desmontar carros sobretudo depois terem desmontando e montado um Peugeot vermelho 106 Xsi que foi para pintar. Também passou a acompanhá-lo nos campeonatos de arranques, algo que ainda hoje fazem com gosto.
Quando Rodrigo Querido, abriu o seu negócio de reparação automóvel em nome próprio em 2016, no Imaginário, próximo da Adega do Albertino, Joana Domingos não teve dúvidas: queria ir trabalhar na oficina.
Faz também o necessário trabalho administrativo mas o que mais gosta é de arregaçar as mangas e trabalhar nos automóveis. Tem sempre a cargo os retoques finais dos veículos antes destes serem entregues aos clientes. Diz mesmo que prefere “mil vezes” estar no trabalho da oficina, entre as ferramentas e os pneus, do que sozinha em frente ao computador a tratar da papelada.
Quando chega um carro é preciso ver a folha de obra “para ver o que o carro precisa e o que o cliente quer”, explica Joana Domingos que em seguida se ocupa das peças partidas e vê se conseguem ser reparadas, se precisam de substituição e se têm que ser encomendadas aos fornecedores. Montagem, desmontagem e acabamento são as principais áreas que domina. “E domina muito bem!”. Quem o diz é o marido, Rodrigo Querido que aprecia a dedicação. “Ela tem gosto no trabalho que faz e não tem os vícios de quem trabalha nesta área há muito tempo”, disse o mecânico. E, ao contrário da maioria dos homens, “consegue levar o seu trabalho a eito”. Quando não sabe o que fazer, pergunta. “Vê-se que gosta do que faz e que luta pela empresa que é da família”, diz.
Joana Domingos tem uma carrinha BMW e é das marcas que mais aprecia. O seu marido prefere Volvo. Ela não liga às motos, mas ele sim. E ambos fazem vários trabalhos de restauro. Agora, por exemplo, renovaram uma motorizada de três rodas, tendo feito um trabalho de renovação total, incluindo a estética.
Uma grande ajuda
“Ela dá-me uma grande ajuda!”, disse o mecânico, explicando que ainda no dia anterior desmontaram e pintaram uma carrinha, tendo-a depois montado num serão entre as 21h00 e as 23h30.
Joana Domingos não se importa de sujar as mãos e vai continuar a auxiliar o seu marido. “Estamos sempre a aprender coisas novas pois há novos carros, peças e parafusos que é preciso aprender a desmontar”, referiu a mecânica que diz que o seu sonho era “desmontar um Ferrari!”.
Joana e Rodrigo são pais do Martim e da Lara que têm sete e dois anos, respectivamente. A mais nova quer vir à oficina dos pais e “mexer em todo o lado!”. O filho, de sete anos, prefere jogar à bola, mas demonstra interesse pela área e acompanha a mãe quando esta vai buscar as peças. Na oficina do casal trabalha mais um funcionário, o que permite a Joana ir pôr e buscar os seus filhos, “algo que era impossível quando trabalhava na Benedita”.
Por isso, com o seu negócio próprio, há mais qualidade de vida. “Temos que nos esforçar mais, mas eu não me importo. Vale a pena!”, rematou Joana Domingos que, acompanhada pelo seu marido, foi ver a Rampa da Foz, no passado domingo.