Agrupamentos de Centros de Saúde unem esforços e tentam responder às novas doenças da crise

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Três anos depois de começarem a desenvolver projectos em comum, sobretudo nas áreas da educação sexual em meio escolar, saúde mental e Sida, os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte e Arco Ribeirinho, promoveram o seu primeiro encontro, nas Caldas da Rainha. “Mais do que nunca é necessária a união de esforços”, disse Jorge Nunes, do ACES Oeste Norte, apelando também à ajuda da tutela para o desenvolvimento das suas actividades.
A iniciativa, que decorreu no auditório da biblioteca das Caldas, a 16 de Novembro, contou com a presença de uma centena de participantes.

O consumo de produtos alimentares mediterrânicos, como a carne de porco e o vinho não são prejudiciais à saúde, desde que sejam consumidos com moderação. Esta foi uma das conclusões do primeiro encontro conjunto dos ACES Oeste Norte e Arco Ribeirinho, que decorreu nas Caldas da Rainha.
Mário Durval, coordenador de Saúde Pública do Centro de Saúde Arnaldo Sampaio, que integra o ACES do Arco Ribeirinho, lembrou que estamos numa região mediterrânica que tem na base da sua alimentação o vinho, azeite e pão. “Há aqui uma ligação cultural muito forte e as pessoas já perceberam que é muito importante para a saúde”, disse, referindo-se o trabalho que estão a desenvolver de ligação da saúde pública às raízes do povo. Mário Durval destacou que o consumo destes produtos, de forma moderada, é benéfico para a saúde e destacou que, por exemplo, a introdução das gorduras industriais na alimentação aumentou a mortalidade por doenças cardio-vasculares.
“Existem novas maneiras de educar as pessoas”, disse o médico, defendendo que é necessário que repensar a educação e encontrar um meio-termo, ouvindo os especialistas da área da alimentação, que “tão responsáveis como nós”.
A crise e a saúde foi outro dos temas abordados, com os médicos a alertar para o facto destes tempos difíceis potenciarem o stress e a pressão sobre as pessoas, dando assim origem a mais problemas mentais. Por outro lado, os hospitais estão preparados para receber doentes agudos e não este tipo de doenças, pelo que é necessário optar por outro tipo de terapêuticas.
António Tavares, da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), lembrou que crise sempre houve, mas as respostas sociais e os modelos de intervenção é que foram evoluindo. De acordo com o responsável, actualmente vive-se numa situação de “sócio-sídio”, em que os profissionais de saúde muitas vezes são confrontados com problemas que não são da sua área, mas de índole social.
Referindo-se à área de abrangência da ARSLVT, uma das maiores do país, o responsável explicou que é sobretudo na região periférica de Lisboa que os efeitos da crise são mais sentidos. “Temos uma população migrante muito grande e é possível ver o aumento da toxicodependência, assim como a diminuição da protecção de alguns grupos que são portadores de doenças como a tuberculose”, disse, defendendo que é preciso uma maior equidade para todos.
Presente no encontro, o vice-presidente da ARSLVT, Luís Pisco, manifestou o apoio a esta parceria entre os ACES e destacou que estes encontros são formas de promover a saúde mental dos profissionais, que estão sujeitos a um grande stress.
Projecto de bi-learning para professores
A geminação entre estes dois agrupamentos de saúde começou há cerca de três anos, na sequência de actividades que realizaram em conjunto. Esta parceria pretende também motivar outras unidades para a concretização de novas experiências de trabalho e criação de sinergias.
Durante este período foi feito um seminário em liderança para as Unidades de Saúde Publica, encontros e as jornadas nas Caldas. Os dois agrupamentos de centros de saúde estão a trabalhar sobretudo nas áreas da educação sexual em meio escolar, da saúde mental, do HIV Sida, entre outros.
O ACES Oeste Norte tem também previsto um projecto na área do acompanhamento do HIV sida, que aguarda a autorização da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, pois têm que estar salvaguardadas questões jurídicas, éticas e de anonimato. “É um problema muito grave em termos de saúde pública e entendemos que cada vez será pior, nomeadamente tendo em conta o actual contexto económico e social”, explicou Jorge Nunes, do ACES Oeste Norte.
Em carteira está um projecto de bi-learning para professores na área da Educação Sexual, que será uma realização conjunta em termos das duas unidades de saúde pública. “Isto é um percurso, passa pelo nosso conhecimento, pela partilha de experiências e criação de projectos em conjunto”, disse Mário Durval, que acredita que a saúde só é possível com a participação de todos os parceiros e da comunidade.

Fátima Ferreira

fferreira@gazetadascaldas.pt

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