Elementos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) estiveram na Escola Rafael Bordalo Pinheiro pela segunda vez em dez dias, desta vez para falar sobre a violência no namoro a alunos do 8º ano.
Curiosamente, nesse dia não houve aulas porque os funcionários não docentes estavam em greve. Por isso, apenas 50 alunos vindos de Santa Catarina (em transporte oferecido pela Câmara Municipal) participaram nesta sessão.
A palestra suscitou muitas questões aos alunos, que nela participaram activamente. Os mais novos mostraram-se consciencializados e preocupados com esta temática.
O orador, Gustavo Duarte, da APAV, explicou as diferenças entre relações saudáveis e não saudáveis e os sentimentos e emoções que as caracterizam.
A forma como lidamos com as situações pode ser um dos factores que levam a que uma relação se torne não saudável. “A conversa, a resolução de conflitos são muito importantes, mas sempre com uma atitude assertiva porque a agressividade e a passividade são falsas soluções”, explicou.
A violência pode assumir diferentes formas (verbal, física, psicológica, relacional, ou sexual), mas “de nenhuma forma a agressão é justificada”.
“Quantos de vocês têm o número da esquadra da GNR ou da PSP guardado no vosso telemóvel?” –perguntou Gustavo Duarte. Apenas dois alunos tinham. O 112 é importante, sem dúvida, mas por vezes, pela proximidade, pode ser útil ter o das forças policiais locais, explicou.
Para além disso, a violência no namoro é um crime público (tal como a violência doméstica), ou seja, qualquer pessoa que tenha conhecimento de um caso pode denunciá-lo (à PSP, GNR, Ministério Público, ou APAV). Independentemente da vontade da própria vítima.
Contas feitas, é bom lembrar que sozinhos ou com outra pessoa, não deixamos de ser humanos nem devemos condicionar-nos (de forma nenhuma) por uma relação.
Na opinião de Gustavo Duarte, esta palestra assume uma importância fundamental porque “a prevenção é a melhor forma de evitar este tipo de violência”.
Depois desta sessão, Maria Luís, aluna da escola de Santa Catarina, referiu que havia ficado esclarecida e que este tipo de iniciativas “é importante pois se algum dia passarmos por isso, ou tivermos conhecimento de uma situação destas, é bom para identificar e saber como agir”.
Sílvia Sousa da equipa do Projecto de Educação para a Saúde do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro, salientou a importância de abordar estas temáticas com os mais jovens. “Tem-se registado um aumento no número de casos de violência nas escolas e é nestas idades que as experiências dos namoros começam”, referiu.
Já na passada quarta-feira, dia 11 de Fevereiro, a APAV (através de Gustavo Duarte) havia estado nesta escola, na altura com alunos do 10º ano. “Encheu o auditório nas duas sessões, foram cerca de 300 alunos na semana passada” contou Sílvia Sousa.