Os alunos do Agrupamento de Escolas Raul Proença tiveram por estes dias ao seu dispor cerca de meia centena de actividades nas mais diversas áreas do conhecimento. A Semana Raul Proença termina hoje, 9 de Fevereiro, e durante o dia os jovens terão oportunidade de participar em jogos, workshops, avaliar o índice de massa corporal, ou conversar com estudantes universitários.
A Semana Raul Proença realiza-se há mais de duas décadas e em cada edição continua a mobilizar os alunos. Um exemplo disso mesmo foi a palestra “Fogueiras, poluição do ar e saúde pública”, que se realizou na segunda-feira de manhã e lotou por completo o auditório da Expoeste.
Célia Alves, professora da Universidade de Aveiro, alertou os jovens para os perigos das lareiras abertas ao nível da poluição. A investigadora aconselhou a substituição das lareiras abertas por equipamentos certificados e deixou outros conselhos úteis: evitar a queima de espécies resinosas (como o pinheiro) e optar pelo eucalipto ou a oliveira, que libertam menos partículas nocivas para a atmosfera. Para além disso, a lenha deve estar seca e rachada, devendo a fogueira ser incendiada pelo topo.
Os números negros da poluição atmosférica foram apresentados por Paulo Carmo, da Quercus. De acordo com o responsável, em em 2015 terão morrido prematuramente em Portugal 6630 pessoas devido à má qualidade do ar. E não se pense que são os transportes o agente mais nocivo pois, de acordo com o ambientalista, é a agricultura quem tem mais peso nesta questão ambiental. Defende, por isso, que é importante mudar de hábitos e de estratégia, devendo estes passar pela redução das deslocações em automóvel e aposta na mobilidade sustentável, e aquisição de hábitos de eficiência energética.
Paulo Carmo chamou também a atenção para a necessidade de fomentar a diversificação das energias renováveis, de se fazer uma verdadeira política de reorganização da floresta nacional e do encerramento das centrais termoeléctricas.
O dirigente da Quercus informou os alunos que poderão saber qual a qualidade do ar que respiram, pois a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) faz essa monitorização. A estação mais próxima das Caldas da Rainha está localizada na Lourinhã e, de acordo com o responsável, os bons resultados obtidos mostram que “é bom viver nesta região”.
Também presente na palestra, o médico pneumologista do CHO, Daniel Duarte, falou sobre os danos que a poluição atmosférica provoca na saúde. A título de exemplo, referiu que no ataque às torres gémeas, em 2001, houve três vezes mais mortes pela libertação de poluentes no ar do que pelo desmoronamento dos edifícios.
A Escola Raul Proença tem também voz activa no estudo da qualidade do ar. A professora Mercês Silva e Sousa coordenou o projecto que fez a biomonitorização da qualidade do ar recorrendo a musgos e líquenes e que foi premiado a nível internacional. Foram feitas recolhas na região e depois de analisadas as amostras, os alunos fizeram um mapeamento da pureza atmosférica. E, espante-se ou não, o Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal, foi o local que apresentou maior pureza atmosférica.
Já a Câmara das Caldas estimula as boas práticas ambientais dando um incentivo maior às instituições que adquirem veículos amigos do ambiente, replantação de árvores e tendo a monitorização do ar como um dos critérios no âmbito do projecto das Cidades Inteligentes.