As zonas ambientalmente protegidas do Oeste

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Há, na região Oeste, várias zonas ambientalmente protegidas, com diferentes níveis de classificação. Numa edição especial dedicada ao Ambiente, convidamo-lo a vir connosco numa viagem à descoberta destes locais. Berlengas, Montejunto, a Lagoa de Óbidos e o Paul de Tornada entram no roteiro

A zona Oeste é rica em termos ambientais. É inegável que, para os amantes da natureza, este território tem recantos de paraíso, locais ainda pouco explorados pelo Homem e outros que permitem usufruir da paz que a ausência de massas populacionais consegue transmitir.
Assim, numa edição dedicada ao tema do Ambiente, decidimos partir à descoberta das zonas protegidas que existem na região e dá-las a conhecer aos nossos leitores, num roteiro muito especial e exclusivo. Não são propriamente grandes segredos, é verdade. Com a maior parte destes locais (senão todos) já o leitor estará, certamente, familiarizado. O exercício aqui passará também por perceber a riqueza e a diversidade deste território.
Para começarmos é importante explicar que existem diferentes tipos de classificação de áreas protegidas e também diferentes âmbitos das mesmas. Se ao nível das classificações, temos os Parque Nacionais, as Reservas Naturais, os Parques Naturais, as Paisagem Protegidas e os Monumentos Naturais, ao nível do âmbito esse pode variar entre o âmbito nacional, o regional ou o local e que até podem existir áreas protegidas de âmbito privado.
Depois importa esclarecer o que são as áreas protegidas e porque é que estas localizações obtém proteção. E, aí, o próprio Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) explica que são “áreas terrestres e aquáticas interiores e as áreas marinhas em que a biodiversidade ou outras ocorrências naturais apresentem, pela sua raridade, valor científico, ecológico, social ou cénico, uma relevância especial que exija medidas específicas de conservação e gestão, em ordem a promover a gestão racional dos recursos naturais e a valorização do património natural e cultural, regulamentando as intervenções artificiais susceptíveis de as degradar”.
Portanto, a classificação “visa conceder-lhe um estatuto legal de proteção adequado à manutenção da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas e do património geológico, bem como à valorização da paisagem”.
Acrescente-se que as classificações podem ser propostas por entidades públicas ou privadas, sendo que a nível nacional a apreciação técnica cabe ao ICNF, enquanto que a nível local a classifcação pode ser feita pelos municípios ou pelas associações de municípios.

Sete áreas para conhecer
Socorremo-nos do Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC), que foi criado, por decreto-lei, em 2008, e que integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas (constituída em 1993) e as áreas classificadas que integram a Rede Natura 2000, as da Biosfera da Unesco, os sítios RAMSAR e os Geoparques.
Pois fique sabendo o nosso leitor que no Oeste existem, no total, 12 áreas inscritas neste sistema. Aliás, sendo mais preciso, existem no Oeste sete áreas protegidas no sistema, com um total de 12 classificações, uma vez que algumas destas áreas conjugam mais do que uma classificação.
Por exemplo, a Reserva da Biosfera da Unesco das Berlengas, que é a única área ambientalmente protegida com este nível de proteção no Oeste (só existem seis em todo o país), tem também a proteção de ser uma Reserva Natural e ainda a Zona Especial de Conservação (ZEC) que integra a Rede Natura 2000, ambas de nível nacional.
Depois, a Paisagem Protegida Regional da Serra de Montejunto também tem a sua Zona Especial de Conservação na Rede Natura 2000, enquanto que o Paul de Tornada, no concelho das Caldas, além de ser uma Reserva Natural Local, é também o único da região integrado na rede de sítios RAMSAR (que contempla 18 localizações a nível nacional).
O Parque Natural das Serras de Aire Candeeiros é outro caso com mais do que uma classificação, tendo também a sua Zona Especial de Conservação na Rede Natura 2000. No Oeste existem quatro inscritas na Rede Natura 2000, ficando a lista completa com a Zona Especial de Conservação de Peniche e Santa Cruz.
Ao nível das áreas protegidas, há ainda a registar a Paisagem ProtegidaLocal das Serras do Socorro e Archeira e o Monumento Natural Local do Canhão Cársico da Ota, no concelho de Alenquer..

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A História do ambiente
A mais antiga área protegida do país é o Parque Nacional da Peneda Gerês, que foi criado ainda no ano de 1971.
No Oeste a mais antiga área ambientalmente classificada é mesmo a do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, que foi constituído no final da década de 70 do século passado, ainda em 1979, abrangendo grande parte do Maciço Calcário Estremenho (incluindo uma zona do concelho de Alcobaça).
Apenas dois anos mais tarde viria a ser decretada a Reserva Natural das Berlengas, que atingiria a classificação como Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO já em 2011.
A paisagem protegida da Serra de Montejunto surgiu no final do anterior milénio, em 1999 e, dois anos mais tarde, em 2001, o Paul de Tornada passava a ser um Sítio RAMSAR, tendo a Reserva Natural Local sido decretada já no ano de 2009.
A mais recente classificação nesta região foi o Monumento Natural local do Canhão Cársico da Ota, há cerca de quatro anos, no ano de 2019.

Três novas candidaturas
Atualmente há três candidaturas de locais a classificações ambientais ainda a decorrer na região Oeste.
Uma delas é a do aspiring Geoparque do Oeste, promovida pela AGEO (Associação Geoparque do Oeste) e que engloba um território vasto, que inclui vários municípios oestinos.
Outra candidatura é da Lagoa de Óbidos à rede dos Sítios RAMSAR. Em novembro de 2022, os municípios das Caldas da Rainha e de Óbidos e a associação PATO assinaram o protocolo de colaboração com o intuito de elaborar a candidatura para realizar “um trabalho conjunto para a dinamização de ações de educação e sensibilização ambiental”.
Depois há ainda a baía de São Martinho do Porto, a famosa baía em forma de concha azul, que quer ser Património Natural e Mundial da Humanidade da UNESCO.
A proposta, que partiu de um deputado do PS de Alcobaça, foi aprovada por unanimidade na autarquia.
Ou seja, brevemente, o Oeste poderá contar com mais três territórios classificados, incluindo um Geoparque (existem atualmente cinco em Portugal: Naturtejo, Arouca, Açores, Terras de Cavaleiros e Estrela).

Diversidade é a palavra
Numa sugestão de um possível roteiro pelas áreas protegidas encontramos pegadas de dinossauros e grutas calcárias, mas também a nossa costa, virada ao Oceano Atlântico e ainda um conjunto de ilhas onde a natureza dita as leis. Temos no Oeste as serras (e até uma fábrica de gelo), temos um paul com observatório de aves, entre outros. Ou seja, tudo bons motivos para partir à descoberta destes pequenos paraísos da região! ▪

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