Autarcas preocupados com assoreamento na Lagoa de Óbidos

0
1132
A autarquia está a projetar a construção de perto de 20 novas cabanas dos pescadores
- publicidade -

Normativos da União Europeia impedem financiamentos comunitários para novas dragagens num período inferior a 10 anos

Os problemas de assoreamento da Lagoa preocupam os autarcas das Caldas e de Óbidos. O presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel, reuniu com o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, a 22 de janeiro e, entre as questões em cima da mesa, esteve a necessidade dragagens para retirar sedimentos do interior da lagoa, tanto na zona superior como perto da Poça da Ferraria e do Arinho. Mas as notícias não foram animadoras. De acordo com a APA, normativos da União Europeia impedem financiamentos comunitários para novas dragagens ou remoção de sedimentos (em intervenções de grande dimensão) num período inferior a 10 anos. Ou seja, tendo em conta que as últimas dragagens tiveram lugar em 2022, apenas haverá financiamento para uma intervenção em 2032. “Não vamos esperar esse tempo”, disse Filipe Daniel, que vai reunir com o presidente da Câmara das Caldas a 6 de fevereiro para, além de lhe passar essa informação, reiterar “o nosso envolvimento numa tentativa de solução”.
Também Vítor Marques reconhece que o assoreamento é uma “preocupação grande, pois tem tendência a agudizar”, sobretudo na zona de ligação da Lagoa ao mar e também na do antigo cais. Por outro lado, considera que a crescente diminuição de água doce que chega à lagoa também é prejudicial, pois vem alterando as suas características. O autarca caldense diz que é urgente a reunião da comissão de acompanhamento e que já foram feitos contactos com o ministério do Ambiente e a APA a solicitar reuniões, pelas quais continuam a aguardar.

Novas cabanas para os pescadores
A Câmara de Óbidos tem um projeto para a construção de novas cabanas para pescadores e mariscadores, em conjunto com a Associação de Pescadores e Mariscadores da Lagoa de Óbidos (APMALO). Tratam-se de perto de 20 novas estruturas, construídas com materiais sustentáveis, na zona da Ponta Branca (Braço do Bom Sucesso), com o objetivo de dar melhores condições a estes profissionais, nomeadamente disponibilizando casas de banho e locais onde possam mudar a roupa e deixar os seus objetos.
O projeto está a ser trabalhado por um arquiteto e a própria associação e a autarquia vai agora tentar arranjar financiamento público para a sua concretização, mas Filipe Daniel garante que vão “fazer acontecer”.
Na reunião que teve com a APA, o autarca de Óbidos abordou ainda a questão das algas que existem no interior da Lagoa e que, em alguns casos, prejudicam o trabalho dos pescadores e mariscadores limitando a apanha dos bivalves. Solicitou que fosse aberta a zona próxima da Barrosa, “onde existe marisco de grande qualidade que está a deixar de ser apanhado e valorizado”. Os próprios pescadores e mariscadores já o tinham pedido, na reunião que tiveram com a APA na semana anterior, tendo este organismo ficado de avaliar o assunto.
O autarca solicitou ainda a instalação de casas de banho na Praia d’el Rey, a poderem funcionar já na próxima época balnear, bem como a autorização para melhorar as duas pontes que permitem a passagem entre concelhos, junto à Lagoa.
De acordo com Filipe Daniel, a autarquia está também disposta a receber, depois de requalificadas, as ecopistas situadas na freguesia do Vau e que estão sob tutela da APA. O autarca abordou ainda a possibilidade de apoio, no âmbito do Fundo Ambiental, para a concretização de medidas mitigadoras do avanço da erosão e da quebra das arribas. ■

- publicidade -