Este ano a data histórica foi assinalada com uma uma cerimónia evocativa junto ao monumento, em frente à ESE
A Câmara das Caldas está já a preparar as comemorações dos 50 anos do 16 de Março de 1974. “Queremos fazer uma coisa com outra dimensão e notoriedade pois trata-se de um ato nobre da nossa revolução e que marca a nossa democracia”, disse o presidente, Vítor Marques, à Gazeta das Caldas.
Este ano a data foi assinalada, como vem sendo hábito, com uma cerimónia evocativa junto ao monumento situado junto à Escola de Sargentos do Exército (ESE), de onde saiu a coluna de militares rumo a Lisboa, naquele que viria a ser conhecido como o Levantamento das Caldas ou a Intentona. A peça escultórica que ali está patente representa, de acordo com o seu autor, o artista plástico José Santa Bárbara, os 48 anos de ditadura fascista através da parte de betão, pesada e negra, encimada por um canhão de onde, ao invés de saírem balas, saem estrelas como se de um fogo de artifício se tratasse. “Esta era a representação que eu pretendia e que achava que o momento histórico merecia”, salientou o artista plástico, que reiterou ao atual executivo o pedido para que possa ser retirado o poste iluminação que se situa junto ao monumento, que possui iluminação própria. Também o segundo comandante da ESE, Helder Coelho, destacou a importância do 16 de março para o futuro do país e enalteceu os camaradas que saíram do então RI5 rumo a Lisboa, numa intentona que correu mal, mas que viria a dar início ao movimento que culminou no 25 de Abril de 1974.
Também o presidente da Câmara, Vítor Marques, considera que é importante celebrar a data, que é importante na democracia do país e lembrou os acontecimentos desse dia – um sábado – em que uma coluna do regimento nº 5 das Caldas da Rainha avançou para Lisboa numa ação de tentativa de derrube do Estado Novo. “O movimento que previa a integração de outras unidades militares acabou por ser realizado apenas pelo regimento nº 5 e não logrou os seus intentos, pelo que ao final da tarde o quartel das Caldas estaria tomado pelas forças do regime e os 200 homens que compunham a coluna militar, incluindo o comandante capitão Matos Ramos e 30 oficiais encontravam-se em prisão”, lembrou o autarca. Ainda que fracassado, o golpe das Caldas ficou conhecido como precursor da revolução, que 40 dias depois, a 25 de abril de 1974, havia de lançar as bases para um Portugal democrático, acrescentou o edil, que deixou uma homenagem aos militares que participaram nestas ações. Também presente na cerimónia, Carlos Garcia, que participou no movimento, contestou as palavras de Vítor Marques, defendendo que a coluna foi comandada pelo capitão Piedade Faria. “Essa uma mentira que vem sendo dita há 48 anos”, disse, referindo-se à alusão de que os militares das Caldas seguiram rumo a Lisboa comandados por Matos Ramos.
No mesmo dia, a autarquia ofereceu a todas as bibliotecas escolares do concelho, um exemplar da banda desenhada que conta a história do “Golpe das Caldas”, da autoria do mestre de BD José Ruy.