Cerca de 300 pessoas – que incluíam actuais e antigos alunos, funcionários e dirigentes – comemoraram os 40 anos da Casa do Povo de Óbidos, no passado dia 10 de Setembro.
A festa decorreu na Associação Recreativa e Cultural dos Amigos da Capeleira e Navalha e contou com a presença do secretário de Estado da Educação, João Costa.
Elsa Sousa, de A-da-Gorda, já não tem nenhum dos seus dois filhos na instituição, mas as boas recordações do tempo que lá passaram levaram-na a querer festejar o 40º aniversário da Casa do Povo. À Gazeta das Caldas, lembrou que colocou o filho na creche há cerca de 25 anos, quando ele tinha apenas seis meses, porque as outras mães diziam que se sentiam seguras por ali deixarem os petizes. Gostou tanto que, 15 anos depois, colocava na mesma instituição (mas agora nas novas instalações no Bairro dos Arcos) a filha, que também ali andaria até à escola primária.
“Nós, mães, sentimos uma segurança e confiança tão grande que estamos completamente tranquilas”, conta, acrescentando que as educadoras são “profissionais excelentes”. Elsa Sousa destaca a componente didáctica, mas também a união e cumplicidade que estas profissionais têm com os miúdos, que ali se sentem felizes. “Cheguei a ir buscar a minha filha e ela chorava que queria ficar”, recorda.
Rita Santos, de 19 anos, é uma das ex-alunas da Casa do Povo. Prestes a iniciar a licenciatura em História na Faculdade de Letras, em Lisboa, recorda que entrou na instituição com quatro meses e saiu para ir para a escola primária. “Gostava de lá andar e ainda mantenho amigos daquela altura”, diz.
Quem também está ligado à instituição, há cerca de 20 anos, é o seu tio, Bruno Santos, que diariamente conduz o autocarro que percorre os concelhos de Óbidos e Caldas a transportar as crianças. Um trabalho que lhe agrada porque “é diferente todos os dias”, diz, referindo-se à personalidade dos seus pequenos passageiros. “Aqui recebe-se muito mais do que o ordenado, recebe-se carinho das crianças e acho que é isso que me faz estar naquele trabalho há tantos anos”, remata.
Também presente na festa estava Céu Silva, educadora de infância que está a trabalhar na creche da Casa do Povo há 23 anos, inicialmente nas instalações dentro da vila de Óbidos e, desde há 15 anos, no novo edifício, no Bairro dos Arcos. “Somos como uma família”, resume a profissional que também teve os seus filhos nesta instituição.
Residências assistidas a médio prazo
A funcionar desde Setembro de 2002 nas actuais instalações, esta instituição começou o seu caminho em 1974, quando uma comissão resolveu abrir uma creche e jardim de infância num edifício abandonado junto ao castelo e onde antes tinha sido uma escola primária. A Casa do Povo do Concelho de Óbidos serviu de suporte jurídico para a concretização deste desiderato e, após as obras, abriu as suas portas em 1977.
Por motivos de agenda, o secretário de Estado da Educação, João Costa, só esteve no início da cerimónia (apesar da sua intervenção apenas estar prevista para o final da tarde). O presidente da Câmara, Humberto Marques, não participou no evento, tendo-se feito representar pelo vereador com o pelouro da Acção Social, José Pereira.
O secretário de Estado recordou como são importantes as educadoras no percurso futuro das crianças e informou que o governo está a investir no pré-escolar. “Contamos chegar ao fim da legislatura com vagas para todas as crianças a partir dos três anos”, disse, acrescentando que conta com uma rede solidária para atingir esse objectivo.
Há 15 anos à frente dos destinos da Casa do Povo de Óbidos, o também candidato pelo PS à Câmara, Vítor Rodrigues, destacou que a efeméride pretendeu assinalar uma data redonda, mas também uma forma de reencontrar ex-alunos e expor a história da instituição. No fundo, foram 40 anos de história condensados em quatro horas de convívio. Ao longo da tarde passaram pelo palco o Rancho Folclórico e Etnográfico da Capeleira, alunos da Academia de Música de Óbidos, os SeptEnsemble (União Filarmónica de A-da-Gorda) e o quarteto de saxofone da Sociedade Musical e Recreativa Obidense. E houve ainda um desfile de moda, bem como uma homenagem a diversas pessoas e entidades ligadas a esta casa.
A Casa do Povo possui as valências de creche, jardim de infância e Serviço de Apoio Domiciliário.
A médio prazo está prevista a criação de um conjunto de residências assistidas e clínica médica para a população idosa do concelho. Estão agora a iniciar o processo de licenciamento para o projecto e Vitor Rodrigues diz que “pretendem colmatar uma necessidade deste concelho, actualmente bastante envelhecido”.