Autarquia aposta na esterilização e numa parceria com os munícipes para o tratamento e cuidado dos animais. Projeto-piloto será replicado.
Há no concelho das Caldas três casas para colónias de gatos: uma na Foz do Arelho, uma no Chão da Parada e uma na cidade, na Rua 15 de Agosto. Tratam-se das primeiras três e foram um projeto-piloto que agora será replicado nas várias freguesias do concelho. O objetivo é ter, pelo menos, uma por freguesia.
Mas tudo começou com um problema evidente, conforme recorda a veterinária municipal, Daniela Calado. “Tínhamos largas dezenas de colónias e não conseguíamos recolher”, lembra, notando que era preciso estabilizar as colónias e garantir que as populações não aumentavam. É que o Centro de Recolha Oficial existente só tem canil, não tem gatil. E também só existe uma associação de proteção animal com gatil.
Inicialmente, em 2019, a autarquia não tinha capacidade para realizar os tratamentos, então arrancou com protocolos com clínicas. Aplicando o método CED, Capturavam, Esterilizavam e Devolviam, sendo que inicialmente o processo era a doação para adoção, mas rapidamente o único gatil ficou sobrelotado.
O processo demora uma manhã e começa com a captura, à mão ou com jaulas próprias por parte da equipa de três tratadores-apanhadores. No CRO são esterilizados, é-lhes colocado um micro-chip que os identifica (em nome do município), são desparasitados, vacinados e é-lhes feita uma marca com um pequeno corte na orelha esquerda.
No último ano foram esterilizados no concelho mais de 1100 animais, “um número que tem vindo a crescer”. Especialmente desde 2021, ano em que passaram a ter a possibilidade de realizar a cirurgia no CRO.
No ano passado, dado o facto de muitas pessoas deixarem comida para estes animais e começarem a atrair pragas de pombos e ratos, surgiu a ideia de aproveitar esse facto para as tornar parceiras numa solução, dando-lhes o título de Tratadores da Colónia e uniformizando os locais onde estas existem com pequenas casas, em contraplacado marítimo, colocadas em lajes de cimentos e que têm um comedouro e bebedouro próprios, que se abastecem por fora, mas ficam voltados para dentro. Há ainda um placard explicativo das regras de funcionamento, básicas (como não deixar restos de comida). No futuro pretendem criar uma espécie de telheiro em torno das casas.
Notando que “o ideal era não ter animais na rua”, Daniela Calado frisa que face às circunstâncias esta é uma solução interessante e realça a participação e envolvimento dos próprios munícipes. A veterinária municipal mostra-se ainda esperançada na obra do novo CRO, cujo primeiro concurso ficou deserto e que abriu recentemente novo procedimento. ■