Alargamento do Cemitério do Paúl, sem espaço para receber mais defuntos, está a causar celeuma
Se a vida nos une, é a morte que está a causar divisão entre os autarcas da Junta de Freguesia da Roliça, de maioria PSD, com o executivo socialista da Câmara do Bombarral. Em causa está um polémico alargamento do Cemitério do Paúl, sem espaço para receber mais defuntos.
No epicentro da polémica está o sucessivo adiamento do alargamento do cemitério, que atingiu o limite máximo da capacidade para receber defuntos. Há uma alta probabilidade de os habitantes desta povoação terem de vir a ser sepultados num cemitério de outra freguesia, com os problemas que esta situação poderá acarretar, sobretudo para as famílias enlutadas.
O problema já se arrasta há vários anos, mas foi agora que a discussão subiu de tom, começado com uma comunicação à população que o executivo da Junta da Roliça colocou na sua página do Facebook e que motivou, dias depois, uma inédita resposta da Câmara na mesma moeda.
Para o executivo da Junta, liderado pela social-democrata Joana Caetano, a recente alteração do Plano Diretor Municipal “não contemplou” o alargamento do dito cemitério, o que considera uma situação “inexplicável”. Foi, inclusive, apresentada uma reclamação para que o plano incluísse esta pretensão mas, até agora, não houve resposta do município, pelo que se “aguarda novos desenvolvimentos”. A preocupação é grande, porque sem covais livres no Cemitério do Paúl e com apenas sete covais livres no cemitério da sede da freguesia, a autarquia “depara-se com uma situação muito grave no que respeita à inumação de cadáveres”.
“A Junta da Roliça depara-se com um problema muito grave”
Joana Caetano
“Ampliar o
cemitério
é uma prioridade”Ricardo Fernandes
Mas a solução existe. Os terrenos foram adquiridos para permitir o alargamento do cemitério e o projeto foi adjudicado a uma empresa de arquitetura e entregue para aprovação pelos serviços camarários. Foram gastos cerca de 25 mil euros. Sublinha Joana Caetano que “a ajuda” camarária é imprescindível para a resolução burocrática e financeira desta situação”, até porque a Junta não tem dinheiro para “suportar uma obra desta envergadura”.
Câmara reage
Em reação, o executivo liderado pelo socialista Ricardo Fernandes veio a terreiro “repor a verdade dos factos”, num extenso comunicado de 13 pontos, no qual procura elencar a sua intervenção para a resolução deste processo inusitadamente intrincado.
Em suma, apesar da gestão do cemitério, for força da lei, pertencer à Junta, a Câmara afiança que a ampliação deste espaço foi sempre “uma prioridade” e que foi este executivo – que sucedeu ao PSD na presidência do município – que “conseguiu adquirir o terreno” e que, depois de limpo, foi doado à Junta da Roliça. Mais: transferiu no ano passado 20 mil euros para a compra de mais um terreno e para comparticipar as obras de ampliação do cemitério. Feitas as contas, apesar de o executivo camarário já ter gasto 30 mil euros, Ricardo Fernandes aponta a responsabilidade da indisponibilidade de covais à Junta da Roliça, tendo tudo feito “para garantir que esta situação não acontecesse”. E afiança que têm sido feitos “todos os esforços” junto das entidades oficiais para que o PDM possa permitir a utilização dos ditos terrenos na ampliação do cemitério, classificados como Reserva Ecológica Nacional, não necessitando estar previsto no processo de revisão do documento por ter “um enquadramento próprio”.
O socialista, “apesar de lamentar a postura assumida” pela Junta da Roliça, apela a que “se foque naquilo que é mais importante” e assegura que a autarquia “poderá continuar a contar com este este executivo municipal” para que se “ultrapasse rapidamente este momento difícil para toda a nossa comunidade”.