Centenas na inauguração dos Chafalos

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Iniciativa de comerciantes permite dinamizar aquela artéria e um símbolo da cidade

Foi num clima de grande festa que se inaugurou, no passado sábado, a intervenção de comerciantes na Rua da Liberdade, com a colocação de mais de 600 chapéus de chuva coloridos, com um tradicional falo caldense em cerâmica no cabo, onde se pega. Chamam-se Chafalos e são uma criação de Zélia Marques e do filho, Tomás, que idealizaram e registaram a marca. Depois, foi Helena Brito, que também é comerciante daquela rua, quem os produziu. O trio de mulheres responsável pela iniciativa completa-se com Rosário Delgado, da pastelaria Gato Preto, que foi responsável pela animação da rua, que neste dia recebeu também flores e bancos (recuperados com a oferta de madeira de Manuel Barreto).
Zélia Marques explicou que tudo começou como uma brincadeira à mesa de Natal, em família, quando o filho, Tomás, sugeriu fazer algo revolucionário relacionado com o falo. A empresária, que abriu o Camaroeiro Real, admite que inicialmente houve alguma resistência, mas que foi ultrapassada. “Temos tido uma procura de chapéus louca, nunca pensei que pudesse chegar aqui”, referiu, explicando que já têm também almofadas. “Já temos encomendas de chapéus para o Museu de Freud em Londres”, revelou a empresária, que investiu mais de 5000 euros nos chapéus e nas peças em cerâmica.
Apesar do apoio logístico da Câmara (com a colocação dos cabos e dos chafalos), criticou a falta de divulgação por parte da autarquia e da associação de comerciantes.

Relativamente ao prazo de seis meses, diz que “gostava muito que se mantivesse” e que no Natal aproveitassem para “criar aqui algo diferente”.
Admitindo que nem todos aderiram à ideia, Zélia Marques questiona o “porquê deste estigma todo nas Caldas” associado ao falo, quando é um símbolo da cidade. “Não é uma peça que choque ninguém”, afirmou, deixando o desafio para que comerciantes de outras ruas da cidade se inspirem para dinamizarem as respetivas artérias.
Os chafalos estarão à venda a partir da próxima semana numa nova loja em frente ao Camaroeiro.
A ceramista Helena Brito foi a responsável pela produção e não escondeu o orgulho de ver as pessoas na rua e também os sorrisos que proporciona a intervenção. “A cerâmica das Caldas não é só isto, mas este é um símbolo que tem sido menosprezado”, apontou.
Já Rosário Delgado salientou que se conjugou “uma série de vontades e de esforços”, realçando que “desde a instalação que tem vindo muita gente ver e fotografar esta rua”.
Tomás Vieira disse que o objetivo era precisamente dinamizar a rua e afirmou que “chapéus há muitos, mas como o nosso não há nenhum”.
Já o presidente da Câmara, Vítor Marques, realçou que a intervenção decorre na Rua da Liberdade. “A liberdade saiu à rua”, exclamou, defendendo que “não temos que ter vergonha, é um símbolo das Caldas”.
O autarca realçou esta iniciativa, que tal como a Ode à Primavera, parte da sociedade civil. “As autarquias só têm que acompanhar”, frisou. ■