Certificação de produtos é essencial para o futuro do artesanato

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Os convidados da AACR: Jorge Conceição, Celeste Afonso, Alexandre Correia, Isabel Bord’Água e Fernando Miguel
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Associação de Artesãos das Caldas promoveu debate sobre futuro do setor que necessita de maior valorização

A certificação de produtos artesanais é um passo importante que, depois, permite avançar novos degraus na proteção e valorização das peças. Esta é uma das conclusões da iniciativa da Associação de Artesãos das Caldas, que decorreu no passado sábado, dia 19 de março, Dia do Artesão, no CCC e que contou com a participação de Jorge da Conceição e Isabel Borda d’Água, ambos ligados aos bonecos de Estremoz, que retratam o quotidiano das gentes alentejanas.
“O artesanato continua a ser o parente pobre da arte”, lamentou Isabel Borda d’Água, referindo que este necessita de ser valorizado.
Jorge da Conceição é descendente de barristas estremocenses e há dez anos regressou à terra para se dedicar ao boneco de Estremoz. Foi inclusivamente formador de novos barristas e dos 17 formandos, oito estão a produzir e integrados no mercado de trabalho.
Os convidados de Estremoz deram a conhecer como foi feita a recuperação da sua tradição artesanal que “estava a morrer” e como foi reconhecida pela Unesco. Hoje, o boneco de Estremoz até já conta com um Centro Interpretativo.
No debate moderado pelo colecionador Alexandre Correia, participaram também Celeste Afonso (ex-vereadora da Cultura da Câmara de Óbidos e que esteve envolvida na Leiria Cidade Criativa da Música e na coordenação do Plano Estratégico Municipal de Cultura Vila Real 2030) e o ceramista caldense Fernando Miguel, que descende de uma família de várias gerações de autores ligados a esta arte.
Na sua opinião, o artesanato deve ser apoiado pelas entidades locais e deu o exemplo dos países nórdicos onde as oficinas de cerâmica “contam com subsídios das entidades dos seus países e tornam-se também em espaços de aprendizagem para os mais novos”.
Presente no evento, o presidente da Câmara, Vítor Marques referiu que há muito trabalho a fazer no que se refere à certificação dos produtos locais. “Há muitas pontas soltas que estamos a juntar para depois se apostar na certificação unindo também o trabalho que já foi feito sobre sermos Cidade Criativa da Unesco”, disse o edil caldense. O processo de certificação dos Bordados das Caldas já foi iniciado mas há outros produtos como a verguinha das Caldas que corre o risco de morrer. “Possivelmente poderemos estabelecer futuras parcerias com o Cencal”, disse Vítor Marques.
Os responsáveis da Associação de Artesãos relembraram ainda que estão em conversações com a autarquia para a transferência da sua sede para o telheiro do Parque D. Carlos I, onde pretendem, futuramente, ter espaço próprio, com oficina e loja.
Nesta iniciativa houve, também, uma referência de homenagem a Teresa Perdigão, antropóloga que vive nas Caldas e que investiga o artesanato de todo o país. A autora esteve presente neste evento, que teve apenas meia plateia.

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