Os profissionais de saúde que trabalham no CHO começaram a ser vacinados a 29 de dezembro. Entretanto já chegou uma nova remessa e estão previstas mais para as próximas semanas
Até à passada segunda-feira, 4 de janeiro, tinham sido vacinados contra a covid-19 cerca de 300 profissionais que estão diretamente envolvidos na prestação de cuidados aos doentes no Centro Hospitalar do Oeste (CHO). Também nesse dia foi rececionada mais uma remessa da vacina Comirnaty para dar continuidade à vacinação dos profissionais da instituição. O conselho de administração prevê ainda a remessa de novos lotes de vacinas nas próximas semanas, “mantendo-se o processo de vacinação, de acordo com o contexto de exercício de funções previamente definido”, explicou a presidente, Elsa Baião, à Gazeta das Caldas.
Ainda de acordo com esta responsável, a listagem de profissionais abrangidos por este primeiro lote integra médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica de serviços referenciados pela DGS. São priorizadas as áreas dedicadas a doentes respiratórios e serviços de internamento dedicados a doentes infetados, assim como as especialidades que estão diretamente relacionadas com os referidos doentes nos Serviços de Urgência. De entre os restantes serviços, foram selecionados os profissionais de acordo com a idade e, consequentemente, o nível de risco, acrescenta.
Elsa Baião garante que “todos os colaboradores do CHO que manifestem interesse na vacinação, terão acesso à mesma, num processo que se pretende contínuo e sequencial, em cumprimento das prioridades definidas pela DGS”.
O enfermeiro Francisco Neto foi um dos primeiros profissionais a receber a vacina contra a covid-19 no hospital caldense, na tarde de 29 de dezembro. Pouco passava das 16h30 quando foi vacinado e, sorridente, disse que “não doeu nada”. O enfermeiro no serviço de Urgência Pediátrica, que tem estado na linha da frente no combate à pandemia, conta que estava ansioso por esta resposta da ciência ao vírus e que acredita “plenamente na vacina”. Aguarda agora para ver se os resultados são os esperados.
“É uma esperança, não só para os profissionais de saúde, que estão na linha da frente e são os que estão mais ansiosos para que haja uma solução, mas para toda a gente”, disse o enfermeiro há 30 anos, que sempre fez Emergência e Urgência e que acredita “plenamente” na ciência e na vacina para ultrapassar a pandemia. Francisco Neto foi vacinado logo no primeiro dia, mas confessou não estar à espera de que as vacinas chegassem tão cedo ao CHO. “Nós somos da periferia e eu tenho essa perceção relativamente aos hospitais centrais e capitais de distrito, no entanto, também trabalhamos muito bem e temos dado provas e resultados condizentes com esta atitude que foi tomada”, disse, satisfeito por o “sistema estar a funcionar”.
Também Patrícia Raimundo, uma das enfermeiras de serviço a vacinar os profissionais de saúde, não escondeu a surpresa com a celeridade com que a vacina chegou a este centro hospitalar. “Estamos no bom caminho e todos ansiosos por este momento”, referiu. Habituada às vacinas, a enfermeira no serviço de Urgência considera que esta, contra a covid-19, não é diferente das outras, mas causa alguma ansiedade devido ao contributo que poderá dar na mitigação da pandemia.
Uns metros mais à frente, Paula Silva, enfermeira no internamento Covid, aguardava sentada no corredor, por possíveis sintomas pós vacina. Também ela foi das primeiras a ser vacinada e destaca a segurança que sente para continuar a lidar com pessoas que estejam infetadas. Para a profissional de saúde este poderá ser um ponto de viragem na resposta à pandemia.
No primeiro dia foram vacinados nas Caldas cerca de uma centena de profissionais de saúde desta unidade hospitalar e da de Peniche. Os profissionais de Torres Vedras estão a ser vacinados no polo de Torres Vedras. Para Filomena Rodrigues, diretora clínica do CHO, tratou-se de um “dia importante” para este centro hospitalar. “É uma esperança que tudo melhore, os profissionais de saúde estão a dar o exemplo, estão felizes em ser vacinados, não estão com receios”, referiu, acrescentando que é importante transmitir à população para não ter receios e que, “quanto mais pessoas forem vacinadas, mais depressa conseguiremos ultrapassar esta fase tão difícil que temos passado”.
De acordo com a diretora clínica começou por ser vacinado quem trabalha diretamente com os infetados e prosseguem por grau de risco. “É dada prioridade aos profissionais que estão na linha da frente, depois irei vacinar-me também”, referiu Filomena Rodrigues, acrescentando que há uma percentagem muito pequena de profissionais que não querem ser vacinados. “Mas também houve profissionais que ontem me disseram que não e hoje já vieram dizer que sim, ganharam confiança”, salientou.
No hospital caldense estão afetos à vacinação quatro gabinetes de consulta, mais um para a preparação da vacina, e outro de prevenção a alguma situação que possa ocorrer. Antes de serem vacinados os profissionais de saúde respondem a um inquérito elaborado pela DGS. ■