Os 50 novos médicos que vão iniciar o seu internato nos estabelecimentos de saúde do Oeste são mais do que os do ano passado, mas não irão suprir as necessidades da região.
No final da cerimónia de recepção aos novos médicos, que teve lugar a 24 de Abril na sede do Distrito Médico do Oeste (Caldas da Rainha), Pedro Coito, presidente deste órgão, salientou que, apesar de já terem terminado o curso, estes licenciados em Medicina ainda são jovens em formação.
“Este período vai é servir para que adquiram competências e capacidades para que, mais tarde, possam ajudar a suprir as dificuldades que há em arranjar médicos”, disse. Estes novos internos vão estar ao serviço dos centros de saúde da região e nos hospitais na área do Centro Hospitalar do Oeste.
Por outro lado, Pedro Coito também não percebe como é que tantos concursos públicos de admissão de médicos para unidades de saúde da região não tenham candidatos. “Um dos factores é a falta de atractividade da região, até porque há pessoas que parece que só gostam de estar nos grandes centros”, disse
Mas um dos principais problemas será mesmo a falta de atractividade do Serviço Nacional de Saúde. “Uns emigram e outros optam pela clínica privada porque as condições que o Estado oferece não são atractivas para ninguém”, afirmou. “Nós vemos médicos quase no topo de carreira a ganharem entre 1400 e 1600 euros por mês”, exemplificou.
A importância da Ordem dos Médicos
Nas boas vindas que deu aos internos, Pedro Coito salientou a importância da Ordem dos Médicos para esta profissão e para a própria Saúde em Portugal. “A Ordem dos Médicos tem de continuar a ser um guião, um elemento aglutinador e “controlador”, no bom sentido, do problema da ética médica e da formação médica, sem as quais seremos completamente esmagados pelo poder político”, afirmou.
Na cerimónia esteve também presente, como tem sido habitual, o Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que fez apenas uma curta intervenção para desejar um bom internato aos novos médicos e para demonstrar toda a disponibilidade para resolver questões que se possam levantar durante este período.
“Nós temos a consciência que, cada vez mais, as condições de aprendizagem são mais complicadas e temos de ser mais interventivos e exigentes”, disse. Na opinião do bastonário, existe um clima de receio entre alguns médicos “de serem cidadãos activos e exigentes, pugnando pelos seus direitos”.
José Manuel Silva deixou o desejo de que os médicos nunca deixem que nada se interponha “entre vós, o exercício de Medicina com qualidade e o respeito com os doentes”.
O evento contou ainda com uma alocução de João Patrício, médico e professor jubilado da Universidade de Coimbra, com o tema “Medicina de ontem. Ex-votos. Antropologia da doença”, no qual abordou a relação entre a crença, religião e a Medicina.
Foi ainda anunciado que o Distrito Médico do Oeste vai promover este ano um concurso de fotografia e um prémio para o melhor trabalho realizado por um interno.