CIVEC aposta nas rendas de bilros

0
828
Sónia Pinto, directora do CIVEC, e o vereador Jorge Amador

O Centro de Formação Profissional da Indústria de Vestuário e Confecção (CIVEC) DE Lisboa e a Câmara de Peniche assinaram um protocolo de colaboração que tem como objectivo a concretização de criações de moda com aplicação das rendas de bilros de Peniche, de modo a promover e divulgar a nível nacional este tipo de artesanato.
Segundo Sónia Pinto, directora do CIVEC, a partir desse protocolo esta tradição de Peniche tem vindo a ser integrada nos currículos dos cursos do sector naquele centro de formação. Em 2010 já apareceram cerca de 15 propostas de fatos produzidos por alunos naquele material.
“É importante para o nosso centro poder dinamizar estes pequenos nichos de mercado, a partir de uma técnica que é muito portuguesa e que deve ser apoiada”, comentou.
O aparecimento em Peniche das rendas de bilros remontam pelo menos ao século XVII, altura em que a pintora Josefa de Óbidos as inclui em vários dos seus quadros.
Em meados do século XIX existiam em Peniche quase mil rendilheiras e havia oito oficinas particulares onde crianças a partir dos quatro anos de idade se iniciavam nesta arte. Em 1887, com a fundação da escola de Desenho Industrial Rainha D. Maria Pia (mais tarde Escola Industrial de Rendeiras Josefa de Óbidos), sob a direcção de Maria Augusta Bordalo Pinheiro, a irmã mais velha de Bordalo Pinheiro, “as rendas de Peniche atingiriam um grau de perfeição e arte difíceis de igualar”, refere o sítio na Internet da autarquia.
Com a industrialização, as rendas de bilros de Peniche foram sofrendo uma regressão, que atingiu o seu ponto mais drástico com a extinção da disciplina facultativa da sua aprendizagem no ensino secundário.
O aparecimento dos Artesãos de Santa Maria (da responsabilidade da paróquia), da Escola de Rendas de Peniche (da Câmara Municipal) e da constituição da Peniche – Rendibilros (Associação para a defesa e promoção das rendas de bilros de Peniche), permitiu a esta arte conhecer a sua reabilitação, com mais de meio milhar pessoas que se dedicam à sua confecção.
Jorge Amador, vereador da Câmara de Peniche, explicou o objectivo de que sejam desenvolvidos novos produtos de design de vestuário e acessórios de moda com aplicação daquela técnica.
O CIVEC vai realizar em Peniche um curso de formação para a comunidade local, com a duração de dois anos, na área da confecção e costura e na sua aplicação com as rendas de bilros. No início deste ano está também prevista a realização de dois workshops sobre a renda de bilros, em Lisboa e na Covilhã, para os formandos do CIVEC. Os alunos do centro de formação vão também participar na realização de 10 fatos para a mostra internacional da renda de bilros, que terá lugar em Julho em Peniche.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt